18 de dezembro de 2024 Doar
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Nos 75 anos da PUC-SP, dom Cláudio Hummes propõe universidade católica da Amazônia

Cardeal Cláudio Hummes na sessão solene peos 75 anos da PUC-SP | Captura de vídeo

O arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes, fez "um convite" à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) na sessão solene que comemorou ontem, 24 de agosto, o 75º aniversário da instituição: "ajudar a criar tal universidade católica amazônica". Dom Claudio se referia à proposta de criação de uma universidade católica amazônica, feita na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que aconteceu em 2019.

No número 114 do documento final do sínodo, os padres sinodais propõem "a criação de uma Universidade Católica Amazônica que tenha como base pesquisas interdisciplinares (incluindo estudos de campo), inculturação e diálogo intercultural; que a teologia inculturada inclua formação conjunta para ministérios leigos e formação de sacerdotes, baseada principalmente na Sagrada Escritura". "Pedimos às universidades católicas da América Latina que ajudem na criação da Universidade Católica Amazônica e acompanhem seu desenvolvimento", diz o texto.

"Está aí, portanto, um convite para nossa PUC", disse dom Cláudio. "Será certamente um processo a médio prazo", mas pode começar "por criar algum setor em sua estrutura que se ocupe das questões da Amazônia, por exemplo, uma faculdade, um curso ou um campus lá no território".

A sessão solene aconteceu no Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo) e participaram, além de dom Cláudio, o arcebispo de São Paulo e grão-chanceler da universidade, dom Odilo Scherer, a reitora Maria Amalia Pie Abib Andery, o secretário estadual da Educação de São Paulo, Rossieli Soares da Silva, e do secretário municipal de Educação, Fernando Padula.

"A PUC-SP se tornou exemplo de espaço democrático, com livre circulação de pessoas e ideias. Constituiu-se em instituição exemplar em sua estrutura colegiada. Essas sete décadas e meia estão por toda parte, nas maneiras como somos percebidos, nas diferentes perspectivas como vemos uns aos outros, no reconhecimento de nossa qualidade acadêmica e de nossas competências, nas possibilidades, desafios e problemas que antevemos em nosso futuro", disse Maria Amalia Andery.

Dom Odilo Scherer afirmou que a universidade é "a universalidade, por isso, espaço aberto para uma grande diversidade de pensamento, convicções, contribuições, sonhos. Por assim dizer, a universidade é um pequeno universo e creio que nossa PUC é isso, um espaço de experiência da humanidade". Por isso, disse, "é lugar de sonhar, de projetar, de formatar a sociedade, o seu futuro, pensar a sociedade, as relações humanas".

Para o arcebispo, a universidade é "uma espécie de laboratório da sociedade que queremos ter" e de formação "para a convivência, para a humanidade, para o mundo".  "PUC-SP esta é a tua vocação, de contribuir com sua parte, à sua maneira, para a formação de pessoas que edifiquem o bem-comum, a sociedade, pessoas que possam abrir caminhos, pessoas que se destaquem por serem lideranças boas na sociedade, que se manifestem confiáveis na vida pública, na vida política, pessoas que alimentem sonhos, que levem tantos a sonhar juntos e os sonhos se tornarão realidades", disse.

Por fim, afirmou que a universidade católica "é chamada a propor valores a partir do patrimônio espiritual e da experiência milenar da Igreja Católica. Como disse o papa Paulo VI, a Igreja Católica é perita em humanidade, atravessou tantas histórias, tantas experiências ao longo da história, sim, ela tem uma experiência rica em humanidade".

Em seu discurso, a reitora Maria Amalia Andery recordou a história da PUC-SP, fundada em 22 de agosto de 1946, a partir da união da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento e da Faculdade Paulista de Direito. A entidade é mantida pela Fundação São Paulo e recebeu o título de pontifícia em 1947 pelo papa Pio XII. Com isso, deve ter em seus estatutos o compromisso com os "princípios da doutrina católica", como afirma na descrição de sua missão.

"Em 1947, o Brasil tinha poucos milhares de estudantes universitários ou de ensino superior e apenas um punhado de universidades que podíamos contar nos dedos. Universidade era, então, para poucos. A PUC-SP contava com 319 estudantes", disse. Segundo a reitora, "75 anos depois, a realidade é outra". "Hoje, são mais de 2 mil instituições de ensino superior no Brasil e perto de 300 delas são chamadas universidades. Os estudantes de ensino superior beiram a casa dos 8 milhões, metade deles matriculados nessas mesmas 300 instituições que são as universidades. E isso ainda não é suficiente", afirmou. Segundo ela, atualmente a PUC-SP tem 18 mil estudantes em dezenas de cursos de graduação e pós-graduação de diferentes áreas.

Além disso, declarou que a PUC-SP "presta serviços à comunidade externa" e se destaca "como espaço de acolhida democrática e calorosa a movimentos sociais, artísticos, intelectuais e como palco de tantas e tão importantes reflexões".  "A universidade está presente ainda na produção e difusão de conhecimento, que são vitais para o Brasil como nação independente, soberana e capaz de refletir, discutir e projetar seu próprio futuro", disse.

Para Maria Amalia Andery, a "universidade é potência de conhecimento que soluciona problemas, inclui populações e participa do desenvolvimento social" e "é energia, que cria riquezas, possibilidades de justiça e equanimidade sem temer transformações". Assim, disse que, ao longo dos 75 anos, a PUC-SP teve que "aprender a conviver em contextos novos, marcados por mudanças sociais, políticas e tecnológicas e de conhecimento que se aceleraram exponencialmente nestes últimos anos", em um país "no qual as políticas públicas, ciência, tecnologia e educação oscilam e as realidades regionais e locais são muito diversas".

Em seguida, a reitora falou que, "se ambicionamos ter um futuro como sociedade, precisaremos ter universidades". Para ela, as universidades "são necessárias, para muitos e indispensáveis". "Mas, para construirmos um futuro, teremos que assumir compromissos", disse e citou "alguns guias", como a "inclusão dos nãos brancos, daqueles que habitam as periferias das cidades e daqueles vindos de famílias de baixa renda, das mulheres, das pessoas com deficiência". Segundo ela, também é necessário "descobrir e definir como participaremos ativamente e substancialmente da busca de solução para os problemas ambientais". "Estes são desafios inadiáveis. Podem, às vezes, parecer inatingíveis. Não são", concluiu.

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