REDAÇÃO CENTRAL, Aug 21, 2021 / 07:00 am
Os cristãos do Afeganistão se preparam para uma nova rodada de perseguição com a retomada do poder pelo Talibã. "Estamos dizendo às pessoas para ficar em suas casas porque sair, agora, é muito perigoso," disse à organização International Christian Concern (ICC) um líder cristão afegão cujo nome é mantido em segredo por razões de segurança.
Segundo esse líder comunitário, é apenas uma questão de tempo para começarem os ataques a cristãos. "Vai ser ao estilo da máfia", disse ele. "O Talibã nunca vai assumir a responsabilidade pelas mortes. Alguns cristãos conhecidos já estão recebendo telefonemas ameaçadores. Nessas chamadas, pessoas desconhecidas dizem: Vamos atrás de vocês."
A comunidade cristã afegã, estimada em algo entre 10 mil e 12 mil pessoas, é formada majoritariamente de convertidos do Islã e é a maior minoria religiosa do país de 38 milhões de habitantes. Por causa da perseguição os cristãos vivem basicamente sua religião escondidos do público.
A vida sob o governo dos talibãs vai ser muito difícil para os cristãos, disse o líder comunitário. Quando o talibã toma o controle de uma cidade, disse, os moradores são obrigados a ir para a mesquita rezar, numa tentativa de descobrir quem se converteu ao cristianismo.
O ICC relata que em algumas partes do norte do Afeganistão o Talibã já impôs sua interpretação estrita da sharia e que "os homens são obrigados a deixar a barba crescer, as mulheres não podem sair de casa sem uma acompanhante homem, e a vida está se tornando mais perigosa."
"Muitos cristãos temem que o talibã vai tirar seus filhos, tanto meninos quanto meninas, como na Nigéria e na Síria", disse o líder cristão. "As meninas serão forçadas a se casar com milicianos talibãs e os meninos serão forçados a se tornar combatentes."
"É um dia de cotar o coração para os cidadãos do Afeganistão e uma época perigosa para ser um cristão", diz o despacho de um diretor de campo da Open Doors na Ásia, uma missão não-confessional que apoia cristãos perseguidos. "É uma situação de incerteza para o país todo, não só para os crentes ocultos."
Antes mesmo da tomada do poder pelo Talibã, Open Doors classificava o Afeganistão em segundo lugar em sua lista de perseguição "apensa um pouco menos opressora do a Coreia do Norte."
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