SALVADOR, Aug 23, 2021 / 14:48 pm
O padre Gabriel Vila Verde, da diocese de Cruz das Almas (BA), recebeu uma ameaça de morte na madrugada de domingo, 22 de agosto, na casa paroquial. Segundo relato do sacerdote, que é muito conhecido nas redes sociais, a tragédia não ocorreu porque, "com certeza, Deus e a Virgem Maria, com os santos anjos, colocaram uma barreira" e o homem não conseguiu invadir o local.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, padre Gabriel, pároco da paróquia de Nossa Senhora da Soledade, em Santo Amaro (BA), contou que um homem foi até a casa paroquial na madrugada de domingo e, com um facão na mão, bateu no portão, dizendo que iria invadir o local, colocar o padre dentro do carro e atear fogo. O sacerdote disse que este homem já o insultava anteriormente por causa de obras feitas no local.
"Cheguei à Paróquia de Acupe [distrito de Santo Amaro] no final de 2017. Quando cheguei, percebi que a rua que fica entre a casa paroquial e a matriz é uma rua pública. Porém, o primeiro pároco pediu autorização à prefeitura para construir dois portões em cada ponta da rua, porque era um lugar de muito acesso, pessoas namoravam naquele beco, era uma coisa solta. A prefeitura autorizou. A passagem é aberta durante o dia e à noite é fechada", relatou.
Por causa desse portão, o homem que ameaçou o padre já vinha o desacatando, "dizendo que a rua era pública". Segundo padre Gabriel, esse mesmo morador "já tinha procurado confusão" com o pároco anterior.
O sacerdote disse que essa rua era de terra e, por isso, virava "um verdadeiro lamaçal" em dias de chuva. Por isso, com ajuda de um vereador e dos paroquianos, foi feita uma obra para cimentar o local. "Mas, eu disse aos paroquianos: 'façam de um jeito que não atrapalhe as outras ruas, que a água da chuva possa passar sem afetar nenhuma outra rua'", afirmou o padre.
Esse mesmo morador, então, "começou a ameaçar novamente, dizendo que se a rua ficasse empossada ele iria destruir tudo aquilo. Eu simplesmente disse a ele: não toque na obra. Ele me desacatou, me xingou".
Padre Gabriel Vila Verde disse que depois desse episódio, pensou que "que tudo tinha se acalmado". Mas, "na madrugada de sábado para domingo, acordei às 1h40 com barulho muito alto. Pensava até era uma briga na rua. Era ele, com um facão, batendo no portão, dizendo 'acorda padre' e xingando todos os palavrões. Disse: 'acorde que eu vou invadir isso aqui agora, vou botar você dentro do seu carro e tacar fogo'". Segundo o pároco, durante mais de 30 minutos teve "que conviver com essa situação de pânico e pavor".
Paroquianos que moram próximo ligaram e acordaram com a confusão ligaram para outras pessoas e alguns foram para a casa paroquial, a fim de proteger o sacerdote. A polícia, então, foi acionada, mas quando chegou o homem "já estava escondido dentro de casa".
Em seguida, o sacerdote e o homem que o ameaçou foram para a delegacia, onde foi registrado o boletim de ocorrência. Um paroquiano também prestou seu depoimento. "Eu não fiquei para ouvir o depoimento dele. Eu voltei para casa, porque tinha missa dominical para celebrar. De lá para cá, não sei o que aconteceu com este rapaz", disse padre Vila Verde.
O sacerdote contou que, "a princípio, a polícia disse que não tinha como prendê-lo naquele momento, pois deveria fazer um processo como manda a lei". Por isso, padre Gabriel achou que seria melhor se "resguardar, sair de Acupe". "Eu tive que sair porque eu não poderia dar sorte ao azar, não poderia colocar minha vida em risco. O meu bispo [dom Antonio Tourinho Neto] já está sabendo de tudo e me aconselhou que ficasse resguardado por esse tempo até que tudo se resolvesse da melhor maneira possível", afirmou.
Para o sacerdote, "com certeza, Deus e a Virgem Maria, com os santos anjos, colocaram uma barreira e ele não pôde invadir. Se ele invadisse, a tragédia poderia até ter acontecido, porque eu estava sozinho, não tenho vizinhos, fico sozinho dentro daquela área ao lado da paróquia. Tenho certeza que o Senhor me protegeu".
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