19 de dezembro de 2024 Doar
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Dia das vítimas de perseguição religiosa recorda acusados de blasfêmia no Paquistão

Imagem ilustrativa | Família paquistanesa.

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) vai recordar as vítimas da lei de blasfêmia no Paquistão, entre as quais a maioria é cristã, no próximo domingo, 22 de agosto, Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Atos de Violência Baseados na Religião ou Crença.

O Dia Internacional em Homenagem às Vítimas de Atos de Violência Baseados na Religião ou Crença foi estabelecido pela ONU em 2019.

Segundo o Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo da Fundação ACN, publicado em abril de 2021, a situação piorou nos últimos dois anos e, em pelo menos 26 países do mundo, as pessoas são perseguidas por motivos religiosos. Entre esses países, está o Paquistão. Além disso, o relatório "Libertem os prisioneiros", também da ACN e publicado em novembro de 2020, indicou que o Paquistão é um dos quatro países do mundo onde os cristãos sofrem mais perseguições e são vítimas de abusos por parte de fundamentalistas islâmicos, com a cumplicidade com agentes governamentais.

O diretor da Comissão Nacional de Justiça e Paz (CCJP) no Paquistão, padre Emmanuel Yousaf, contou à ACN que atualmente está acompanhando 12 casos de pessoas acusadas de blasfêmia no país, nove em Punjab e três em Sindh. "Do total de 12 casos, 11 vítimas são cristãs e 1 hindu", disse. Mas, o sacerdote ressaltou que uma "acusação falsa" não afeta apenas a pessoa acusada, mas também sua família e a comunidade em que vive. "Até as casas e as igrejas são atacadas e queimadas", contou.

Padre Yousaf falou de um caso na aldeia cristã de Shanti Nagar, perto da cidade de Khanewal. "Toda a aldeia foi atacada por causa de uma pessoa acusada falsamente, Baba Raji", disse. "Da mesma forma, sete pessoas foram queimadas vivas em Gojra, uma cidade perto de Faisalabad, e Joseph Colony, uma aldeia nos arredores da cidade de Lahore, foi atacada por uma turba furiosa que ateou fogo em mais de 150 casas, incluindo a de Sawan Masih, um trabalhador de limpeza falsamente acusado", relatou, ressaltando que, como estes, há "muitos outros casos".

Padre Emmanuel Yousaf / Foto: ACN Portugal

O diretor da CCJP disse que, nos casos de falsa acusação de blasfêmia, a vítima, mesmo depois de absolvida, "não pode regressar ao seu bairro, aldeia ou mesmo à sua cidade natal. As vidas dessas vítimas estão ameaçadas para sempre e muitas foram assassinadas".

O sacerdote afirmou ainda que tem crescido o número de falsas acusações de blasfêmia na internet. "Com base na nossa experiência, que se fundamenta em casos de blasfêmia documentados desde 1987, verificamos um aumento alarmante de acusações de blasfêmia nos últimos anos, especialmente depois do aumento da utilização das redes sociais como Facebook, Twitter e WhatsApp".

Tem havido um aumento das acusações de blasfêmia nas áreas urbanas. "Embora no passado a maioria dos casos acontecia nas zonas rurais, onde alguém acusava outra pessoa de blasfêmia para acertar contas pessoais ou obter terras e propriedades, agora estamos assistindo a um aumento de casos nas áreas urbanas, que estão sendo registados contra setores da sociedade com mais formação, como estudantes, enfermeiras, médicos e muitos outros âmbitos profissionais", disse. Segundo o sacerdote, esta mudança é "motivo de preocupação", porque "indica que a radicalização religiosa está crescendo e, portanto, há um empenho acrescido por parte da maioria de forçar os outros a converter-se ou a adotar a sua ideologia e, quando as pessoas se recusam fazê-lo, acabam sendo acusadas falsamente de blasfêmia".

Padre Emmanuel Yousaf disse que a CCJP está empenhada desde 1987 na defesa dos direitos das minorias no Paquistão. Segundo ele, a entidade tem erguido sua voz para que o Estado "cumpra os artigos 9, 20, 25 e 36 da Constituição do Paquistão, e com o Artigo 18 (I e II) da Declaração Universal dos Direitos do Homem, relativa à garantia da proteção, da liberdade religiosa e da igualdade dos direitos das minorias religiosas".  "Embora o Estado diga que cumprimos as leis internacionais, a minha experiência pessoal sugere que as minorias ainda estão privadas dos direitos garantidos por lei", declarou.

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