21 de novembro de 2024 Doar
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Nenhuma missa é mais poderosa do que outra, adverte cardeal nigeriano

O cardeal Onaiyekan durante sua catequese | Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Não existem missas mais poderosas que outras, porque "toda missa tem um valor infinito diante de Deus", afirmou o cardeal John Onaiyekan, arcebispo emérito de Abuja, Nigéria, na catequese desta quinta-feira, 9, no Congresso Eucarístico Internacional em Budapeste, na Hungria.

"Em alguns lugares do mundo, com frequência, ouvimos sobre alguns sacerdotes que afirmam possuir poderes especiais e que a santa missa que eles celebram são mais poderosas que outras, com suas implicações monetárias para fiéis devotos, mas crédulos. Nada disso tem a ver com a nossa fé católica. Toda missa tem um valor infinito diante de Deus", disse Onaiyekan.

"Esse é o motivo pelo qual, independentemente de quem celebre a missa, deve observar um mesmo ritual, especialmente no que diz respeito aos elementos centrais da oração eucarística", explicou. "Não importa quem seja o ministro. Se é o papa, um bispo ou um sacerdote recém-ordenado. Jesus é quem está celebrando".

O cardeal fez um apelo para que a celebração seja respeitosa, pois "a celebração da Eucaristia é a recriação do que Jesus realizou na Última Ceia. Quando nos reunimos ao redor da mesa da celebração eucarística, é Jesus que está celebrando a Eucaristia".

Para ele, "a liturgia católica não tem espaço para extravagâncias teatralizadas e representações criativas que roçam o entretenimento vulgar que não é digno do culto cristão."

"O sacerdote é um ministro humano que celebra na pessoa de Cristo", disse Onaiyekan, "mas, junto com o sacerdote, toda a congregação se une também à celebração da Eucaristia, já que a Eucaristia é celebrada por todo o corpo de Cristo, tanto pela sua cabeça como pelos seus membros".

"É por isso que o Concílio Vaticano II insiste na participação ativa de todos os que estão presentes na missa. Não assistimos à missa para ver um espetáculo como espectadores. Vamos à missa para participar da ação sagrada na qual se recria plena e completamente a refeição eucarística de Jesus na Última Ceia", disse o cardeal.

Na sua catequese, intitulada "A Eucaristia, ápice da nossa vida cristã e fonte de toda a nossa esperança", o cardeal Onaiyekan disse que "a Eucaristia é objeto da nossa fé" e "só podemos chegar a saber algo sobre o sacramento se estamos dispostos a submeter nossa mente, nosso coração e vontade ao que a revelação de Deus nos deu a conhecer sobre sua ação de amor por nós neste sacramento".

O cardeal recordou que, "na Eucaristia, temos a presença real de Deus entre nós. É claro, Deus está sempre presente conosco o tempo todo e em todo lugar. Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, é a presença física histórica de Deus no nosso mundo. Essa é a base da presença real de Deus em Cristo na sagrada Eucaristia".

"Jesus está verdadeiramente presente nos elementos eucarísticos" e, portanto, "a Eucaristia não é apenas para ser comida, mas também para ser adorada", explicou ele. "A presença real de Jesus na Eucaristia tem implicações não só para nós que cremos nela e a celebramos. O que se torna o Corpo e o Sangue de Cristo são os frutos da terra e do trabalho do homem. De algum modo, toda a criação se eleva pelo fato de que estes objetos criados, colocados sobre o altar, por invocação do Espírito Santo, se convertam no corpo e no sangue de Cristo", acrescentou.

"Embora agora tenhamos a celebração da Eucaristia segundo uma variedade de ritos, o coração da Eucaristia permanece igual. Da mesma forma, ainda hoje, mesmo mantendo o coração da celebração eucarística, a Igreja fomenta a adaptação da celebração segundo a diversidade de culturas e épocas. Assim, a celebração da Eucaristia tornou-se um objeto muito importante da inculturação da liturgia, da qual tanto se falou", disse o cardeal.

Onaiyekan advertiu contra os perigos de colocar muita ênfase na inculturação: "Não devemos esquecer que, independentemente do que façamos com a inculturação, não deve ser uma simples ou primária promoção da nossa cultura, embora isso também seja importante. Pelo contrário, o objetivo principal dela deve ser assegurar que o coração da mensagem e o significado da Eucaristia possam ser transmitidos com maior clareza aos povos de diferentes culturas e épocas".

O cardeal insistiu sobre a necessidade de recorrer à comunhão num estado espiritual de graça: "Faz parte da doutrina católica que a sagrada Eucaristia é também medicinal. Porque nos limpa dos pecados veniais e nos protege contra os pecados mortais. Dito isso, também faz parte da doutrina da Igreja que não deve aproximar-se para receber a sagrada Comunhão quem saiba que se encontra em estado de pecado grave que o afaste do amor de Deus. Primeiro, deve se aproximar ao sacramento da reconciliação com Deus por meio da confissão. A doutrina da Igreja não mudou nesse ponto".

Segundo ele, "infelizmente, o que vemos é um fluxo geral de pessoas que vêm comungar na missa sem se preocupar se estão em um correto estado espiritual para recebê-la".

"O caso mais comum é em relação ao estado matrimonial", afirmou. "Considerados pela lei da Igreja como irregulares e que, portanto, devem manter-se afastados da sagrada Comunhão, são, por exemplo, aqueles que vivem juntos em concubinato aberto ou secreto, sem o sacramento do matrimônio, e aqueles que se casaram, divorciado e casado novamente sem passar pelo processo de nulidade canônica".

"Mas devemos estar conscientes de que não só as questões sobre o matrimônio irregular podem fazer com que um católico não seja apto a receber a comunhão. Qualquer um que se encontre numa vida imoral de forma estável deveria decidir manter-se afastado até que possa mudar a sua situação", disse o cardeal. "Uma situação recente, que gerou grande debate, foi a da responsabilidade dos políticos católicos de respeitar as leis da Igreja em suas decisões políticas, especialmente no que diz respeito ao pecado grave do aborto", acrescentou.

Infelizmente, "por mais grave que seja o pecado do aborto, foi legalizado de forma generalizada e considerado como algo normal em vários lugares, especialmente nas chamadas nações desenvolvidas". Não obstante, "a posição da Igreja Católica, que insiste de forma clara em que o aborto é um atentado contra a matança de crianças inocentes não nascidas, se mantém. Qualquer católico que cometa um aborto ou que coopere na prática de um aborto, deve saber que cometeu um assassinato e deve manter-se afastado da sagrada Comunhão até que, pelo menos, tenha se confessado", afirmou.

No caso específico dos católicos com responsabilidade política, "se votar uma lei imoral, mesmo em um estado secular, equivale a se tornar cúmplice de um crime, então estaríamos diante de uma decisão moral incompatível com a recepção da sagrada Comunhão".

"Mas, de um ponto de vista pastoral, não está tão claro que, se essa pessoa se apresenta para comungar, devamos nos negar publicamente a dar-lhe a comunhão, provocando assim um grande alvoroço e escândalo", disse o cardeal.

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