21 de novembro de 2024 Doar
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Era professora no Brasil, tornou-se monja na Alemanha e evangeliza o mundo pela internet

Irmã Martina | Captura de vídeo

Irmã Martina é uma religiosa beneditina brasileira, da Abadia de St. Walburga na Alemanha, e recentemente lançou uma série de vídeos em seu canal do Youtube, que podem contribuir para muitas pessoas superarem as dificuldades do isolamento social imposto pela pandemia.

O projeto conta com apoio não só de suas irmãs de mosteiro, como também de ex-alunos, os quais sentiam saudades das aulas da então professora Marta Braga, que ensinou em diversos Seminários no Brasil, antes de ingressar na vida monástica.

Em entrevista à ACI Digital, Ir. Martina contou como tudo começou, desde o seu chamado vocacional até a concretização deste projeto que traz vídeos formativos em português, inglês e alemão.

Nascida no Rio de Janeiro, Marta Braga é a caçula de uma família católica de 10 filhos. Seu pai era engenheiro e, devido ao trabalho, moraram também na Bahia e em São Paulo. "Nossa vida em casa era cheia de atividades culturais e religiosas e sempre fomos muito ligados ao Mosteiro de São Bento do Rio [de Janeiro]", recordou.

Como professora, ensinou "em escolas primárias e secundárias" e, mais tarde, fez Doutorado na Universidade de Navarra, na Espanha. Ao retornar para o Brasil, ensinou História da Igreja e Doutrina Social Católica em Seminários e cursos de Teologia em Petrópolis, Niterói, Nova Friburgo e Rio de Janeiro, além de dar palestras em outros lugares do país.

"Minha vida era muito ativa e cheia de responsabilidades, mas Deus me deu o privilégio de poder cuidar dos meus pais velhinhos e estar cercada pela família numerosa e excelentes amigos e alunos", lembrou.

Durante todo esse percurso de sua vida, indicou Ir. Martina, o chamado vocacional "estava sempre lá, de alguma forma". "Meus pais tinham uma fé católica muito sólida e saudável, uma fé que se relacionava profundamente com o mundo cultural e intelectual e com o amor do próximo. Nos braços deles aprendi o cerne da minha vida religiosa", garantiu, sublinhando que também contou com a ajuda de "sacerdotes, amigos, retiros, leituras, vida de sacramento e oração, o trabalho com a Teologia".

"Mas tudo isso de uma forma nunca exagerada; pelo contrário, a fé sempre me impulsionou a ser mais profundamente humana e 'normal', por assim dizer. Mesmo em meio às muitas atividades e viagens e amizades, uma voz sempre me parecia dizer que Deus tinha ainda outro plano para mim. Esse plano Ele foi mostrando aos poucos, sem pressa. Isso nem sempre foi fácil, por causa da minha própria impulsividade. Mas Ele sabia tudo e tinha o Seu tempo", relatou.

E aquela sua ligação como Mosteiro de São Bento também contribuiu para decidir ingressar na vida monástica. "A imagem dos monges cantando gregoriano sempre me atraiu pela paz, profundidade e estabilidade da sua vida", contou, destacando que também colaborou seu "temperamento" que sempre a levou "na direção de uma vida católica sólida e experimentada, como a que eu tinha vivido na minha família".

Além disso, indicou que, "embora conhecesse e aprendesse muito com vários movimentos católicos mais modernos, o meu amor pela História também me fazia buscar algo mais antigo, mais provado pelo tempo".

Então, quando estava estudando na Europa, passou a visitar mosteiros, "aproveitando da famosa hospitalidade beneditina que me permitia pagar a estadia com o meu trabalho junto com as Irmãs".

Por outro lado, uma irmã dela que mora nos Estados Unidos fez contato com a Abadia de St. Walburga no Colorado, fundada pelas religiosas alemãs. "E foi através dessa minha irmã que eu visitei o meu mosteiro aqui na Alemanha pela primeira vez, treze anos antes de finalmente pedir para entrar, já aos quarenta anos de idade!", recordou.

Segundo Ir. Martina, a Abadia alemã "tem uma história de quase mil anos e justamente a solidez e experiência que buscava". "Além do típico silêncio e quietude da via monástica, eu acho aqui também a ligação entre fé, cultura e intelectualidade que para mim sempre foi tão essencial".

E é essa "associação entre fé e cultura" que faz o projeto dos vídeos de formação no Youtube "possível e recomendável".

Ir. Martina admitiu que sente "muitas saudades de ensinar". Além disso, afirmou, "vivendo aqui na Alemanha, sinto falta de fazer alguma coisa pelo Brasil, pela minha pátria e pela minha gente que eu amo tanto".

"Tudo isso convergiu agora para esse projeto, cujo estopim foi a situação de isolamento que todos vivemos por causa do vírus. Pensei comigo que, na clausura, eu não sinto muito as dificuldades da distância social, mas que eu podia, talvez, aproveitar o momento para fazer algo que ajudasse os outros a suportá-la", contou a religiosa, que teve o apoio de "muitos antigos alunos".

O objetivo, conforme explicou, "é muito simples e modesto: anunciar, comunicar e alegrar-se na fé".

Inicialmente, a ideia era gravar os vídeos apenas em português, "para o Brasil". Porém, como esses "tiveram certo sucesso", a irmã da religiosa que mora nos Estados Unidos pediu que ela gravasse também em inglês, "para os sete filhos dela e suas famílias". Estes acabaram "enviando para amigos e conhecidos" e agora, Ir. Martina tem recebido retorno até de "amigos na Inglaterra".

De acordo com a religiosa, as duas versões já lhe "tomam bastante tempo". Entretanto, o capelão da Abadia sugeriu que ela "fizesse também uma versão em alemão porque a Igreja na Alemanha é rica materialmente, mas infelizmente pobre em temas de doutrina e moral". Assim nasceu a versão em alemão, com a devida aprovação da abadessa.

Na primeira série sobre "Liberdade & Fé", aborda os "valores da vida monástica que podem também, com muito proveito, ser vividos pelas pessoas no mundo".

Posteriormente, contou, "aparecerão outras séries, mas ainda não sei sobre quais temas... certamente algo que tenha a ver com a minha experiência de professora".

Segundo ela, os "vídeos serão sempre caseiros e modestos, feitos com o coração e sem pretensão de profissionalismo midiático. É como uma conversa entre amigos", indicou Ir. Martina, ressaltando que, "embora as circunstâncias da clausura e do fuso horário tornem impossível uma interação real por vídeo", tem recebido "feedback das pessoas através de e-mail e as amizades vão assim se formando".

No entanto, sublinhou, o importante é "que tudo permaneça sempre humilde e modesto: algo nascido do coração e da experiência e submetido à vontade e à graça de Deus! Quem faz todo o resto é Ele...", concluiu.

Para assistir aos vídeos de Ir. Martina, acesse AQUI.

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