16 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos dos EUA a Biden: Vamos colaborar, mas sem renunciar a defender a vida e a família

Joe Biden. Crédito: European Parliament | Pietro Naj-Oleari (CC BY-NC-ND 2.0)

Em uma mensagem dirigida a Joe Biden, o segundo presidente "católico" dos Estados Unidos, os bispos afirmaram que estão dispostos a colaborar como fazem com todas as administrações, mas sem renunciar a defender os valores fundamentais como a vida e a família, levando em consideração a posição pró-aborto expressa pelo novo mandatário.

É o que afirma a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), em um comunicado por ocasião da posse de Joseph R. Biden como presidente dos Estados Unidos ao meio-dia (horário local) de hoje, 20 de janeiro.

Biden, que concorreu pelo Partido Democrata, tem como sua vice-presidente a abortista Kamala Harris. Além disso, nomeou Samantha Power, defensora do aborto e ex-embaixadora dos EUA na ONU, como administradora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

"Para os bispos da nação, a contínua injustiça do aborto continua sendo a 'prioridade preeminente'. Embora preeminente, não significa "única". Temos uma preocupação profunda com as muitas ameaças à vida e à dignidade humanas em nossa sociedade. Mas, como ensina o Papa Francisco, não podemos ficar calados quando quase um milhão de nascituros são aniquilados anualmente em nosso país com o aborto", assinala o comunicado assinado pelo presidente da USCCB, Dom José Gomez.

Por isso, escreveu, "em vez de impor novas expansões do aborto e da contracepção, como prometeu, tenho esperança de que o novo presidente e sua administração trabalharão com a Igreja e outras pessoas de boa vontade. Minha esperança é que possamos iniciar um diálogo para abordar os complicados fatores culturais e econômicos que motivam o aborto e desanimam as famílias".

Em seu comunicado, o presidente da USCCB disse que os bispos esperam poder "trabalhar com o presidente Biden, sua administração e com o novo Congresso". "Como acontece com todas as administrações, haverá áreas nas quais estaremos de acordo e nas quais trabalharemos juntos, mas também haverá áreas nas quais teremos desacordos de princípios e uma forte oposição", assinalou.

Dom Gomez recordou que Biden "será nosso primeiro presidente em 60 anos a professar a fé católica. Em uma época de secularismo crescente e agressivo na cultura norte-americana, quando os crentes religiosos enfrentam muitos desafios, será revigorante interagir com um presidente que evidentemente compreende, profunda e pessoalmente, a importância da fé e das instituições religiosas".

"Observo com muita esperança e motivação a experiência pessoal e piedade do Senhor Biden, seu comovente testemunho de como sua fé lhe trouxe consolo em tempos difíceis e trágicos e seu compromisso de muito tempo com a prioridade que o Evangelho estabelece para os pobres", escreveu.

No entanto, recordou que "o nosso novo presidente se comprometeu a seguir certas políticas que promoveriam males morais e ameaçariam a vida e a dignidade humanas, mais seriamente nas áreas de aborto, contracepção, casamento e gênero. A liberdade da Igreja e a liberdade dos fiéis de viverem de acordo com suas consciências é motivo de profunda preocupação".

Analistas consideram que entre as primeiras decisões de Biden, uma vez assumida a presidência, seriam a revogação da Protect Life Rule (Regra para a Proteção da Vida) e da ampliação da Política da Cidade do México.

A Protect Life Rule impede que organizações que realizam ou recomendam abortos recebam fundos do "Programa de Planejamento Familiar do Title X". Com efeito, isso fez com que a Planned Parenthood deixasse de receber aproximadamente 60 milhões de dólares anuais em verba federal.

A Política da Cidade do México proíbe o financiamento federal de organizações não governamentais internacionais que promovem o aborto como método de planejamento familiar.

Dom Gomez assinalou que "o aborto é um ataque direto à vida que também fere a mulher e enfraquece a família. Não é apenas um assunto privado, mas gera situações problemáticas em aspectos fundamentais como a fraternidade, a solidariedade e a inclusão na comunidade humana. Também é uma questão de justiça social".

"Não podemos ignorar a realidade de que as taxas de aborto são muito mais altas entre os pobres e as minorias e que o procedimento é usado regularmente para eliminar crianças que nasceriam com deficiência", expressou.

"Minha esperança é que igualmente trabalhemos juntos para finalmente colocar em prática uma política familiar coerente neste país que reconheça a importância crucial dos casamentos e da criação sólidos para o bem-estar das crianças e a estabilidade das comunidades. Se o presidente, com pleno respeito pela liberdade religiosa da Igreja, participasse nesta conversa, seria de grande ajuda para restaurar o equilíbrio civil e curar as necessidades do nosso país", afirmou.

O presidente da USCCB assinalou que os bispos católicos não são atores partidários ativos, mas pastores "responsáveis ​​pelas almas de milhões de norte-americanos e defensores das necessidades de todos os nossos próximos"; e quando falam sobre os problemas da vida pública norte-americana, tentam conscientizar e contribuir com princípios baseados no Evangelho e nos ensinamentos sociais da Igreja.

"Jesus Cristo revelou o plano de amor de Deus pela criação e a verdade sobre a pessoa humana, que foi criada à sua imagem e semelhança, dotada da dignidade, dos direitos e das responsabilidades dados por Deus e chamada a um destino transcendente", indicou. Essas realidades, acrescentou, "estão refletidas na Declaração da Independência e na Declaração dos Direitos".

"Trabalhamos com todos os presidentes e todos os congressos. Em alguns temas estamos mais do lado dos democratas, enquanto em outros estamos mais do lado dos republicanos. Nossas prioridades nunca são partidárias. Somos católicos em primeiro lugar, e buscamos apenas seguir fielmente a Jesus Cristo e promover sua visão de fraternidade e comunidade humanas", escreveu o presidente da USCCB.

Dom Gomez, que pediu a Deus que conceda a Biden "sabedoria e coragem" para liderar o país, disse que o chamado do novo presidente "para a reconciliação nacional e a unidade é bem-vindo em todos os níveis. É algo de que precisamos urgentemente diante do trauma em nosso país causado pela pandemia do coronavírus e pelo isolamento social, que só agravaram as longas e intensas divisões entre nossos concidadãos".

"Como fiéis, entendemos que a cura é um dom que só podemos receber da mão de Deus. Sabemos também que a reconciliação real requer uma escuta paciente daqueles que não estão de acordo conosco e a vontade para perdoar e superar os desejos de represálias. O amor cristão nos chama a amar nossos inimigos e a abençoar aqueles que se opõem a nós e a tratar os outros com a mesma compaixão que desejamos para nós", escreveu o Arcebispo de Los Angeles.

"Estamos todos sob o olhar atento de Deus, que é o único que pode julgar as intenções dos nossos corações. Rezo para que Deus conceda ao nosso novo presidente, e a todos nós, a graça de buscar o bem comum com toda sinceridade".

"Confio todas as nossas esperanças e ansiedades neste novo momento ao terno coração da Santíssima Virgem Maria, mãe de Cristo e padroeira desta nação excepcional. Que ela nos guie pelos caminhos da paz e nos ofereça a sabedoria e a graça do verdadeiro patriotismo e do amor à pátria", concluiu o presidente da USCCB.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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