21 de novembro de 2024 Doar
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Sacerdotes que trabalham nas favelas da Argentina: as mulheres pobres não querem o aborto

Padre Pepe Di Paola e Gladys, líder do movimento villero. Crédito: Asociación de Curas Villeros

A Associação Argentina dos chamados "Curas Villeros", que são os sacerdotes da Arquidiocese de Buenos Aires que vivem e trabalham nas favelas e comunidades pobres da capital argentina, desmentiu o argumento dos políticos argentinos que promovem o aborto, ao publicar na sua conta de twitter que as mulheres pobres rejeitam esta prática e acolhem a vida "do jeito que Deus a envia".

Durante a Eucaristia presidida pelo Pe. José María "Pepe" Di Paola, um dos coordenadores da Equipe dos Sacerdotes das Favelas e Bairros Populares da Capital e Grande Buenos Aires, assinalou que "nos reunimos para celebrar a vida e o nascimento de Jesus entre nós. Especialmente do cuidado com a vida exercido pelas mulheres de nossos bairros populares".

"Será que é necessário, em meio à pandemia, conversar, nem sequer é conversar, este debate de um pequeno grupo de deputados e senadores que decidem por todos os argentinos e argentinas? E é verdade que a maioria dos argentinos e das argentinas rejeitam o aborto. Com as pesquisas em mãos, que chegam até nós e não são divulgadas, sabemos que a maioria não concorda com o aborto", acrescentou Pe. Pepe.

Uma das lideranças populares dos bairros pobres, Johanna, destacou durante o encontro: "Eu sou a voz daquelas que se calam ou daquelas que são intimidadas por seus pares. Hoje venho perguntar: quem veio consultar conosco, as mulheres que moramos na favela, quais são as nossas prioridades? A mulher da favela em todos estes anos esteve ocupada, não discutindo em um Senado, esteve ocupada dando amor, abrigo, contenção e nestes últimos 9 meses dando alimentos a nossas crianças, aos vulneráveis, aos avós".

 

"Convido cada autoridade, político ou ativista a favor do aborto a que venham marcar uma consulta no posto de saúde do bairro. Que venham para fazer fila às 4h para que às 8h lhe digam que não há horário, que a ginecologista faltou ou que a pediatra está doente. A mulher da favela não quer abortar. Não gosta do aborto. Quer que deixem de nos usar para os seus interesses. Quero que saibam que a mulher da favela recebe a vida como vem".

Outra líder, Gladys, mãe e avó, destacou que: "Enquanto todos discutiam (a lei do aborto), aqui se abriam as portas e se cozinhava para mais de 3 mil pessoas diariamente. Feriados, chuva, calor, ainda estamos aqui. Também queria dizer que, enquanto continuavam discutindo, há dois anos foi fundada a Casa do Abraço Maternal. Recebemos as mulheres, as acompanhamos durante a gravidez, fazemos oficinas, ouvimos, vamos ao médico, geralmente são mulheres que estão sozinhas e não porque escolheram, mas porque aconteceu, mas mesmo assim não optam por abortar".

De acordo com Giacobbe & Asociados, que realizou a pesquisa mais importante e recente sobre o tema do aborto na Argentina, 60% dos entrevistados não aprovam a legalização do aborto contra 26,7% que o aprovam.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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