9 de dezembro de 2024 Doar
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Pela primeira vez na história um Papa celebrará a missa no Rito Caldeu

O Papa com o Cardeal Sako no Vaticano em 2020. | Vatican Media

O Papa Francisco celebrará pela primeira vez uma missa no rito Caldeu e as línguas a serem usadas durante a Eucaristia serão italiano, caldeu e árabe. A missa será realizada no sábado, 6 de março, na Catedral Católica de São José em Bagdá durante sua visita. 

Esta é a segunda ocasião em que o Santo Padre celebrará uma eucaristia em um rito católico oriental. A primeira vez foi em 2 de junho de 2019, durante sua viagem à Romênia, onde presidiu a "Liturgia Divina" no rito bizantino romeno com a beatificação de sete bispos mártires greco-católicos.

A Celebração Eucarística no Rito Caldeu a ser realizada em 6 de março seguirá a forma da "Missa de Santo Tomás" e concelebrando com o Papa Francisco, estará o Patriarca da Babilônia dos Caldeus, cardeal Louis Raphael Sako.

A maioria dos cristãos no Iraque são rito de Caldeu. A Igreja da Caldéia é uma Igreja Católica Oriental que está em plena comunhão com Roma.

Em declarações ao grupo ACI, o perito em Liturgias Orientais pelo Pontifício Instituto Oriental de Roma e, atualmente, oficial da Congregação para o Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, Pe. Salvador Aguilera López, descreveu algumas das diferenças entre a missa no rito romano e o que o Papa celebrará no rito Caldeu.

Primeiro, o Pe. Salvador observou que "em oração antes das leituras, o Senhor é invocado para nos iluminar e renovar com seu Espírito e nos tornar dignos de ouvirmos e cumprirmos sua palavra que dá vida, a fim de cumprir sua santa vontade".

"A segunda oração de inclinação tem grande riqueza cristológica: Jesus Cristo é chamado de ícone do Pai, que foi encarnado para nos salvar e nos deu o Mistério que celebramos agora" e destacou os verbos usados na invocação do Espírito Santo "venha, permaneça, abençoe, santifique para que as oferendas se tornem o Corpo e o Sangue de Cristo".

"Como gestos ou ritos para destacar, encontramos o rito da fração ou o rito da penitência. No primeiro, o celebrante parte a hóstia sagrado e a submerge no cálice enquanto faz uma oração."

Na segunda, "em preparação para a comunhão, é feito um momento de silêncio, sentado, para examinar a consciência e pedir perdão dos pecados, após o qual se pronuncia a oração de absolvição", disse o padre especialista em liturgia.

Outras particularidades na liturgia da palavra são "a bênção do leitor antes de proclamar a primeira leitura e a antífona que ocorrem depois dela; Além disso, antes da proclamação do Evangelho, o padre que proclama o leva ao Santo Padre o Livro dos Evangelhos ou Evangeliário  e, em seguida, segue a homilia e a oração dos fiéis."

Pe. Salvador afirma que a liturgia eucarística é "a parte mais complexa e rica" desta celebração e descreveu que "o canto do ofertório é seguido de oração sobre as oferendas, durante as quais o Papa tem a patena e cálice um pouco elevados antes de colocá-los no altar, e depois cobre-os com um véu e os incensa. Depois disto, vem a recitação do Credo e o rito da paz".

Na liturgia eucarística, padre Salvador indicou que existem "três orações chamadas de 'orações de inclinação'. A primeira, que corresponde ao Prefácio, é seguida pelo Santo, ao qual nos juntamos às potestades angélicas. Na segunda encontramos o relato da instituição, ou seja, a memória da última ceia e as intercessões pela Igreja."

"A terceira, que sublinha a Tradição Apostólica recebida pelos padres na celebração dos Santos Mistérios e precede a invocação do Espírito Santo, durante a qual o Santo Padre e os concelebrantes estendem as mãos sobre as oferendas." Essa parte termina com o "canto e a oração de gratidão".

Ao final, no rito final, o Patriarca Caldeu vai dirigir algumas palavras ao Papa e, em seguida, os presentes receberão a bênção do Santo Padre.

Cristãos no Iraque

Antes dos Estados Unidos invadirem o Iraque em 2003, havia aproximadamente 1,5 milhões de cristãos iraquianos. Hoje, acredita-se que esse número seja inferior a 500 mil. O surgimento do grupo terrorista Estado Islâmico levou muitos cristãos a fugir do país. O Iraque tem mais de 38 milhões de habitantes, a grande maioria dos quais são muçulmanos.

De acordo com a Mesopotamia Heritage Foundation, o número de cristãos é muito menor e apenas 400 mil Caldeus ainda estariam vivendo no Iraque, divididos entre Bagdá, o Curdistão, a Planície de Nínive e Basra.

A Igreja Católica da Caldeia sofreu uma grande diáspora, e hoje está espalhada pelos cinco continentes, encontrando-se presente nos Estados Unidos, alguns países da Europa, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, na antiga União Soviética, especialmente na Rússia (Moscou, Rostov-on-Don), na Ucrânia, na Geórgia (Tbilisi) e na Armênia (em Erevan).

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