17 de novembro de 2024 Doar
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Morre o Cardeal Tumi, lutador da paz nos Camarões

Cardeal Christian Tumi | Domínio Público

O Papa Francisco expressou suas condolências neste domingo de Páscoa pela morte do arcebispo emérito de Douala (Camarões), cardeal Christian Tumi, e ofereceu suas orações por meio de um telegrama.

O cardeal Christian Tumi morreu em 2 de abril, aos 90 anos. Ele foi o primeiro cardeal dos Camarões e um lutador incansável pela paz em meio à crise anglófona em seu país.

No telegrama, o Santo Padre enviou suas orações aos familiares e entes queridos do cardeal, bem como a todas as pessoas afetadas por este luto.

O Papa recordou que o cardeal Tumi como bispo de Yagoua, depois arcebispo de Garoua e em seguida de Douala, "deixou uma marca indelével na Igreja, bem como na vida social e política de seu país, sempre se empenhando com coragem na defesa da democracia e na promoção dos direitos humanos" e acrescentou que mesmo com sua idade avançada "manteve-se sempre disponível ao serviço da paz e da reconciliação".

Por último, o pontífice destacou que Dom Tumi foi criado cardeal por São João Paulo II em 1988 e "foi um fiel colaborador dos papas, assumindo vários cargos na Cúria Romana", e concluiu pedindo "que o Senhor acolha o seu servo na sua paz e alegria!".

Um vídeo publicado nas redes sociais em novembro de 2020 revelou uma conversa que aconteceu enquanto o cardeal Tumi estava preso durante a noite por milícias separatistas quando viajava pela região noroeste dos Camarões.

No vídeo, um dos sequestradores do cardeal o confrontou porque havia exortado os combatentes nos Camarões a deporem as armas, e depois lhe ordenou que compartilhasse a mensagem dos separatistas ao público.

Diante disso, o cardeal respondeu: "Pregarei a verdade com convicção pastoral e convicção bíblica. Ninguém tem o direito de me dizer para pregar o contrário porque fui chamado por Deus".

Em outro ponto do vídeo, o cardeal disse aos seus sequestradores: "Quando falo, falo como um pastor e não posso deixar de fazer isso. Se eu parar de fazer isso, não serei fiel a Deus, o Todo-Poderoso".

O sequestro do arcebispo emérito de Douala ocorreu em meio a um conflito entre separatistas e forças governamentais nos territórios de língua inglesa na região noroeste e sudoeste dos Camarões.

As tensões aumentaram depois que professores e juízes que falam francês foram enviados para trabalhar em regiões anglófonas historicamente marginalizadas em 2016, e a disputa é conhecida como crise anglófona.

O cardeal Tumi se esforçou ativamente na busca de uma solução pacífica para a crise por meio do diálogo após sua aposentadoria como arcebispo de Douala.

O cardeal ajudou a criar a Conferência Geral Anglófona, um marco para o diálogo entre todas as partes no conflito anglófono.

A crise dos Camarões tem suas raízes no conflito entre as áreas de língua inglesa e francesa dos Camarões. A área era uma colônia alemã no final do século XIX, mas o território foi dividido em mandatos britânicos e franceses após a derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial. Os mandatos se uniram em um Camarões independente em 1961.

Biografia breve

O cardeal Christian Wiyghan Tumi nasceu no que hoje é o noroeste dos Camarões, em 15 de outubro de 1930. Foi ordenado sacerdote em 1966 na diocese de Buéa.

Estudou na Nigéria e no Reino Unido antes de obter a licenciatura em Teologia Sagrada de um instituto católico em Lyon (França) e um diploma adicional em Filosofia pela Universidade de Friburgo (Suíça).

Ele serviu como bispo nas regiões francófonas do país desde 1979. Foi presidente da Conferência Episcopal dos Camarões de 1985 a 1991 e presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM) de 1990 a 1994.

O Papa João Paulo II o nomeou cardeal em 1988 e três anos depois o nomeou arcebispo de Douala, cargo que ocupou até sua aposentadoria em 2009.

O cardeal Tumi recebeu o prêmio Nelson Mandela, em julho de 2019, por seus esforços na promoção da paz e dos direitos humanos.

Além disso, publicou uma memória no final de 2020 intitulada "Minha noite de cativeiro", na qual escreveu: "Tudo o que eu quero é que as armas se calem e que a paz volte ao país".

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