Vaticano, Mar 15, 2021 / 09:00 am
Uma nova carta da Secretaria de Estado do Vaticano, cuja autenticidade foi confirmada pelo grupo ACI, proíbe a celebração privada (sem fiéis) de missas nos altares laterais na Basílica de São Pedro, a partir de 22 de março e restringe as missas segundo o rito extraordinário a uma capela nas Grutas do Vaticano.
O regulamento pode parecer responder às restrições da COVID, à medida que a Itália se prepara para endurecer suas medidas pandêmicas mais uma vez. No entanto, a nova regra poderia ser permanente.
Não há na carta nenhuma explicação dos motivos da decisão. Gerard O 'Connell, correpondente no Vaticano da revista jesuíta dos Estados Unidos America, porém, especula que o motivo é garantir que "as missas sejam celebradas de acordo com as normas e o espírito da renovação litúrgica do Concílio Vaticano Segundo". Segundo OConnell, a carta "limita estritamente a celebração da forma extraordinária do rito latino na basílica, deixando claro que não há intenção de que esse uso seja a norma." A missa privada não foi suprimida pelo Concílio, no entanto, e o rito extraordinário foi restabelecido como direito de qualquer padre pelo Motu Proprio de Benedito XVI Summorum Pontificum, de 2007.
A carta salienta que a Quaresma é um momento para focar na Palavra de Deus e na celebração da Eucaristia. Diz que as mudanças visam garantir que "as Santas Missas na Basílica de São Pedro ocorram em um clima de recolhimento e decoro litúrgico".
Até agora, os 45 altares e 11 capelas da Basílica de São Pedro têm sido usados todas as manhãs por padres que celebram sua missa diária obrigatória. Muitos deles são funcionários do Vaticano que começam o dia com a celebração recolhida em uma das capelas ou altares.
Nem todas as missas contam com participantes, ainda que a participação não esteja vetada. Qualquer fiel que esteja presente na Basílica a essa hora pode participar, mas em muitos casos, o padre celebra sozinho, sem que nenhum fiel para participar como acólito, leitor, ou simplesmente para receber a comunhão.
As missas individuais não fazem parte da programação diária das missas na Basílica de São Pedro. De acordo com esse horário, há uma missa por hora entre as 9h e as 12h, em italiano, no Altar da Cátedra. Há outra missa em italiano celebrada às 8h30.m. no altar do Santíssimo Sacramento, enquanto todos os dias, às 17h, há uma missa em latim. Todas estas celebrações estão abertas ao público.
Aos domingos, são cinco missas celebradas em italiano e uma em latim, e o horário pode variar sempre que uma Eucaristia Dominical é presidida pelo Santo Padre.
Agora, sob as novas medidas, todos os padres poderão participar de uma série de concelebrações: às 7h.m. e 8.m. na Capela do Coro; e às 7:30 e 9.m. no Altar da Cátedra. Todas as outras missas permanecem programadas conforme o horário divulgado. No dia da festa de um santo cujas relíquias estão na Basílica, uma das missas pode ser celebrada no altar dedicado a esse santo.
As medidas também pedem que as missas sempre tenham leitores e cantores.
A missa oferecida na forma extraordinária do Rito Romano, a forma única da Igreja latna antes da reforma litúrgica de 1970, está agora limitada à Capela Clementina, nas Grutas do Vaticano.
Vinha sendo discutido a possibilidade de proibir as missas individuais, como parte de uma reforma geral da gestão da Basílica de São Pedro. No entanto, as decisões foram adiadas até a nomeação do novo Arcebispo da Basílica, após a saída do cardeal Angelo Comastri, que teve sua renúncia aceita pelo Santo Padre após cumprir 75 anos de idade, conforme estabelecido pelo direito canônico.
Em 20 de fevereiro, o Papa Francisco nomeou como o novo cardeal encarregado da Fábrica de São Pedro e Arcipresta da Basíica petrina o mais jovem cardeali italiano, Dom Mauro Gambetti.
No entanto, a carta da Secretaria de Estado não é endereçada a Gambetti, mas ao Arcebispo Mario Giordana, que é ocomissário extraordinário da Fábrica de São Pedro. Isso é incomum, já que a Fábrica de São Pedro não lida com celebrações litúrgicas na Basílica, mas é o órgão encarregado de sua conservação e manutenção.
Por outro lado, o fato de a carta ter sido divulgada pela Primeira Seção da Secretaria de Estado também chamou a atenção, pois a primeira seção é uma espécie de Ministério da Administração Interna, responsável por toda a direção e coordenação dos escritórios da Cúria, mas normalmente não tem jurisdição sobre as atividades litúrgicas.
Além disso, a divulgação da carta não foi acompanhada por qualquer tipo de comunicação oficial do Vaticano. Nem a carta assinada na íntegra pelo arcebispo Edgar Pena Parra, que chefia a Primeira Seção da Secretaria de Estado, mas incluiu apenas suas iniciais.
Essas anomalias provocaram especulações de que a carta poderia ter sido forjada. No entanto, dois funcionários do Vaticano que pediram anonimato confirmaram ao grupo ACI que o documento é real.
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