18 de dezembro de 2024 Doar
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Mianmar precisa da luz da misericórdia de Deus, diz cardeal

Imagem referencial | Unsplash

O cardeal Charles Maung Bo, presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, exortou os católicos de Mianmar a compartilhar a misericórdia de Deus em meio ao sofrimento causado pelo golpe militar de 1º de fevereiro, que depôs o governo civil de Aung San Suu Kyi.

"Hoje, mais do que nunca, nossa comunidade precisa da misericórdia. Milhões estão morrendo de fome. Antes que pudessem sair desta desgraça, chegou o golpe. A maioria do nosso povo morre de fome. Precisamos compartilhar nossos recursos. Por mais pobres que sejamos, poderíamos compartilhar algo. Esse é o sinal da Divina Misericórdia", disse o cardeal Bo em sua homilia de 11 de abril.

Em Mianmar, há confrontos sangrentos entre as forças de segurança e os manifestantes que protestam contra o golpe militar. Desde o início da crise, mais de 500 pessoas morreram, incluindo 44 crianças.

O cardeal Bo, também arcebispo de Yangon, assegurou que a fome não é o único problema que seu povo enfrenta, mas "eles estão com medo, estão traumatizados, seu espírito está quebrado pela violência nas ruas".

"Precisam de palavras, palavras de conforto. Precisamos visitar as pessoas que perderam seus entes queridos para o ódio ... Todos precisam de palavras reconfortantes, como Jesus tranquilizou os seus discípulos: 'Não tenham medo; estou sempre convosco'", disse ele.

O cardeal Bo realizou uma visita pastoral no domingo da Divina Misericórdia a Myitkyina, na região norte do estado de Kachin, que experimentou uma das piores situações de violência enquanto as forças de segurança reprimem os manifestantes do golpe militar.

"Myitkyina tem sido notícia por motivos tristes e por razões de fé e sacrifício. Motivos tristes pela grande tragédia de matar inocentes nas ruas, principalmente em frente à igreja. A Igreja foi arrastada para a luta do nosso povo, chamada a acompanhar o nosso povo em seu sangue e lágrimas", lamentou o cardeal.

O cardeal acredita que para muitos de seus compatriotas "a décima terceira estação da Cruz, de Nossa Mãe chorando pelo cadáver de seu Filho, tornou-se uma realidade".

"Vivemos em um país onde centenas de mães vivem com lágrimas inconsoláveis ​​e corações feridos, como nossa Mãe Maria, com a visão de seus filhos e filhas torturados e assassinados. A todas essas mães e a todos vocês diretamente envolvidos, oramos com a graça que brota do coração de Jesus", afirmou.

Sua visita ocorreu dias depois que a mídia noticiou que mais de 80 pessoas foram mortas por fogo de artilharia pesada em protestos na cidade de Bago, em 9 de abril.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU alertou que o aumento dos preços dos alimentos representa uma ameaça significativa para os pobres e vulneráveis ​​do país, incluindo as milhares de pessoas que foram deslocadas pela violência.

As igrejas e templos budistas da região de Kachin também foram alvo de incursões e buscas militares, segundo a agência vaticana Fides.

"Precisamos da luz da misericórdia de Deus em Mianmar", disse o cardeal Bo, exortando os católicos a praticarem obras de misericórdia e orações contínuas pela paz.

"Não paguemos a desumanidade com a desumanidade. Não paguemos a brutalidade com brutalidade. A guerra civil prejudicaria a todos e levaria décadas para ser curada. Não sigamos por este caminho de autodestruição", pediu.

O cardeal Bo ressaltou o testemunho de Santa Faustina Kowalska sobre a Divina Misericórdia. Convidou os católicos a rezarem o Terço da Divina Misericórdia e a recordarem a ressurreição do Senhor.

"Vimos tantos feridos, tanto sangue, tantas atrocidades contra pessoas inocentes: é difícil para nós acreditar que Deus está presente no meio desta escuridão. Sim, em meio a toda essa escuridão, meus irmãos e irmãs, é importante acreditar que Deus finalmente triunfará sobre o mal", disse o cardeal.

"Jesus é o curador ferido. Suas feridas limpam nossa dor hoje. Roguemos a Jesus: Ajuda-nos, Senhor, quando nossa terra esteja ferida e sangrando de ódio, sejamos curadores feridos. Tenhamos a graça e a coragem de perdoar e reconciliar os nossos piores inimigos e dar-lhes o benefício do amor", concluiu.

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