21 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos da Bolívia explicam seu papel na crise política do país

Padre Ben Hur Soto, secretário para a pastoral da CEB e padre Diego Plá, secretário geral adjunto da CEB | Conferência Episcopal Boliviana (CEB).

A secretaria geral da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) apresentou, no dia 15 de junho, um relatório sobre os fatos ocorridos entre outubro de 2019 e janeiro de 2020, quando o país enfrentou uma crise social e política, que se agravou com as polêmicas eleições que levaram à renúncia de Evo Morales à presidência. A publicação é uma resposta ao relatório que o governo boliviano entregou ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, no final de abril, responsabilizando instituições como a Igreja Católica pela crise política de 2019.

Acusado de fraude eleitoral nas eleições de 20 de outubro de 2019, o então presidente Evo Morales convocou novas eleições. Ele buscava seu quarto mandato presidencial consecutivo. Pressionado, Morales renunciou em 10 de novembro de 2019, assim como o então vice-presidente Álvaro García Linera, a presidente do senado, Adriana Salvatierra, o presidente da câmara dos deputados, Víctor Borda. Pela lei constitucional, a vice-presidente do senado, Jeanine Áñez, assumiu a presidência interina da Bolívia.

A crise política se agravou. Com a chegada da pandemia do coronavírus, o país mergulhou em uma crise econômica e social. No período mais intenso de protestos, pelo menos 30 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas, principalmente em Senkata e Sacaba, municípios onde houve intervenção militar.

Áñez deixou o cargo pouco antes das eleições presidenciais de 18 de outubro de 2020, que elegeu Luis Arce. Evo Morales, do mesmo partido que Arce, voltou do exílio no Mexico e na Argentina no primeiro dia do novo governo, em 11 de novembro de 2020.

Em março de 2021, o Ministério Público da Bolívia ordenou a prisão de Áñez, junto com ex-ministros, chefes militares, policiais e outros membros de seu governo.

O "Relatório - Memória dos fatos do processo de pacificação da Bolívia" divulgado em 15 de junho foi elaborado do ponto de vista da Igreja local, que serviu como facilitadora do processo de diálogo.

A CEB rejeitou "qualquer acusação relacionada a conspiração, favorecimento, encobrimento ou qualquer outra forma de ação relacionada a um suposto golpe de Estado". "A Igreja Católica tem a missão de dizer a verdade, apelando sempre à paz e à construção de um país melhor para todos, sem discriminação", afirmam os bispos em seu relatório.

A CEB diz que a Igreja facilitou "um complexo processo de diálogo, em busca do bem comum e da paz para todos. Motivo pelo qual continuará atuando da mesma maneira, seguindo o exemplo de Jesus Cristo. Que a verdade nos liberte!".

Na apresentação do documento, o secretário geral da CEB, padre Diego Plá, afirmou que a Igreja na Bolívia participou "da busca da verdade, da paz e da justiça, cumprindo seu labor pastoral".

"Acreditamos que o povo boliviano merece conhecer o processo no qual fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para sair da grave crise política e social de 2019. O nosso compromisso é com o povo boliviano, com a paz e com a construção de um país melhor para todos, em fraternidade".

O relatório também foi entregue ao papa Francisco, à Secretaria de Estado da Santa Sé, à Nunciatura Apostólica na Bolívia, ao Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), às diversas Conferências Episcopais da América Latina e do Caribe e ao Ministério Público.

O documento explica que a CEB, juntamente com a União Europeia, a embaixada da Espanha e as Nações Unidas, foram os interlocutores que tentaram aproximar as partes em conflito, entre os dias 7 de novembro de 2019 e 20 de janeiro de 2020.

"Nos espaços de diálogo, os atores fizeram propostas para pacificar o país e debateram", disse.

No entanto, "ali não foram tomadas decisões, não se assinaram atas, houve apenas pactos verbais, porque se tratava de uma reaproximação e de uma tentativa de entendimento, visando o bem comum", afirma o relatório.

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