24 de novembro de 2024 Doar
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Bispos canadenses e líderes indígenas vão encontrar o papa Francisco em dezembro

Imagem de referência | Unsplash

Bispos e líderes indígenas do Canadá, se reunirão com o papa Francisco no Vaticano em dezembro de 2021, anunciou a Conferência Canadense dos Bispos Católicos (CCCB). Líderes das nações originárias do Canadá conhecidas como Primeiras Nações, junto com líderes dos Inuits e Métis, serão recebidos em audiências privadas no Vaticano entre os dias 17 e 20 de dezembro de 2021, "para fomentar encontros significativos de diálogo e cura", declarou a CCCB em um comunicado publicado na terça-feira.

Os bispos disseram que o papa está convidando cada delegação indígena para reuniões particulares. Por isso, saudaram "o espírito de abertura do Santo Padre".

As comunidades das Primeiras Nações são povos indígenas do sul da região ártica do atual Canadá. Os Inuits são oriundos da região ártica e as comunidades Métis partilham a herança indígena e europeia, daí seu nome, que significa "mestiço".

Todas as delegações se reunirão em uma audiência final com o papa Francisco no dia 20 de dezembro. O episcopado canadense informou que participarão indígenas anciãos, ex-internos das escolas residenciais ainda vivos, jovens e um pequeno grupo de bispos e líderes indígenas.

"O papa Francisco está profundamente comprometido na escuta direta dos povos indígenas, expressando sua sincera proximidade, abordando o impacto da colonização e do papel da Igreja no sistema escolar residencial, com a esperança de responder ao sofrimento dos povos indígenas e os efeitos em curso do trauma intergeracional", acrescentaram os bispos canadenses.

Eles "reafirmaram sua sincera esperança de que estes próximos encontros conduzam a um futuro compartilhado de paz e harmonia entre os povos indígenas e a Igreja Católica no Canadá".

O anúncio ocorre após a descoberta de túmulos anônimos de 215 crianças indígenas em uma antiga escola residencial dirigida por católicos na província de Columbia Britânica, no dia 22 de maio. O fato fez com que os líderes da Assembléia das Nações Originárias e do Conselho Nacional Métis planejassem uma visita ao Vaticano, junto com a CCCB, para exigir um pedido de desculpa formal do papa pelo papel da Igreja no sistema escolar residencial indígena.

Segundo a Comissão da Verdade e da Reconciliação, organismo canadense criado para investigar os abusos nas escolas, pelo menos 4,1 mil crianças morreram por "doença ou acidente" nas escolas. Um dos apelos da comissão foi um pedido de desculpas formal do papa pelo papel da Igreja no sistema de escolas residenciais.

O sistema de escolas residenciais foi estabelecido pelo governo federal canadense na década de 1870, como forma de forçar a assimilação das crianças indígenas separando-as de seus laços familiares e culturais. Mais de dois terços das escolas estiveram sob a supervisão da Igreja Católica. A última escola residencial, administrada pelo governo federal, fechou em 1996.

Na oração do Angelus do domingo, dia 6 de junho, o papa Francisco uniu-se "aos bispos canadenses e a toda a Igreja Católica do Canadá para expressar minha proximidade ao povo canadense, que ficou traumatizado com esta chocante notícia" dos túmulos anônimos.

Além disso, afirmou que o descobrimento, que definiu como "espantoso" e "triste", "aumenta a nossa consciência da dor e do sofrimento do passado". "Que as autoridades políticas e religiosas do Canadá continuem colaborando com determinação para aclarar este triste acontecimento e comprometer-se humildemente em um caminho de reconciliação e cura", acrescentou.

O papa Francisco, no entanto, não emitiu um pedido de desculpas formal. Outros bispos canadenses desculparam-se pelo papel da Igreja no sistema escolar residencial, incluindo os bispos de Alberta em 2014 e, recentemente, os arcebispos de Vancouver e Ottawa.

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