18 de dezembro de 2024 Doar
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Inventoras de editor genético são nomeadas para a Pontifícia Academia das Ciências

Jennifer Doudna. Crédito: Christopher Michel (CC BY-SA 4.0)

Nos dias 10 e 11 de agosto, o papa Francisco nomeou as cientistas inventoras do editor genético CRISPR, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, membros da Pontifícia Academia das Ciências.

Para pertencer a esta pontifícia academia não é necessário ser católico nem ter qualquer confissão religiosa. A instituição é concebida como um fórum de diálogo entre ciência e fé.

A descoberta do editor genético, que deu a Doudna e Charpentier o Prêmio Nobel de Química em 2020, suscita dúvidas do ponto de vista ético.

O CRISPR é a tecnologia mais simples que existe atualmente para, através da enzima Cas9, "cortar" e "colar" sequências genéticas para evitar doenças como o câncer e a anemia. A técnica pode ser usada para melhorar capacidades como a visão e a inteligência.

Há algum tempo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, protagonizou algumas manchetes ao falar da possibilidade de usar essa tecnologia para criar soldados que "possam lutar sem medo, compaixão, arrependimento nem dor".

Além disso, vários especialistas em todo o mundo expressaram sua preocupação depois que o cientista chinês He Jiankui anunciou o nascimento de bebês que foram modificados com o editor CRISPR quando eram embriões.

Jiankui foi condenado a três anos de prisão por violação de várias regulamentações. Muitos países limitam o uso do editor genético para embriões descartados excedentes de fertilização in vitro.

Joseph Meaney, presidente do National Catholic Bioethics Center nos Estados Unidos, condenou as experiências realizadas com embriões humanos.

"Há uma tendência real na ciência moderna secular que diz que você pode fazer isso, mas você não pode permitir que essas crianças nasçam. Clonar e acabar com elas ou, você sabe, editar e matar. Tudo isso vai claramente contra a perspectiva católica sobre a dignidade da pessoa", disse Meaney à EWTN Pro-Life Weekly.

"Estima-se que haja mais de 2 milhões de embriões sobrando, graças à indústria da fertilização in vitro, e a ciência tem todos estes embriões e está fazendo experiências em massa", lamentou.

Meaney explicou que sim, poderia permitir-se que a tecnologia deste editor genético, depois de serem testados com segurança em animais, seja usada para corrigir problemas genéticos em adultos que podem dar seu consentimento informado.

O ensinamento católico estabelece que a dignidade da pessoa humana deve ser reconhecida e respeitada desde a concepção até à morte natural.

"Este princípio fundamental expressa um grande ´sim` à vida humana e deve estar no centro da reflexão ética na pesquisa biomédica", afirma a instrução Dignitas personae, publicada em 2008 pela Congregação para a Doutrina da Fé no Vaticano.

Doudna, uma das inventoras do CRISPR, pediu que a edição da linha germinal ou as alterações hereditárias realizadas nos óvulos e espermatozóides sejam regulamentadas. Seu livro "Uma fenda na criação: edição de genes e o poder impensável de controlar a evolução" também levanta questões sobre os dilemas éticos e as possíveis consequências não desejadas ao editar o genoma humano.

A professora da Universidade da Califórnia em Berkeley faz parte do diretório da Johnson & Johnson e é fundadora de várias empresas, incluindo Mammoth Biosciences, que aplica o editor CRISPR na saúde, agricultura e bio-defesa.

Francis Collins, que também é membro da Pontifícia Academia das Ciências, liderou o Projeto do Genoma Humano e é diretor do National Institute of Health em Bethesda, no estado de Maryland, nos Estados Unidos.

A academia já contou com a participação do astrofísico ateu Stephen Hawking e vários vencedores do Prêmio Nobel, como Guglielmo Marconi, Max Planck, Niels Bohr, Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger.

Na sua encíclica ´Laudato si`, o papa Francisco expressou a sua preocupação sobre a desconsideração da ética no uso da tecnologia. Também condenou as experiências feitas com embriões humanos.

"É frequente justificar a extrapolação de todos os limites quando os testes são feitos com embriões humanos vivos. Fica esquecido o valor inalienável de um ser humano que vai além do grau de seu desenvolvimento", alertou Francisco.

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