Vaticano, Sep 16, 2021 / 16:42 pm
A escritora judia e sobrevivente do holocausto, Edith Steinschreiber Bruck, enviou uma carta ao papa Francisco agradecendo-lhe pelas palavras dele no encontro com a comunidade judaica da Eslováquia, quando o pontífice afirmou que "o nome de Deus foi desonrado" com o Holocausto.
Francisco e Edith Steinschreiber Bruck se conheceram em 20 de fevereiro de 2021 na casa da escritora, em Roma.
Bruck nasceu na Hungria, mas mora na Itália desde os 20 anos. Sobreviveu aos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau, onde esteve presa com seus pais e seus três irmãos.
Durante o período de reclusão, seus pais e um dos seus irmãos morreram. Edith, seu outro irmão e sua irmã conseguiram sobreviver e foram libertados do campo de concentração de Bergen-Belsen em 1945, pelas tropas aliadas.
A escritora fez chegar sua carta ao papa através do jornalista italiano Stefano Maria Paci, do Sky Tg 24. Ele entregou a carta a Francisco durante o voo de regresso a Roma após concluir sua viagem à Eslováquia.
O texto da carta é o seguinte:
"Querido Papa Francisco:
As suas palavras sobre o antissemitismo, nunca erradicado, são hoje mais atuais do que nunca, não só nos países que está visitando, mas em toda a Europa. Espero que a sua visita tenha efeitos positivos.
Tenho lhe seguido e escutado suas palavras fundamentais que não podem deixar indiferente a ninguém naqueles lugares onde o mal dominava. Que Deus acompanhe hoje cada um dos seus passos de paz, de convivência, e abra os corações, as consciências ainda pouco claras!
Espero que sua voz e o calor que ela emana alcance e toque, que desperte a bondade que está dentro de cada um. Às vezes, é também na escuridão mais profunda que se faz caminho na luz. Eu sei disso e por isso vivo e espero.
Soube pelos meus amigos húngaros que você deixou um rastro de amor.
Obrigado por ficar conosco o máximo de tempo possível.
Com gratidão e infinitas graças.
Um abraço da irmã Edith".
Edith Steinschreiber Bruck é autora de numerosos romances, coleções de contos, peças de teatro e roteiros para cinema. Sua obra mais importante, no entanto, é um livro de memórias publicado em 1959 sobre a sua experiência nos campos de concentração e nos anos posteriores.
Também dirigiu filmes italianos. Além disso, nos últimos anos, Bruck percorreu numerosas escolas e universidades para falar aos estudantes sobre o holocausto.
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