22 de dezembro de 2024 Doar
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Como as mulheres viviam na terra de Santa Maria Madalena?

Escavações em Magdala. Crédito: Projeto Magdala.

Após uma década liderando na Terra Santa o Projeto Arqueológico Magdala, da Universidad Anáhuac México, a arqueóloga mexicana Marcela Zapata-Meza tem muitos elementos para projetar como as mulheres viviam nas terras de Santa Maria Madalena, na Galileia.

Em diálogo com a ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Zapata-Meza destacou que as mulheres da época de Santa Maria Madalena tinham "uma presença muito ativa trabalhando em Magdala".

"As mulheres obviamente estavam mais focadas nas atividades domésticas. Realizavam atividades voltadas a tudo o que é a preparação e elaboração dos alimentos", disse, indicando também que "trabalhavam de perto com os homens no sentido de preparar tudo o que deveriam levar para a pesca, como os anzóis e as chumbadas".

A arqueóloga mexicana destacou que embora as mulheres do primeiro século, nos dias em que Jesus percorria Israel, "não iam na barca pescar, de alguma maneira os encaminhavam para que fossem ao Mar da Galileia e os recebiam para ajudar também com a limpeza da pesca".

Além disso, a descoberta e o estudo de umas jarras de vidro em miniatura levaram os arqueólogos a considerar que "há uma grande probabilidade de que as mulheres em Magdala tenham elaborado unguentos medicinais, cosméticos e até mesmo corantes para pintar paredes".

"Também imaginamos que elas tenham vendido este tipo de coisas no mercado", disse Zapata-Meza. "Eu as imagino andando pelas ruas carregando as ânforas de água ou de vinho, imagino que elas compravam no mercado, escolhendo quais produtos levariam para casa", acrescentou.

"Se partirmos do fato de que as fontes nos convidam a pensar em Maria Madalena em Magdala, ela deve ter realizado essas atividades", ressaltou, embora ainda não tenham encontrado "evidências contundentes de Maria Madalena, ainda".

Mais de 10 anos de arqueologia nas terras de Santa Maria Madalena

Zapata-Meza destacou que o trabalho que realizam na terra de Santa Maria Madalena há mais de uma década busca "entender o que as evidências arqueológicas nos dizem sobre Magdala, em primeira instância. Por exemplo, a temporalidade: é um povoado do século I. Portanto, estamos falando de um povoado que tem a ver neste caso com a vida de Jesus, de seu tempo e com a vida que ele passou na Galileia".

"Através deste trabalho de análise, investigação e interpretação, podemos continuar falando sobre o que é Magdala e obviamente também podemos fazer uma relação entre o que nos contam os Evangelhos e a história propriamente dita da Galileia, nas diferentes épocas da ocupação de Magdala".

"Meu objetivo não é demonstrar fé por meio da ciência", ressaltou, mas sim "contar como as pessoas viviam em Magdala durante o primeiro século e, a partir daí, poder fazer uma associação com a vida que Jesus poderia ter levado, seus discípulos, as pessoas que o seguiram, aqueles que acreditaram nele, por causa das evidências que o sítio de Magdala nos dá".

A arqueóloga mexicana destacou que com o trabalho realizado, entenderam melhor a pesca como um trabalho importante na região na época de Jesus e também como os habitantes do local eram profundamente praticantes do judaísmo.

Para o futuro do trabalho arqueológico na região, frisou, "o mais importante é terminar alguns desenhos arqueológicos de cerâmica e de lamparinas de óleo, para poder publicar o primeiro relatório interdisciplinar com toda a informação destes primeiros anos de trabalho em Magdala".

Com este relatório, destacou, será possível "dar uma aproximação do que agora entendemos sobre Magdala com os resultados que tivemos nestes anos".

Esse trabalho teve um atraso devido à pandemia, mas espera-se que seja concluído em 2021.

"Se tudo for caminhando neste sentido, estaríamos retomando as escavações em Magdala em 2022, com um projeto que vai ser apresentado à Autoridade de Antiguidades que implica mais 10 anos de trabalho em Magdala para poder montar um pouco mais o quebra-cabeça da história de Magdala", disse.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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