21 de novembro de 2024 Doar
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“África se tornou o epicentro do extremismo”, diz bispo nigeriano

Dom Oliver Dashe Doeme | ACN Portugal

Dom Oliver Dashe Doeme, bispo de Maiduguri, na Nigéria, fez um alerta de que a "África se tornou o novo epicentro do extremismo", após a derrota do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, e pediu que os cristãos em todo o mundo rezem "pelo fim da violência" no continente.

O bispo fez a afirmação em mensagem enviada à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, da ACN, mostrou a crescente perseguição religiosa na África. De acordo com o documento, em 42,5% dos 54 países do continente africano há perseguição religiosa. Em 12 desses, existem formas extremas de perseguição, com assassinatos em massa e violência brutal.

Segundo o relatório, a Nigéria é um dos países mais atingidos pelo terror islâmico. O bispo de Maiduguri afirmou que, desde junho de 2015, 12 mil cristãos foram mortos no país pelo terrorismo muçulmano. "A componente religiosa neste conflito é clara", disse Doeme, pois a ideologia jihadista está na gênese dos diferentes grupos que atacam também a comunidade muçulmana moderada.

"Será necessário a colaboração internacional trabalhar em conjunto com os países da África para derrotar o inimigo comum", disse Doeme. Essa ação conjunta inclui também as orações de toda a comunidade cristã. "Para aqueles que desejam ajudar juntamente coma as organizações de apoio como a ACN, peço-vos que rezem pelo fim da violência, e rezem particularmente o rosário", disse o bispo. Doeme afirmou que há anos seus diocesanos pedem à Mãe de Deus nessa intenção. "Através da fervorosa oração e devoção a Nossa Senhora, o inimigo será certamente derrotado", disse.

A diocese de Maiduguri, liderada por dom Doeme, fica no centro da violência jihadista na Nigéria, país onde atua um dos mais violentos grupos extremistas da atualidade, o Boko Haram. Há ainda ataques contra cristãos por pastores muçulmanos da tribo dos fulani e de organizações terroristas originadas do Estado Islâmico, como o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês).

As Nações Unidas estimam que cerca de 36 mil pessoas morreram por causa da violência do Boko Haram, e cerca de 2 milhões tiveram que deixar suas casas. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha registra cerca de 40 mil pessoas desaparecidas na África devido à violência terrorista, das quais a metade é da região norte-nordeste da Nigéria.

Esta, porém, não é uma realidade apenas da Nigéria, mas de todo o continente africano, como na região do Sahel, que, segundo dom Doeme, "tornou-se um refúgio seguro para grupos, incluindo o Boko Haram, que prometeram fidelidade ao 'Estado Islâmico'".

Outros países atingidos pelo extremismo jihadista são Chade, Mali e Níger, onde é possível observar a existência de redes terroristas que procuram criar no continente africano diversas "províncias do califado", como é já perceptível em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

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