7 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco reconhece as virtudes heroicas de jovem mãe de três filhos

María Cristina Cella Mocellin. Créditos: Vatican Media

O papa Francisco reconheceu as virtudes heróicas da serva de Deus italiana Maria Cristina Cella Mocellin, fiel leiga e mãe de três filhos, que morreu em 1995, aos 26 anos, por meio de decreto da Congregação para as Causas dos Santos promulgado em 30 de agosto.

María Cristina Cella Mocellin nasceu em 18 de de 1969 em Cinisello Balsamo em uma família católica. Desde muito jovem, frequentou o oratório paroquial onde foram formadas as bases da sua fé católica e recebeu o catecismo das Irmãs da Caridade de santa Joana Antida Thouret.

Quando era adolescente, atuou como catequista e animadora do oratório. Durante seus estudos, conheceu a comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora de dom Bosco e iniciou um caminho de discernimento vocacional.

Em 1985, enquanto estava de férias com sua família em Valstagna, província de Vicenza, conheceu Carlo Mocellin e se deu conta de que o Senhor a chamava à vida matrimonial.

No verão de 1987, quando tinha recém cumpridos 18 anos de idade, foi diagnosticada com um sarcoma na perna esquerda e operada pela primeira vez em 9 de dezembro daquele ano.

Apesar dos meses de quimioterapia, passou com destaque nas provas do ensino médio e se matriculou na faculdade de línguas da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão.

Em 2 de fevereiro de 1991, Maria Cristina e Carlos se casaram e foram morar em Carpanè, Vicenza. Tiveram dois filhos e, no outono de 93, Maria Cristina voltou a engravidar. Durante a terceira gravidez, um novo sarcoma foi encontrado na mesma perna que tinha sido operada cinco anos antes.

A serva de Deus, com o apoio do seu marido, decidiu que só receberia os tratamentos médicos que não implicassem risco para a vida do bebê. Em 94, ela fez uma cirurgia localizada e começou um novo tratamento contra o tumor só depois de ter dado à luz.

Morreu em 22 de outubro de 1995, em Bassano del Grappa, aos 26 anos de idade.

Segundo a biografia difundida pela Congregação para as Causas dos Santos, Maria Cristina "deu sempre um testemunho de fé forte e segura, que se fez efetivo no compromisso de viver a vontade de Deus".

"Baseou sua vida na fidelidade ao Senhor, na escuta da sua Palavra e na compreensão para com todas as pessoas. Sua experiência heroica de fé a levou também a experimentar o sofrimento em um confiante abandono ao amor de Deus".

Além disso, "viveu a esperança, entendida como uma sólida confiança em Deus e na sua presença" e esteve "segura do amor de Deus por cada pessoa, assim como estava segura da meta final, o paraíso, ao qual podia olhar com serenidade".

"Ao longo de sua vida, a serva de Deus manifestou um verdadeiro amor ao Senhor, que se expressava em suas palavras, especialmente em seu diário, assim como em suas opções de vida. Teve uma mente aberta, cultivou uma atitude de preocupação pelos outros e suas necessidades. Reconheceu no seu compromisso com a educação uma possibilidade particular de serviço, que viveu como testemunho da verdade".

Além disso, "a sua caridade heroica manifestou-se em particular para com o seu esposo Carlos, por quem cultivou um amor profundo e fiel, sempre aberto à presença do Senhor".

Antes de morrer, Maria Cristina escreveu uma carta ao seu terceiro filho:

"Querido Ricardo, você deve saber que não está aqui por acaso.

O Senhor quis que você nascesse apesar de todos os problemas que havia.

Papai e mamãe, como é possível compreender, não estavam muito contentes com a ideia de esperar outro filho, já que Francesco e Lúcia eram muito pequenos. Mas quando soubemos que você estava lá, nós lhe amamos e lhe quisemos com todas as nossas forças.

Lembro-me do dia em que o médico me disse que eu seguia com um tumor na virilha. A minha reação foi repetir várias vezes: ´estou grávida!  Eu estou grávida! Mas estou grávida, doutor`.

Para enfrentar os medos daquele momento, foi-nos dada uma força de vontade ilimitada para ter você. Resisti a lhe entregar com todas as minhas forças, até que o médico entendeu tudo e não disse mais nada.

Ricardo, você é um presente para nós. Foi naquela noite, no carro, voltando do hospital, que você se moveu pela primeira vez.

Parecia que estava me dizendo: ´obrigado, mamãe, por me amar!`.

E como não vamos amar você? Você é lindo! E quando olho pra você e vejo você tão bonito, esperto, simpático, acho que não existe sofrimento no mundo que não valha a pena suportar por uma criança.

O Senhor quis encher-nos de alegria: temos três filhos maravilhosos que, se Ele quiser, com a sua graça, poderão crescer como Ele quer.

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Só posso agradecer a Deus, porque quis dar-nos este grande presente: nossos filhos.

Só Ele sabe como gostaríamos de ter mais, mas no momento é realmente impossível.

Obrigado, Senhor".

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