22 de novembro de 2024 Doar
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Católicos na Nigéria têm que rezar em segredo por causa do terror islâmico

Padre caminha em frente à Igreja de St. Leo, a maior do estado de Enugu (Nigéria). Crédito: Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Os católicos da Nigéria estão se reunindo para rezar em segredo, pois têm medo de visitar as igrejas que foram abandonadas em suas cidades depois de serem profanadas e destruídas pelo grupo terrorista Boko Haram, afirma a Cáritas Nigéria.

Boko Haram, nome que pode ser traduzido como "a educação ocidental é proibida", é um grupo radical afiliado ao Estado Islâmico que surgiu por volta de 2009. Desde então, vem cometendo ataques terroristas contra cristãos na Nigéria, obrigando-os a fugir de suas casas. São mais de 2,4 milhões de pessoas deslocadas pelo Boko Haram em todo o país.

Doris Mbaezue, porta-voz da Cáritas Nigéria, disse à ACI África, agência do Grupo ACI, em 23 de março, que várias cidades, especialmente no nordeste e norte do país, foram destruídas, incluindo as igrejas e centros paroquiais.

Na Diocese de Yola, estado de Adamawa, região mais populosa do país, é comum ver igrejas e edifícios eclesiásticos abandonados, alguns até profanados e queimados. O mesmo ocorre na Diocese de Maiduguri, no estado de Borno.

"As igrejas estão abandonadas. Os católicos na Nigéria são conhecidos por ser uma comunidade cheia de energia e entusiasmo na Igreja, mas isso já não é assim, especialmente nos estados de Adamawa e Borno", disse Mbaezue.

A porta-voz explicou que, por medo a sofrer ataques terroristas, os católicos não visitam mais as igrejas e centros paroquiais; em vez disso, se reúnem secretamente em "lugares indefinidos" para rezar juntos.

"Hoje, se organizam e se encontram em lugares totalmente indefinidos para saciar sua sede de orações comunitárias. Eles não vão mais aos seus locais de culto, porque sabem que podem morrer se o fizerem", acrescentou.

Aqueles que permanecem nas aldeias enfrentam o perigo de serem atacados todos os dias e sua movimentação é restringida, inclusive sendo proibidos de ir aos seus sítios. Como resultado, muitos fugiram em busca de segurança e agora vivem em áreas do governo local, onde dependem de agências de desenvolvimento para seu sustento.

Mbaezue destacou que, apesar de todos os desafios, a fé dos habitantes continua crescendo a cada dia. "As pessoas professam sua fé com orgulho. Poderia se imaginar que os ataques que têm como alvo os religiosos os espantaria, mas não", disse.

"Os sacerdotes e seminaristas que estão dando a sua vida pela fé" são "a motivação mais forte para o povo aqui. Cada vez mais pessoas estão dispostas a morrer para defender a própria fé".

O apoio da Igreja Católica

A Cáritas Nigéria trabalha com outras entidades locais e internacionais para aliviar o sofrimento dos deslocados internos nas 58 dioceses do país.

"Os jovens nigerianos se arriscam todos os dias tentando sair do país em busca de melhores oportunidades, principalmente na Europa. Eles passam pela Líbia e muitos deles morrem no deserto", explicou, e disse que a Cáritas ajuda os migrantes a reconstruir suas vidas.

Outras instituições de caridade que trabalham ao lado da Cáritas são a Catholic Relief Services (CRS), a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), a Conferência Episcopal Italiana (CEI). A ajuda prestada se concentra especialmente nos estados de Adamawa e Borno, onde vive o maior número de vítimas do Boko Haram.

"As crianças nesses estados estão gravemente desnutridas por causa da ação dos insurgentes, que causou a perda dos meios de subsistência das pessoas e a fome", disse ela.

A Cáritas Nigéria também trabalha em parceria com o governo nigeriano para fornecer três refeições por dia aos deslocados internos do Estado de Borno, que vivem em abrigos.

A porta-voz da Cáritas Nigéria afirmou que o país não se resume à insurgência, "existem cerca de seis zonas geopolíticas na Nigéria onde a vida continua normalmente. Mas, a mídia tem essa forma de moldar uma mentalidade e agora as pessoas pensam apenas no Boko Haram quando ouvem sobre a Nigéria."

"A Nigéria está repleta de vegetação. Temos azeite de dendê, temos mandioca, preparamos mais de 250 pratos que fazem delícias em todos os lugares. Temos pessoas altamente capacitadas que fazem artesanatos que são vendidos internacionalmente e temos uma cultura de vestuário única", finalizou.

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