Roma, Jan 6, 2021 / 12:55 pm
O Servo de Deus Rosario Angelo Livatino, um juiz assassinado pela máfia enquanto trabalhava em um tribunal da Sicília (sul da Itália) e que recentemente foi reconhecido como mártir pelo Papa Francisco, amava os sacramentos da confissão e da comunhão, segundo relataram seus parentes.
Rosario Angelo Livatino nasceu em 3 de outubro de 1952 em Canicatti, na província italiana de Agrigento. Decidiu seguir a mesma carreira de seu pai e ingressou na Faculdade de Jurisprudência de Palermo. Terminou seus estudos de direito aos 22 anos com as melhores notas.
Em 21 de agosto de 1989, foi nomeado juiz da seção de prevenção do Tribunal de Agrigento. Nesse cargo, foi responsável por diversos processos contra membros da máfia condenados à prisão perpétua.
Em 21 de setembro de 1990, foi interceptado por quatro sujeitos enquanto dirigia seu carro. Em meio aos disparos, Livatino conseguiu sair do carro e tentou correr. Ferido, aproximou-se do acostamento e um dos assassinos se aproximou para acabar com ele. Quem finalmente matou o juiz foi Gaetano Puzzangaro, que deu um dos testemunhos para a causa de beatificação do magistrado.
Após a morte de Livatino, uma Bíblia cheia de anotações foi encontrada em sua mesa, onde ele sempre guardava um crucifixo.
Quando começou a trabalhar como juiz, escreveu em um diário: "Hoje fiz o juramento. A partir de hoje estou na magistratura. Que Deus esteja comigo e me ajude a respeitar o juramento e a me comportar da maneira exigida pela educação que meus pais deram".
Recordações de família
Nesse sentido, Enzo Gallo, primo em segundo grau de Rosario Livatino, destacou a ACI Stampa (agência em italiano do Grupo ACI) a importância dos sacramentos para o juiz mártir.
Muitas das notas revelam "a personalidade e religiosidade de Rosario Livatino... O que Rosario escreveu em privado não era para que outros lessem ou verificassem seu comportamento. Ele o fez neste caso porque reservava uma importância primordial ao sacramento da confissão e o da comunhão".
Além disso, Enzo Gallo assinalou que para ele, Rosario Livatino foi "um modelo ideal" ao descrever que, após sua morte, quis saber mais sobre sua vida para entender "os motivos de um assassinato que sempre é difícil de aceitar" e quando se levantou a hipótese de um processo de beatificação.
"Eu admirava Rosario por quem ele era na família. Não soube nada sobre sua trajetória profissional até o dia 21 de setembro, assim como de sua formação religiosa e um pouco mais sobre sua trajetória escolar. Para mim, já era um 'modelo ideal'. As investigações e julgamentos criminais, bem como o processo de beatificação confirmaram que eu não estava errado: Rosario foi, é e será o 'modelo ideal' de qualquer ângulo e aspecto que você olhar para ele", alertou.
Por fim, o primo em segundo grau de Livatino compartilhou que pediu a Rosario para ser sua testemunha no casamento, mas ele recusou porque "poderia estar de plantão e não queria decepcionar a mim ou a minha futura esposa".
Porém, após o assassinato em 21 de setembro de 1990, Gallo interpretou que Livatino "sabia que seu destino estava selado e não queria forjar um novo vínculo que não durasse muito" e acrescentou: "é uma das recordações mais presentes que me faz sentir ainda mais a falta física de Rosario".
Publicado originalmente em ACI Stampa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.
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