19 de dezembro de 2024 Doar
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Mais de 200 igrejas atacadas pelo ISIS, esta é a situação que o Papa encontrará no Iraque

Iglesia de Al Tahira. Crédito: Ayuda à Igreja que Sofre (ACN)

O Papa Francisco inicia sua histórica visita ao Iraque, um país do Oriente Médio onde a minoria cristã sofreu nos últimos anos ataques de grupos fundamentalistas como o Estado Islâmico, que, entre outras coisas, destruiu mais de 30 igrejas.

A programação da viagem inclui reuniões do Papa com autoridades civis e bispos, momentos de oração e homenagem às vítimas de perseguição e assassinatos pelas mãos do Estado Islâmico (ISIS) e ainda um encontro inter-religioso.

Em um relatório recente preparado por ocasião da visita do Papa, a fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) observou que os cristãos no Iraque são menos de 5% da população total do país, que segundo a Pontifícia Fundação até 2020 eram cerca de 40 milhões de pessoas. Da minoria cristã, os católicos caldeus são o maior segmento.

O Caldeu é um dos ritos católicos que estão presentes no país, juntamente com a comunidade siríaca, armênia, melquita e latina.

O escritório da ACN no Chile disse a ACI Prensa, a agência em espanhol do grupo ACI, na quarta-feira que durante os ataques do ISIS cerca de 34 igrejas foram completamente destruídas no país, e 197 foram parcialmente destruídas ou sofreram ataques.

Esses danos estão incluídos nos 363 imóveis da Igreja, como salões, jardins, salas para catequese, que foram danificados durante esse período de violência.

A diretora da ACN Chile, Magdalena Lira Valdés, observou que uma das igrejas mais emblemáticas que foi destruída é a de Al-Tahira em Qaraqosh, que é dedicada à Imaculada Conceição.

Lira indicou que a igreja construída em 1932 reúne "a maior comunidade de sírios católicos em todo o Oriente Médio" e durante a ocupação do Isis, foi usada "como um campo de batalha por parte dos jiadistas".

O supervisor das obras de restauração de Al-Tahira, padre Ammar Yako, indicou que a igreja "foi severamente danificada e queimada, e objetos de valor e móveis foram saqueados. A torre do relógio da igreja foi dinamitada e inúmeras pinturas e objetos religiosos foram severamente danificados."

Hoje, com o apoio de várias instituições como a ACN, a igreja foi restaurada e será um dos lugares que o Papa Francisco visitará em sua viagem apostólica.

Outro templo danificado durante este tempo de perseguição foi a Igreja de São Jorge, na vila de Teleskuf, e que se tornou em 2017 o primeiro templo católico na planície de Nínive reconstruído após a expulsão do Estado Islâmico.

Mosteiros e conventos também foram alvo dos ataques, como o convento de Nossa Senhora do Rosário em Teleskuf e o Mosteiro dos Mártires Mar Behnam e Marth Sarah em Qaraqosh.

 

"Em 2016, cerca de seis mil pessoas tiveram que deixar a Teleskuf. Quando voltei para esta área, todas as casas foram abandonadas e muitas delas destruídas. Em Teleskuf muitos edifícios só restam os escombros. A escola e a casa das crianças foram destruídas, as portas do convento foram forçadas e a casa das freiras foi saqueada", reportou à ACN a Ir. Ilham, que vive no convento das freiras Dominicanas de Santa Catarina de Sena.

De acordo com dados da ACN, existem atualmente 118 paróquias no Iraque, a maioria pertencentes ao rito Caldeu.

O diretor da ACN Chile disse ao grupo ACI que a comunidade cristã no Iraque foi "significativa e dramaticamente" reduzida de 1,5 milhão em 2003 para aproximadamente 205.000 pessoas hoje. O êxodo dos fiéis do Iraque é um dos maiores desafios da Igreja no país.

"É uma minoria que tem sofrido muito, é uma minoria que sofreu muitos sustos também após a perseguição do Estado Islâmico. E é uma minoria que perdeu praticamente tudo durante o ataque do ISIS", acrescentou.

Lira disse que mais de 50% dos cristãos iraquianos "tiveram que escapar quando foram atacados pelo Estado Islâmico e ficaram sem absolutamente nada, viviam em campos de refugiados".

Ele acrescentou que há um grupo de pessoas que foram capazes de retornar ao Iraque para a ajuda que receberam para a reconstrução, mas ainda há um temor sobre questões de segurança, por isso, para esta minoria cristã, a visita do Santo Padre "é um sinal de esperança".

É "um sinal de não se sentir sozinho, de sentir que eles não estão abandonados, que a Igreja universal na figura do Pontífice no fundo está lá acompanhando-os, acolhendo-os, ouvindo-os e confortando-os", acrescentou.

Lira observou que esta visita é uma forma de "gerar pontes de entendimento, atendendo pontes que são super importantes para que possam ficar e se sentir confiantes sobre sua escolha de permanecer no Iraque".

"Esta visita é como uma luz que irradiará por todo o Oriente Médio, para as comunidades cristãs daquela região, o berço do cristianismo", concluiu.

Artigo orginalmente publicado em ACI Prensa, traduzido e adaptado por Rafael Tavares.

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