18 de dezembro de 2024 Doar
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Igreja na Síria segue quem sofre de perto como São José, diz sacerdote

Imagem referencial de São José e do Menino Jesus. Crédito: Pixabay.

Por ocasião da Quaresma, Pe. Ibrahim Alsabagh, sacerdote da paróquia latina de Aleppo (Síria), disse que a Igreja Católica segue o exemplo de "São José", que não fugiu diante do desconhecido, mas ficou perto de sua família em meio às dificuldades.

Por ocasião da Quaresma, Pe. Ibrahim enviou uma carta a Asia News. Nela, o sacerdote franciscano, de 47 anos, recorda a Carta Apostólica Patris corde (Coração de Pai) do Papa Francisco, que exalta sete aspectos da paternidade de São José.

O Santo Padre publicou sua carta apostólica para celebrar o 150º aniversário da proclamação do pai adotivo de Cristo como padroeiro da Igreja universal. Além disso, convocou o Ano de São José, que começou em 8 de dezembro de 2020 e terminará em 8 de dezembro de 2021.

Pe. Ibrahim disse que a Igreja na Síria segue o convite do Papa Francisco de "cuidar do próximo" a exemplo de São José. "Agradecemos a São José por seu exemplo de vida. Ele soube assumir a responsabilidade de cuidar de sua família, sem fugir diante desconhecido, inclusive nas dificuldades, até a entrega total ao sacrifício final", disse.

Em sua carta, o sacerdote lembrou que a vida na Síria está "impregnada por 10 anos de 'sofrimento' provocado por um conflito que resultou em várias carências: de alimentos, higiene, suprimentos médicos, petróleo, gás e eletricidade", assinalou Asia News.

Assinalou que após a pandemia de Covid-19, essas privações foram agravadas não apenas pela disseminação do vírus, mas também pelas "barreiras" que impedem realizar as "visitas pessoais a cada um de vocês", disse. Além disso, afirmou que existe o risco de que o problema persista por um tempo incerto.

O sacerdote disse que os pais de família "não sabem como conseguir dinheiro para alimentar os filhos. Eles enfrentam desemprego, aumento dos preços, inflação, um custo de vida cada vez mais alto e a diminuição da renda".

Do mesmo modo, afirmou que muitos pais sofrem com doenças ou inclusive se suicidam diante do desespero. "Não é por razões triviais que muitas de nossas mulheres caíram em depressão e sofrem ataques cardíacos. E muitos pais se suicidaram, desesperados", disse.

Pe. Ibrahim assinalou que a crise atinge também muitos jovens, "cujas infâncias já haviam sido roubadas pela guerra". Explicou que estão passando por uma crise educacional, porque as escolas estão em ruínas e, quando há aulas, "as famílias não conseguem que seus filhos estudem, pois não têm dinheiro".

"Muitas vezes não têm nem mesmo a roupa ou o sapato para enviá-los à aula", disse e colocou como exemplo o caso de uma mulher que apesar de ter a bênção de ter um trabalho, não pode atender as necessidades mais básicas para que a sua filha assista às aulas.

"Uma mãe que poderia ser considerada sortuda, porque ainda tem um emprego remunerado, me contou que depois de receber seu salário foi comprar um par de sapatos novos para a filha. Os únicos que tinha já não serviam mais. O preço, porém, era três quartos do seu salário mensal, por isso voltou para casa de mãos vazias", assinalou.

Pe. Ibrahim disse que "este ano a situação parece crítica, mais pela fome e falta de trabalho, como no resto do país, do que pelo receio de contrair a Covid-19".

"Como denunciaram personalidades da Igreja Síria, entre elas o Vigário Apostólico de Aleppo e o Arcebispo Maronita de Damasco, às medidas punitivas ordinárias acrescentou-se o Caesar Act, uma lei que afeta a população que, além disso, deve sofrer com a inflação", disse.

No meio da "realidade cruel" que são obrigados a viver depois das consequências da guerra, o sacerdote disse que a Igreja não oferece apenas "apoio material", mas também "acompanhamento espiritual", porque os cristãos de hoje "precisam de muito esperança".

Explicou que a Igreja está fazendo todo o possível para tentar aliviar o sofrimento por meio de "primeiras intervenções de emergência", com as quais atendem às necessidades básicas de todas as idades.

Contou que fornecem "leite e fraldas para as crianças, comida e remédios, pagam o material escolar e ajudam os jovens nos cuidados extraescolares". Além disso, fornecem "roupas e combustível para as famílias, atendem os idosos, doentes e deficientes físicos, reformam casas em mau estado e apoiam projetos microeconômicos".

"Como São José, que nunca foi um homem passivo ou submisso, mas corajoso e dedicado à sua missão, também nós devemos aceitar a vida como tal, mesmo nesta passagem tão difícil da nossa existência. Como Igreja síria, e especialmente aqui em Aleppo, sentimos plenamente a confiança que Deus depositou em nós", concluiu.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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