VATICANO, Mar 9, 2021 / 12:30 pm
O observador permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra, Dom Ivan Jurkovic, criticou o Conselho dos Direitos Humanos da organização por defender exclusivamente o Islã em seu relatório. Jurkovic pediu às Nações Unidas que defendam a liberdade religiosa sem excluir nenhum grupo religioso.
O bispo expressou sua preocupação na 46ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos sobre o recente relatório intitulado "Ódio anti-islâmico/Islamofobia", um documento que "deveria defender o direito humano fundamental e universal da liberdade de religião ou de credo, na realidade se concentrou sobre um só grupo religioso excluindo os outros, com o risco de polarizar a comunidade internacional e de criar ainda mais conflitos".
"A Santa Sé só pode deplorar o fato de o Relatório não considerar adequadamente o contexto da perseguição de todas as pessoas de fé", assinalou Dom Jurkovic.
Neste sentido, o Arcebispo destacou que "certamente, todos os atos de ódio, discriminação e perseguição religiosa devem ser veementemente condenados, também contra os muçulmanos".
No entanto, Dom Jurkovic acrescentou que levando em consideração "a universalidade da liberdade religiosa sancionada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos", a decisão de "limitar o tema do Relatório a um grupo religioso particular sem referência aos muitos outros poderia representar uma mudança substancial na abordagem metodológica".
Nesse sentido, o observador permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra indicou que, se essa mudança fosse feita, não levaria a "uma redução no perfil negativo e estigmatização de tais grupos", mas correria "o risco real de ser divisivo, de facilitar uma mentalidade 'nós' contra 'eles'".
"Qualquer legislação ou prática que exclua um grupo específico baseado, pelo menos em parte, em critérios religiosos, representa uma forma sutil de discriminação, independentemente dos efeitos pretendidos ou do resultado real de tais leis ou práticas", advertiu.
Finalmente, segundo Vatican News, Dom Jurkovic disse que "no cenário atual, no qual a liberdade religiosa é cada vez mais minada pela necessidade de proteger as vidas humanas da difusão da pandemia da Covid-19, é fundamental que as autoridades civis se comprometam a respeitar, proteger e defender a liberdade de religião ou de credo, como uma dimensão da dignidade da pessoa humana".
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