21 de novembro de 2024 Doar
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Igreja celebra o dia do Martírio do Clero Polonês

Padre polonês reza no local do campo de concentração de Dachau | Conferência Episcopal Polonesa

A Polônia celebrou ontem, 29 de abril o dia do Martírio do Clero Polonês. A iniciativa da Conferência Episcopal Polonesa recorda os milhares de sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas mortos pelo nazismo e pelo comunismo. A data marca o dia em que tropas americanas libertaram religiosos presos com outros 30 mil prisioneiros no campo de concentração de Dachau, Alemanha, em 1945.

Dachau foi o lugar escolhido pelos nazistas para enviar os religiosos católicos para trabalhos forçados. Muitos foram mortos. Ali estiveram presos mais de 3.000 padres e bispos católicos de várias nações durante a Segunda Guerra Mundial. 

Segundo a Conferência episcopal polonesa, dos cerca de 3.000 religiosos presos, 1.773 eram padres e bispos oriundos da Polônia. Só ali, os alemães mataram 886 membros do clero polonês. Ao longo de toda a Segunda Guerra Mundial estima-se que um em cada cinco padres diocesanos na Polônia morreu assassinado. Algumas dioceses polonesas chegaram a perder 80 por cento de seu clero na guerra.

"Em Dachau, a maioria dos clérigos que foram assassinados eram poloneses", revela o Jan Żaryn, diretor do Instituto para o Patrimônio do Pensamento Nacional na Polônia. Segundo Żaryn, o martírio dos sacerdotes poloneses estava relacionado com seu caráter, pois se recusavam a renunciar à fé cristã, contrária ao caráter pagão do nazismo.

Żaryn disse que entre as vítimas de Dachau havia sacerdotes e clérigos jovens que se destacavam no seu ministério. Um deles é o Beato Padre Stefan Frelichowski, "um sacerdote que além de beato é padroeiro dos escoteiros na Polônia", comentou.

Segundo o historiador, entre os sacerdotes entre martirizados em Dachau também estava "o Beato Padre Edward Detkens ligado ao ministério acadêmico em Varsóvia".

Os sacerdotes e bispos poloneses presos em Dachau fizeram um voto durante seu período no campo de concentração: se sobrevivessem, fariam uma peregrinação ao Santuário de São José em Kalisz, a cerca de 200 km de Varsóvia. Lá fica a Capela do Martírio e da Gratidão, onde estão gravados os nomes de 1.800 sacerdotes diocesanos e religiosos, de várias nacionalidades, que foram mortos em Dachau. A capela foi criada em 1970 por iniciativa de padres que sobreviveram ao campo de concentração alemão.

Poucas horas antes da entrada das tropas americanas, os soldados alemães planejavam matar todos os prisioneiros e destruir o campo de Dachau.

Segundo o comunicado enviado pela Conferência Episcopal da Polônia, celebrara este dia é dar "continuação às peregrinações de ação de graças dos sacerdotes resgatados do campo de concentração de Dachau".

"Além disso, neste ano, no Santuário de São José em Kalisz, ofereceremos uma oração de ação de graças pelos sacerdotes que foram resgatados do campo de concentração em Dachau e uma oração por nossos irmãos no sacerdócio que sofreram a morte e deram testemunho de sua fidelidade a Cristo em tantos locais de extermínio e sofrimento durante a última guerra mundial".

Um testemunho conhecido de sacerdote polonês assassinado neste período é o do franciscano São Maximiliano Maria Kolbe, que morreu no campo de concentração de Auschwitz, oferecendo sua vida aos nazistas para poupar a de um companheiro de prisão, Franciszek Gajowniczek.

"Também heróico foi o papel das ordens masculinas e femininas em salvar judeus, sobretudo a partir de 1942 qundo os judeus, conscientes do Holocausto em curso, começaram a fugir dos guetos para a assim chamada parte ariana", disse o historiador.

Muitos membros do clero polonês que morreram na Segunda Guerra eram capelães militares, que foram à guerra para acompanhar os soldados espiritualmente e dar-lhes os sacramentos.

O Dia do Martírio do Clero polonês também foi ocasião de recordar a memória das centenas de padres que foram vítimas do comunismo, como o beato padre Jerzy Popiełuszko, assassinado pelos agentes do Serviço de Segurança em outubro de 1984 em Varsóvia.

Durante o período stalinista na União Soviética, sob cuja esfera de influência esteve a Polônia comunista, cerca de mil padres, ou 10 por cento do clero polonês, passaram pelas prisões comunistas e os gulags, disse Żaryn.

"Eram capelães do Exército Nacional e, mais tarde, assistentes sociais católicos ativos. Penso no padre Tomasz Rostworowski ou no padre Zygmunt Kaczyński (...) provavelmente assassinado na prisão em maio de 1953", disse o diretor do Instituto para o Patrimônio de Pensamento Nacional.

O historiador recordou ainda que, embora não tenham sido assassinados pelo comunismo, as figuras mais importantes da Igreja na Polónia na época do regime soviético como o futuro beato cardeal Stefan Wyszyński, Arcebispo de Varsóvia que será elevado aos altares no próximo 12 de setembro, "estavam constantemente sob a ameaça do martírio".

Devido à pandemia, a Conferência Episcopal pediu que, excepcionalmente este ano, os padres de toda a Polônia a se unissem em oração aos padres pela internet e não presencialmente no Santuário de São José.

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