22 de dezembro de 2024 Doar
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Frente ao fechamento de igrejas no Peru, bispo destaca que saúde espiritual também é relevante

Imagem referencial. Crédito: Unsplash.

O Arcebispo de Arequipa (Peru), Arcebispo Javier Del Río Alba, indicou que a medida do governo de fechar as igrejas devido à pandemia do coronavírus evidencia a visão limitada que o Estado tem sobre a "pessoa humana", e destacou que a saúde espiritual dos peruanos é tão relevante como a saúde física.

Em um comunicado, Dom Del Río Alba indicou que as novas medidas tomadas pelo governo peruano para frear o avanço da pandemia Covid-19 "mostram, mais uma vez, que nossos dirigentes não entendem a sociedade peruana nem aqueles que a integramos".

"Se aqueles que detêm os poderes do Estado têm uma visão limitada e incompleta da 'pessoa humana', não serão capazes de defendê-la nem de respeitar a sua dignidade. E se, além disso, essa visão for diferente à da maioria dos peruanos, estariam governando de costas para eles", indicou.

À raiz da segunda onda do coronavírus e do colapso do sistema de saúde em diferentes partes do país, o presidente Francisco Sagasti anunciou uma série de medidas, como a classificação das regiões em três níveis: alto, muito alto e extremo, de acordo com a gravidade da pandemia.

Para as regiões classificadas como extremas, como Áncash, Pasco, Huánuco, Junín, Huancavelica, Ica, Apurímac, Lima Região, Lima Metropolitana e Callao, foi estabelecida uma quarentena de 31 de janeiro a 14 de fevereiro, na qual se proibiu a abertura de igrejas, shopping centers, academias, restaurantes, entre outros.

Da mesma forma, nas regiões classificadas com o nível muito alto, as igrejas ainda estão fechadas; mas é permitido entrar em restaurantes, centros comerciais e lojas de departamento. No nível alto, os templos poderão receber pessoas com até 20% de sua capacidade, abaixo dos 30% de capacidade de cassinos, academias e cinemas.

Arequipa está classificada como nível muito alto, junto com Tumbes, Amazonas, Cajamarca, Ayacucho, Cusco, Puno, Moquegua e Tacna.

Em 30 de janeiro, os casos de coronavírus no Peru somavam mais de 1.138.000, com 2.974 nas últimas 24 horas. O número de mortos, segundo dados oficiais, é de mais de 41 mil pessoas.

Dom Del Río indicou que segundo o censo de 2017 "95% dos peruanos professam alguma religião segundo a qual a 'pessoa humana' não é apenas matéria, mas é um ser corporal e espiritual".

"Os cristãos, que constituem quase todo esse 95% dos peruanos, acreditam que a unidade da alma e do corpo é tão profunda que sua união constitui uma única natureza", frisou.

O Prelado lamentou que, diante desse panorama, os governantes acrescentem à "já criticada oposição entre saúde e economia" uma oposição sem fundamento "entre saúde física e saúde espiritual".

"Assim, ordenaram o fechamento total de templos e centros de culto em quase todo o Peru, enquanto nos mesmos locais é permitido o funcionamento de bancos, shopping centers e até restaurantes, com capacidade que pode chegar a 50%", destacou.

Além disso, ressaltou que a proibição de que os fiéis possam rezar individualmente nos templos "viola a dignidade dos peruanos e os desampara diante de suas necessidades espirituais".

"Ao contrário do individualismo materialista próprio da 'cultura do descarte', que inclui o aborto e a eutanásia promovidos pelo partido no poder, o incontável número de mártires nos vinte e um séculos de vida da Igreja é testemunho da importância que tem para os cristãos escutar juntos a Palavra de Deus, participar na celebração da Eucaristia e ir livremente ao templo", acrescentou.

O Prelado indicou que é preocupante que os governantes "não reconheçam esta necessidade vital da maioria dos peruanos e até deem menos importância a ela do que os encontros meramente recreativos".

Da mesma forma, destacou que a saúde integral dos peruanos não se reduz à saúde física "mas inclui a saúde espiritual" e solicitou que a abertura de "templos e celebrações culturais seja permitida em breve, com as devidas medidas de biossegurança que, além disso, temos cumprido há meses".

"Entretanto, teremos que voltar à transmissão da Missa através das redes sociais, embora os sacerdotes continuarão disponíveis aos fiéis nas secretariais paroquiais, seja para confissão ou direção espiritual, unção dos enfermos e tudo aquilo que esteja ao seu alcance", concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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