21 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco: ser católico é "fazer-se próximo"

Papa Francisco recebe os membros da Ação Católica Italiana. | Vatican Media

Ser "católico" é "fazer-se próximo", disse o Papa Francisco hoje, 30 de abril, em discurso aos membros da Ação Católica Italiana. O papa destacou a gratuidade do serviço da Ação Católica e alertou contra a tentação do funcionalismo. A identidade católica da organização deve se expressar na gratuidade do serviço e na proximidade aos demais, especialmente enquanto a Itália ainda enfrenta a pandemia, disse Francisco.   

Os membros da Ação Católica Italiana estão reunidos para a XVII Assembleia Nacional, que se realiza on-line de 25 de abril a 2 de maio. O tema da assembleia é: "Tenho um povo numeroso nesta cidade".

O Papa destacou aos presentes as três palavras que compõem o nome da associação: ação, católica e italiana. "Podemos perguntar-nos o que esta palavra ação significa, e em particular, quem é o artífice desta ação", disse o papa.

"A pandemia fez postergar muitos projetos, exigindo que cada pessoa enfrentasse o inesperado. Acolher o inesperado, em vez de ignorá-lo ou rejeitá-lo, significa permanecer dócil ao Espírito e, sobretudo, fiel à vida dos homens e mulheres de nosso tempo. Convido-os a assegurar que a busca de uma síntese entre Palavra e vida, que faz da fé uma experiência encarnada, continue a caracterizar os caminhos de formação da Ação Católica", expressou.

"Devemos ter muito cuidado para não cair na ilusão do funcionalismo. Programas, organogramas são úteis, mas como um ponto de partida, como inspiração. O que avança o reino de Deus é a docilidade ao Espírito e a presença do Senhor. A liberdade do evangelho...
O Evangelho é desordem, porque quando o Espírito chega faz barulho, a tal ponto que a ação dos apóstolos parece a ação dos bêbados. A docilidade ao Espírito é revolucionária, porque Jesus Cristo é revolucionário, porque a Encarnação é revolucionária", disse o Papa.

"Que características deve ter a ação, o trabalho da Ação Católica?", perguntou o papa. "Eu diria, antes de tudo, gratuidade. O impulso missionário não se situa na lógica da conquista, mas naquela do dom. A gratuidade, fruto maduro do dom de si, pede a vocês que se dediquem a suas comunidades locais, assumindo a responsabilidade da proclamação".

"Uma segunda característica de sua atividade que eu gostaria de enfatizar é a humildade e a mansidão. Humildade e mansidão são as chaves para o serviço vivo, não para ocupar espaço, mas para iniciar processos", assinalou.

Sobre a palavra "católica", o Santo Padre destacou que ela "qualifica sua identidade" e indica "que a missão da Igreja não tem limites". "A palavra "católico" pode, portanto, ser traduzida com a expressão "fazer-se próximo"", sublinhou.

"O tempo da pandemia, que pediu e ainda pede para aceitar formas de distanciamento, tornou ainda mais evidente o valor da proximidade fraterna: entre pessoas, entre gerações, entre territórios. Ser uma associação é precisamente uma forma de expressar este desejo de viver e acreditar juntos. Por serem uma associação, hoje vocês testemunham que a distância nunca pode se tornar indiferença, jamais pode se tornar distanciamento".

Finalmente o terceiro e último termo, 'italiana". "A associação de vocês sempre fez parte da história italiana e ajuda a Igreja na Itália a ser um gerador de esperança para todo o seu país".

"Uma Igreja do diálogo é uma Igreja sinodal, que se mantém unida ouvindo o Espírito e aquela voz de Deus que nos chega através do grito dos pobres e da terra - comenta o Papa - Devemos ser precisos quando falamos de sinodalidade, do caminho sinodal, não é um parlamento, sinodalidade não é apenas a discussão de problemas, de coisas diferentes que estão na sociedade. A sinodalidade não está buscando um acordo majoritário sobre soluções pastorais."

"Sua contribuição mais valiosa pode vir, mais uma vez, da vossa secularidade, que é um antídoto para a auto-referencialidade. Fazer um sínodo não é olhar para o espelho, mas caminhar juntos atrás do Senhor e na direção das pessoas. A secularidade é também um antídoto para a abstração: um caminho sinodal deve levar a fazer escolhas. E essas escolhas, para serem praticáveis, devem partir da realidade. Não para deixá-lo como ele está, obviamente, mas para tentar ter um impacto sobre ele, para transformá-lo de acordo com o projeto do Reino de Deus", concluiu.

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