RIO DE JANEIRO, May 19, 2021 / 15:33 pm
O pai do menino Henry Borel, Leniel Borel de Almeida, e a avó paterna, Noeme Camargo, receberam uma carta do papa Francisco, na qual o Pontífice manifestou sua solidariedade pela morte da criança e os exortou a não se deixar "contaminar pelo ódio".
A carta, com data de 24 de abril, é assinada pelo assessor para assuntos gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Luigi Roberto Cona, e uma resposta a uma correspondência que uma amiga da família de Leniel enviou ao Santo Padre para lhe contar sobre a morte de Henry.
Henry morreu aos 4 anos em 8 de março, no Rio de Janeiro (RJ). Em depoimento à polícia, a mãe dele, Monique Medeiros, e o padrasto, o vereador afastado Jairinho, disseram que encontraram a criança caída no chão do quarto. Um exame de necropsia, no entanto, apontou várias lesões pelo corpo e hemorragia no fígado, incompatíveis com uma queda da cama.
Monique e Jairinho estão presos preventivamente. Eles foram denunciados por homicídio duplamente qualificado, com impossibilidade de defesa da vítima, e tortura.
Na carta ao pai de Henry, o papa Francisco falou da "loucura humana que levou ao massacre do pequenito Henry Borel" e diz que, diante desse "caso dramático", assegura "sua paterna vizinhança e solidariedade ao pai Leniel Borel e à avó Noeme Camargo, confiando-os à proteção da Virgem Maria".
"O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal", afirmou.
Em seguida, disse que "é quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração; mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo".
Por fim, o papa Francisco lhes concedeu sua bênção apostólica.
Após receber a correspondência, Leniel Borel afirmou ao 'Extra' que a mensagem do Santo Padre os fortalece na fé e anima a continuar se opondo ao ódio.
"No momento mais difícil de nossas vidas, as palavras de amor e solidariedade transmitidas pelo Papa Francisco nos fortalecem na fé e nos apoiam ainda mais a sermos imitadores de Cristo. A carta que recebemos só ratifica que estamos no caminho certo de se opor ao sentimento de vingança, ódio e indiferença, não nos indignando de forma alguma para fazer o mal. Henry com certeza está feliz que não estamos nos vencendo pelo mal, mas vencendo o mal com o bem", disse.
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