REDAÇÃO CENTRAL, May 6, 2021 / 11:15 am
O pastor protestante da "igreja mãe da reforma protestante" na Alemanha, onde o próprio Martinho Lutero pregava, disse que o Caminho Sinodal da Igreja alemã é "o caminho errado" e está forçando a "protestantização da Igreja Católica".
Em uma carta enviada por ocasião da Páscoa à revista alemã Vatican Magazin, o pastor luterano Alexander Garth, da Igreja de Santa Maria em Wittenberg, disse que vê "com preocupação" tanto o Caminho Sinodal como a iniciativa Maria 2.0, movimento com objetivos semelhantes.
"A democratização de uma igreja nacional sempre significa que um populismo, um cristianismo mínimo se converte no padrão eclesial levando toda a igreja a ser banalizada e o Evangelho diluído", escreveu.
Garth acredita que esses "reformadores" da Igreja Católica deveriam se tornar protestantes. Nas igrejas protestantes, diz, "vocês encontrarão tudo pelo qual lutam: sacerdotes mulheres, uma constituição sinodal, pastores casados, feminismo".
Mas, advertiu, "o estado espiritual e físico da Igreja Protestante é muito pior, e as repercussões da secularização ainda mais devastadoras, do que na Igreja Católica".
A Igreja Católica na Alemanha está além da metade de seu controvertido Caminho Sinodal de dois anos, que deve terminar em fevereiro de 2022.
Seus proponentes, que incluem a maioria dos bispos da Alemanha, veem nele um meio necessário para reformar a Igreja após a crise do abuso sexual. Os críticos, porém, dizem que o caminho ameaça minar a estrutura hierárquica, a autoridade e o ensinamento moral da Igreja, levando a um possível cisma.
Maria 2.0, um movimento leigo alemão de mulheres fundado em 2019 em resposta à crise dos abusos sexuais, tem como objetivo erradicar o que seus membros entendem como sexismo na Igreja e, assim como alguns bispos do Caminho Sinodal, defende a ordenação das mulheres e o fim do celibato sacerdotal. Suas duas fundadoras deixaram formalmente a Igreja Católica no mês passado.
Garth, que se descreve na carta "como um protestante de coração católico e pastor no púlpito de Martinho Lutero", disse considerar a protestantização da Igreja Católica "uma grande desgraça, pois este mundo precisa do perfil católico da espiritualidade da Igreja, com lealdade ao Papa, devoção mariana e o exemplo dos santos".
O mundo cristão, acrescentou, "precisa da identidade católica, pois seria uma grande perda para a cristandade se a cor católica da fé perdesse sua intensidade".
Ele também lembrou o precedente de um caminho sinodal protestante durante o Terceiro Reich que, segundo ele, resultando no que a maioria nazista desejava, "contaminando, pervertendo e paralisando espiritualmente toda a igreja com o demônio nazista".
A igreja protestante no Terceiro Reich, disse o pastor Garth, foi uma história de "traição à fé" com a "luminosa exceção" de Dietrich Bonhoeffer, o pastor luterano executado em 1945.
Wittenberg está intimamente ligada a Lutero, pois é o lugar onde fica a Igreja de Todos os Santos, em cuja porta o monge agostiniano pregou suas famosas 95 teses que marcaram o início da Reforma Protestante. Ele também ensinava teologia na universidade local.
A igreja de Santa Maria em Wittenberg, também conhecida como "Stadtkirche", é famosa não só por seu púlpito de onde Lutero e seu companheiro reformador, Johannes Bugenhagen, pregaram por muitos anos no século XVI, mas também por ser a primeira igreja do mundo a realizar liturgias protestantes e a primeira a realizá-las na língua alemã em vez do latim.
Texto originalmente publicado por Edward Pentin en National Catholic Register, traduzido e adaptado por ACI Digital.
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