19 de dezembro de 2024 Doar
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Ameaças de morte não param Bispo na Colômbia

Dom Rubén Darío Jaramillo com uma família em sua nova casa em Buenaventura. Crédito: Diocese de Buenaventura

Dom Rubén Darío Jaramillo é Bispo de Buenaventura (Colômbia); e embora desde junho de 2020 receba ameaças de morte de grupos criminosos, não parou seu árduo trabalho e acaba de doar 41 casas para as famílias mais pobres da cidade portuária, algumas das quais viviam em condições subumanas.

Dom Jaramillo recebeu as primeiras ameaças de morte em junho de 2020. Este ano vieram mais e isso fez com que todo o Episcopado colombiano lhe expressasse solidariedade e que 14 bispos da região se juntassem em Buenaventura, de 2 a 4 de março, para avaliar a situação e mostrar proximidade.

Em um comunicado de 4 de março, os 14 bispos expressaram "solidariedade, proximidade, afeto e apoio ao nosso irmão Bispo desta diocese, Dom Rubén Darío Jaramillo Montora, pelas ameaças que há tempos vem recebendo contra a sua integridade e vida, ele e outros servidores da comunidade".

Os habitantes de Buenaventura estão no meio de um confronto entre dois grupos criminosos, o que fez aumentar desde inícios de 2021 os assassinatos, os deslocamentos internos, os desaparecimentos e as extorsões.

Segundo o jornal colombiano El País, nos primeiros dois meses de 2021 ocorreram 30 homicídios em Buenaventura. A maioria dos mortos tinha menos de 30 anos.

A construção das casas "é um projeto realizado com a ajuda de uma fundação dos Estados Unidos chamada Fundepaz New York, que nos deu recursos para construir 41 casas para as famílias mais pobres e necessitadas de Buenaventura", explicou o bispo à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, nesta sexta-feira, 12 de março.

O Bispo explicou que as famílias beneficiadas foram selecionadas entre as mais pobres, que viviam em casas muito precárias. Estas foram derrubadas e no próprio terreno foram construídas as novas casas que foram entregues em 11 de março.

Dom Jaramillo explicou que as casas custam em média oito mil dólares. "Um valor muito baixo. São casas humildes, mas bem construídas, construídas em material firme com três cômodos e um banheiro", equipadas com um fogão, botijão de gás, mesa, camas e colchões.

Cada família beneficiária tem cerca de cinco membros. Portanto, os beneficiários são um total de cerca de 200 pessoas que agora podem viver melhor "e dormir tranquilos".

"Terão mais qualidade de vida pois estavam vivendo em condições sub-humanas, dormindo no chão, por exemplo, e com lenha e fumaça dentro das casas".

"Seguimos adiante, sem medo, com coragem, com vontade de seguir lutando porque temos que nos entregar totalmente. Sempre estou acompanhado por dois policiais e há uma segurança permanente em minha casa. O estado faz o seu trabalho, mas eu não posso deixar de fazer o que nos corresponde. Continuamos com o povo", disse o Bispo de Buenaventura, em diálogo com a ACI Presa.

"Continuo com os trabalhos nas comunidades, visitando na parte pastoral, das celebrações, acompanhando permanentemente as pessoas humildes. Não vamos mudar isso porque é isso que (os grupos fora da lei) querem, que eu fique calado, fique quieto, não faça nada. O medo paralisa, mas se não há medo temos que seguir adiante".

Dom Jaramillo disse que somente em janeiro 28 famílias foram forçadas a deixar suas casas. "São tão pobres que não podem sair da cidade e mudam de bairro. Assim, não resolvem nada porque também encontram conflito. É uma situação muito difícil para as pessoas que têm que sair desses bairros onde a violência as oprime".

"À medida que vão embora, perdem a sua cultura, a sua família, perdem tudo", lamentou

Em Buenaventura, a violência deixou mais de mil desaparecidos, 82% da população vive em extrema pobreza e o desemprego ronda os 66%.

"Os principais problemas são todos"

Ao ser perguntado sobre os desafios que a sua diocese enfrenta, o Prelado colombiano disse que "os principais problemas são todos. São problemas de todos os tipos: humanos, de habitação, de água potável que só chega 6 horas a cada dois dias, temos problema de saneamento básico, de saúde".

Outra questão complexa é o desemprego, agravado pela "gravíssima corrupção no Estado e grandes gangues criminosas. Tudo isso gera uma estrutura que não permite avançar no desenvolvimento de Buenaventura".

Diante dessa realidade, o Bispo explicou que já existem vários projetos em andamento. "Estamos trabalhando em muitas coisas. Temos um grupo chamado 'Buenaventura semeia esperança'. Com este projeto transformamos alguns espaços feios para torná-los belos com esculturas, pinturas e murais. Já tivemos vários, mas vamos continuar".

Dom Jaramillo disse ainda que o trabalho do Banco de Alimentos será ampliado porque serão construídos 30 restaurantes comunitários em toda a cidade, graças ao governo local.

"Vamos dar comida às pessoas mais necessitadas, ajudados pelas paróquias e assim chegaremos a toda a comunidade. Alguns restaurantes terão a capacidade para alimentar até 500 pessoas.

Para concluir, o Bispo de Buenaventura assegurou que perante toda esta situação é importante "ajudar um pouquinho. Pelo menos é uma gota. Madre Teresa de Calcutá dizia: 'o que seria do oceano sem essa gota d'água'".

"Somos uma gota no meio do oceano e precisamos disso. Precisamos de muitas gotas para gerar algo diferente nesta cidade".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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