6 de dezembro de 2024 Doar
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Biógrafo de João Paulo II: Igreja alemã deve ser fiel à Revelação

Catedral de Limburg, na Alemanha. Crédito: Phantom3Pix via Wikimedia (CC BY-SA 4.0)

A Igreja na Alemanha é chamada a seguir a verdade revelada e não o "espírito dos tempos", afirma George Weigel, biógrafo do papa São João Paulo II, em resposta às recentes declarações do presidente da Conferência Episcopal Alemã em relação ao Caminho Sinodal.

Weigel, que também é teólogo, conversou com a CNA, agência em inglês do grupo ACI, sobre o Caminho Sinodal e as declarações de dom Georg Bätzing, bispo de Limburg.

CNA: O bispo Bätzing parece querer caminhar sobre uma linha tênue, permanecendo fiel a Roma e agradando aqueles que já anunciam "reformas". Existe um ponto médio aí? Se houver, como seria realmente este ponto médio?

Weigel: O assunto aqui não é "Roma" vs. "reformas". O assunto é a fidelidade à verdade do Evangelho vs. a fidelidade ao Zeitgeist, "o espírito dos tempos". Dito de outra forma, o assunto em questão no Caminho Sinodal alemão é se a revelação divina - sobre a indissolubilidade do matrimônio, a dignidade para receber a Santa Comunhão ou a ordem adequada para nossos afetos humanos - é real e tem um poder vinculante sobre o tempo, em qualquer situação cultural. Esse também foi o tema nos sínodos de 2015 e 2018.

CNA: O bispo Bätzing afirma que "o Caminho Sinodal se compromete, em particular no que se refere ao tema das relações bem-sucedidas, a discutir em um contexto amplo, que considere também a necessidade, a possibilidade e os limites do desenvolvimento do Magistério da Igreja. As perspectivas apresentadas pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) vão encontrar espaço nestes debates". As afirmações da CDF são meras "perspectivas" que podem ser debatidas ou são a base para o debate?

Weigel: Quando a CDF fala com autoridade, como fez sobre a questão se era possível para a Igreja "abençoar" casais do mesmo sexo, não está oferecendo uma "perspectiva", mas fala sobre a verdade da fé católica. Se o bispo Bätzing e outros na hierarquia alemã não aceitam essas verdades, deveriam ter a honestidade de dizê-lo. E se eles aceitam essas verdades, também deveriam ter a coragem de dizer.

CNA: Com base no texto de trabalho, dom Bätzing está correto quando diz que: "A questão central é como podemos falar sobre Deus hoje e chegar a uma fé mais profunda. A fé pode crescer e aprofundar-se se nos libertarmos dos medos e dos bloqueios mentais, se nos questionarmos e procurarmos formas de a Igreja hoje estar presente para as pessoas"?

Weigel: A "questão central" é a que o Senhor Jesus disse que era, é e sempre será: "Quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8). Claro que a Igreja deve sempre falar a verdade do Evangelho de forma que possa ser escutada pelas pessoas em um determinado tempo e cultura, que é o que São Paulo tentou fazer no Areópago de Atenas em Atos 17, e o que o (Concílio) Vaticano II instruiu a Igreja a fazer hoje: falar a verdade de maneira que a verdade possa ser ouvida.

O problema que eu e muitos outros temos quando ouvimos o bispo Bätzing, seus colegas episcopais com posturas similares e o Comitê Central dos Católicos Alemães, é que não escutamos a voz do Senhor, o Evangelho ou a verdade, mas a voz do pós-modernismo.

CNA: Há possibilidades para o diaconato feminino? O diaconato pode estar separado dos outros graus de ordens maiores?

Weigel: Se o diaconato não fizesse parte de um tríplice sacerdócio composto pelo episcopado, o presbiterado e pelo diaconato, então sim, as mulheres poderiam ser diaconisas. Mas se o diaconato não fizesse parte deste tríplice sacerdócio, então nenhum dos que pressionam pela ordenação de mulheres ao diaconato estaria interessado nisso, porque essa campanha é um falso pretexto para que se ordenem mulheres sacerdotes e, eventualmente, bispas. É uma campanha de clericalismo que parece imaginar que os católicos que importam são apenas os que estão nas ordens sagradas. O Vaticano II rejeitou resolutamente essa eclesiologia clericalista.

Porém, e de fato, entendo que no ensinamento da Igreja está estabelecido que o diaconato, como mencionado em Atos 6, faz parte desse tríplice sacerdócio. Portanto, a Igreja não tem autoridade para ordenar mulheres ao diaconato, assim como não tem autoridade para ordenar mulheres ao sacerdócio ou ao episcopado. Isso foi estabelecido definitivamente por João Paulo II na Ordinatio Sacerdotalis.

CNA: Bäting disse: "Na Alemanha e em outras partes da Igreja Universal, há muito se discute como desenvolver mais o magistério com argumentos válidos com base nas verdades fundamentais da fé e da moral, dos progressos da reflexão teológica e com um espírito de abertura para os resultados mais recentes das ciências humanas e as situações de vida das pessoas hoje". Essa afirmação sobre como se desenvolve organicamente a doutrina católica é precisa?

Weigel: As "verdades fundamentais da fé e da moral" julgam "os progressos da reflexão teológica" e "os resultados mais recentes das ciências humanas". Essas verdades fundamentais não são julgadas pelos teólogos ou por aqueles que praticam as ciências humanas. Mas quando é esse o caso, o resultado é o protestantismo liberal e não consigo entender por que alguém iria querer seguir o triste caminho rumo ao esquecimento eclesial. São John Henry Newman ensinou à Igreja que havia sete sinais de um autêntico desenvolvimento da doutrina. Talvez seja necessária uma nova edição alemã do ensaio de Newman sobre o desenvolvimento da doutrina cristã?

CNA: Quais você acha que serão as contribuições do sínodo alemão para a Igreja? Como a Igreja na Alemanha influencia o mundo? Que ramificações isso tem para a Igreja, internacionalmente e para os Estados Unidos?

Weigel: A Igreja na Alemanha é imensamente generosa em apoiar o trabalho da Igreja Católica em todo o mundo e deve aprender com a experiência, digamos, das vibrantes Igrejas locais na África sobre o Evangelho ser libertador e não limitador. Se o Caminho Sinodal alemão continuar no caminho da apostasia, poderá dar uma lição a toda a Igreja no mundo sobre o que a "sinodalidade" não é e não pode ser: uma questão de decidir a verdade da Revelação e os conteúdos do depósito da fé através de um "consenso" criado por uma burocracia eclesial manipuladora adaptada ao Zeitgeist. E essa será uma lição importante a considerar no Sínodo sobre a "sinodalidade" em 2022.

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