11 de dezembro de 2024 Doar
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A chama que Jesus acendeu em Santa Teresa D’Ávila continua a brilhar, diz o Papa

Papa Francisco e retrato de Santa Teresa D’Ávila. | ACI Prensa

A Diocese de Ávila iniciou o Congresso pelos 50 anos da proclamação de Santa Teresa de Jesus, também conhecida como Santa Teresa D'Ávila, como Doutora da Igreja com uma missa inaugural no convento da santa, na qual foi lida uma carta enviada pelo Papa Francisco ao bispo, Dom José María Gil Tamayo, por ocasião do aniversário.

O Pontífice recordou na sua carta que Santa Teresa de Jesus "foi a primeira mulher a receber" o título de Doutora da Igreja, como reconhecimento "do precioso magistério que Deus nos deu nos seus escritos e no testemunho da sua vida".

"Apesar dos cinco séculos que nos separam de sua existência terrena - assegurou o Papa - a chama que Jesus acendeu em Teresa continua a brilhar neste mundo sempre necessitado de testemunhas corajosas, capazes de derrubar qualquer muro, seja ele físico, existencial ou cultural."

Também destacou que "a sua coragem, a sua inteligência, a sua tenacidade, à qual ela uniu uma sensibilidade pela beleza e uma maternidade espiritual para com todos os que se aproximavam da sua obra, são um exemplo único do papel extraordinário que a mulher desempenhou ao longo da história na Igreja e na sociedade".

O Santo Padre recomendou continuar se aproximando dos escritos de Santa Teresa de Jesus, porque "tê-la como amiga, companheira e guia em nossa peregrinação terrestre confere segurança e paz de espírito".

"O seu exemplo – afirmou o Pontífice - não é apenas para nossos irmãos e irmãs que sentem o chamado à vida religiosa, mas para todos os que desejam progredir no caminho da purificação de toda a mundanidade, que leva ao desposório com Deus, às elevadas moradias do castelo interior."

Por fim, o Papa Francisco destacou a grande devoção que Santa Teresa tinha por São José: "Ela o tomou como seu mestre, advogado e intercessor; confiou-se a ele, estando certa de que receberia as graças que pedia."

"A partir de sua experiência, ela encorajou outros a fazerem o mesmo. Tal era sua devoção que percorreria as terras de Castilha e Andaluzia acompanhada pela imagem de São José."

"Os santos andam sempre de mãos dadas e nos sustentam pela confiança depositada em sua intercessão", concluiu o Santo Padre.

Biografia de Santa Teresa

Santa Teresa de Jesus nasceu no dia 28 de março de 1515, em uma nobre família de Ávila, na Espanha, filha de Alonso Sánchez de Cepeda e Beatriz de Ahumada.

Seu nome antes de tomar os hábitos era Teresa de Ahumada. Mudou-o para Teresa de Jesus ao se tornar religiosa.

Quando criança, mostrou sinais de profunda espiritualidade, embora no início não considerasse a ideia de ser religiosa.

Ela conta em sua primeira obra, o "Livro da Vida", como aos 6 anos fugiu de casa com seu irmão Rodrigo para chegar a terras muçulmanas e ali buscar o martírio. A fuga não foi muito longe porque, quando ainda estavam a uma curta distância, o tio os interceptou e os levou de volta para casa.

Aos 13 anos, morreu sua mãe e o seu pai a internou no Colégio da Graça, das agostinianas, em 1951. Em 1535, após um processo de discernimento, descobre sua vocação religiosa e entra no Convento da Encarnação, em Ávila, apesar da opinião contrária de seu pai.

Mas a doença irá atravessar o seu caminho e, em 1537, teve que abandonar o convento para receber cuidados médicos. Curada da doença, voltou ao Convento da Encarnação em 1539 com graves consequências que a deixaram praticamente inválida durante três anos.

Alguns anos depois, em 1544, o pai de Teresa morreu. Após dez anos de paz no convento, ela começou a receber revelações sobrenaturais muito explícitas na quaresma de 1554. Teresa tinha então 39 anos. Sua primeira experiência mística aconteceu em intensa oração diante de um Cristo coberto de feridas.

Das visões e revelações que recebeu, ficou impactada com a visão do inferno devido ao seu extremo realismo. A experiência de ter percebido o inferno tal como é, a levou a tomar uma decisão: insatisfeita com o relaxamento com que viviam a regra do convento, propôs reformá-la e iniciar uma série de fundações.

Com grandes dificuldades começou a fundar conventos nos quais a regra do Carmelo se vivia com rigor. O primeiro foi o Convento de São José de Ávila. Essa fundação aparece em outra de suas grandes obras literárias, o "Livro das Fundações".

O convento foi definitivamente fundado em 24 de agosto de 1562, com muita oposição de alguns setores da Igreja, que chegaram a acusar Teresa de heresia. A santa foi obrigada a deixar o novo convento de São José, que contava apenas com 4 religiosas, e regressar ao convento da Encarnação.

A mudança, que Teresa assume com obediência, causa-lhe grande pesar. Deixa a austeridade de seu pequeno convento de São José, onde podia viver a regra do Carmelo como Deus lhe pedia viver, pelas comodidades do Convento da Encarnação.

Mas, recebe uma nova revelação na qual Deus pede que tenha confiança e que não desanime. Um ano depois de deixar seu convento, voltou a São José e iniciou uma grande atividade de novas fundações, administração da ordem e atividade literária.

Sua profunda vida espiritual se reflete em outra de suas grandes obras, uma das principais obras do misticismo, "O Caminho da Perfeição", onde escreve reflexões e conselhos para a vida contemplativa, bem como uma conhecida meditação sobre a oração do Pai-Nosso.

No total, ao longo de sua vida, Teresa fundou 17 conventos. Aos três livros já mencionados, "Livro da Vida", "Livro das Fundações" e "Caminho da Perfeição", deve-se acrescentar o "Moradas do Castelo Interior".

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Nele, Santa Teresa explica o caminho da fé para alcançar a plena comunhão com Deus, através de um caminho no qual o cristão deve percorrer uma série de etapas para ir de morada em morada até a morada definitiva de Deus.

Santa Teresa de Jesus morreu em Alba de Tormes em 4 de outubro de 1582, foi beatificada pelo Papa Paulo V em 1614 e canonizada por Gregório XV em 1622. O Papa Paulo VI a nomeou doutora da Igreja em 1970.

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