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Arcebispo fala das “coisas pelas quais vale a pena morrer”

Arcebispo Charles Chaput de Filadélfia (EUA) no Vaticano em 2014. | Daniel Ibanez / CNA

"Viver a fé crista de um modo honesto envolve aplicar o Evangelho a tudo o que pensamos ou fazemos, ou ao menos tentar fazer isso", disse o Arcebispo emérito de Filadélfia (Estados Unidos) Dom Charles Chaput em entrevista à CNA, serviço em inglês do Grupo ACI.

Aposentado no ano passado, Dom Chaput acaba de lançar um novo livro intitulado "Things Worth Dying For" (Coisas pelas quais vale a pena morrer, em tradução livre) um livro sobre "sobre o trabalho de lembrar quem nós somos como crentes cristãos e fundar nossas vidas nas lealdades corretas: as coisas que nos dão significado e paz interior."

O título foi escolhido porque "as coisas pelas quais estamos dispostos a morrer revelam aquilo pelo que queremos viver, as coisas que consideramos sagradas, não só com palavras, mas com o coração", disse Dom Chaput.

"Todos morreremos um dia e todos esperamos uma boa morte. Mas uma boa morte só pode ser fruto de uma boa vida, uma vida vivida com integridade e o propósito correto. Como obter essa integridade e viver com esse propósito correto são a substância do livro."

O Arcebispo acha que as facilidades da vida moderna fazem com que os católicos se esqueçam das coisas importantes. "Os americanos gozam de uma economia de consumo notavelmente bem sucedida. Mesmo os mais pobres de nós vivem melhor do que muitas partes do mundo. Essa mesma economia, porém, nos envolve num casulo de distrações, anestésicos e barulho. Podemos facilmente perder de vista o que é realmente importante até que seja tarde demais para fazer alguma coisa para mudar o rumo e o significado de nossas vidas. Precisamos nos lembrar por que estamos aqui e esse 'por quê' não pode ser respondido de modo satisfatório por nada que este mundo tem a oferecer", diz Dom Chaput.

Na opinião do arcebispo, a situação atual dos Estados Unidos é um grande desafio para os católicos. E obriga a tomar algumas decisões difíceis. "Todos nós _clero, leigos e religiosos_ preferimos o conforto ao desconforto e nenhum de nós quer ser alvo de desprezo ou críticas públicas", explica. "No passado, a fé religiosa sempre teve um lugar respeitado na vida de nossa nação. Agora é frequentemente tratada com derrisão. Para os crentes isso é novo, muito desagradável e uma grande tentação à covardia"

"Mas se alegamos ser seguidores de Jesus Cristo, não podemos evitar a cruz. Se queremos manter nossa identidade católica, ela vem com um preço em testemunho pessoal e isso pode ser doloroso", diz o Arcebispo.

Aos críticos que dizem que sua abordagem da identidade católica é a de um "guerreiro cultural" fora de sintonia com o que seria uma abordagem mais "pastoral", o Arcebispo responde com o termo "projeção" tomado de empréstimo à psicologia.

"É o hábito, um hábito muito comum, de projetar nos outros as atitudes e pecados de que somos nós mesmos culpados. Toda vez que alguém atira a acusação de 'guerreiro cultural', é útil dar uma olhada mais de perto nos próprios motivos da pessoa. Guerreiros culturais os há de todos os formatos, tamanhos e lugares no espectro cultural, inclusive um bom número dos que se descrevem como progressistas, e para quem a palavra 'pastoral' frequentemente se traduz como acomodação e indulgência", prossegue.

Para o Arcebispo, "a Escritura nos recorda que precisamos falar a verdade com amor. Pessoas humanas sempre demandam nosso respeito como filhos de Deus. Mas nós ainda precisamos falar a verdade. Condenar pessoas é errado. Dar nome e resistir a comportamentos destrutivos é correto e frequentemente necessário, e não fazê-lo é falta de coragem. Se o conflito resulta de simplesmente dizer a verdade, não há razão para pedir desculpas por isso ou ter medo. Conflito é uma lamentável, mas inevitável parte num mundo caído. Nunca é pastoral fazer alguém se perder, seja por nossas palavras ou por nosso silêncio", diz Dom Chaput.

O Arcebispo emérito acha que quem não considera o governo do presidente John Biden um problema muito prejudicial para a Igreja e para todos os católicos americanos que levam a sério os ensinamentos de sua fé está "se iludindo e iludindo os outros".

Biden apóia o aborto e a união de homossexuais, embora se diga um católico praticante.  "Não se pode ser católico e escolher os assuntos sobre os quais você decide acreditar. Pode-se certamente tentar e aproveitar o aplauso, mas o catolicismo da grande tenda", como se diz nos Estados Unidos sobre uma atitude pastoral menos exigente doutrinalmente que acomode várias opiniões sobre temas centrais, "cedo ou tarde acaba como uma tenda vazia", explica Dom Chaput, porque "ninguém, na verdade, precisa" desse catolicismo.

O Arcebispo diz que sua aposentadoria tem sido um dom. Ela lhe deu tempo para pensar, entender coisas e cultivar a gratidão. "Eu tenho muito, muito a agradecer. Meu sacerdócio e meu ministério como bispo, e as amizades e s experiências que vieram com eles, tornaram minha vida muito rica. Deus é real, e Deus é bom", conclui.

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