REDAÇÃO CENTRAL, Sep 22, 2023 / 06:00 am
O padre Jean Marie Benjamin é um francês que teve um intenso e inesquecível encontro com padre Pio de Pietrelcina na década de 1960. Depois dessa ocasião que marcou a sua vida para sempre, deixou de ser músico de cabaré para tornar-se sacerdote.
Em 1968, Benjamin tinha pouco mais de 20 anos, levava uma vida libertina em Paris e trabalhava como músico em um cabaré. Queria dedicar-se totalmente à música. Naquela época, já tinha gravado dois discos e estava compondo sua primeira sinfonia.
Um dia, conforme contou à ACI Stampa – agência em italiano do Grupo ACI –, foi jantar na casa de um amigo e na biblioteca encontrou um livro sobre o padre Pio. Recordou que ao ver a foto do frei na capa, esta “atraiu seu olhar”. Pediu o livro emprestado, leu em uma noite e decidiu ir a San Giovanni Rotondo, na Itália.
Quando chegou à cidade, conheceu na hospedagem Marco, um professor de literatura que também queria ver o padre Pio. Este lhe aconselhou que se queria confessar-se com o frade capuchinho, devia ir à missa das 5h e conseguir uma entrada. Também lhe comentou que já não confessava os estrangeiros, mas o animou para que tentasse.
No dia seguinte, Benjamim foi à missa. Recordou que o padre Pio estava em uma cadeira de rodas, muito idoso e encolhido pela dor dos estigmas e, apesar disso, “todos o olhavam com admiração. A emoção era grande”.
O momento da consagração “era impossível de descrever. Não há palavras nem expressões para dizer com exatidão o que estava acontecendo”, porque além disso os pássaros que estavam nas janelas do templo permaneciam em silêncio.
Benjamin não conseguiu um ingresso, mas Marco lhe entregou o seu que já não usaria. Entretanto, o frei dos estigmas não atendeu confissões durante os três dias seguintes porque estava muito cansado e mal de saúde.
No domingo, 8 de março, quando abriram a porta do templo, Benjamim correu e sentou-se na primeira fila para a confissão.
Quando chegou a sua vez, o padre Pio lhe perguntou lentamente como se soubesse que não entendia o italiano: “Há quanto tempo você não se confessa?”. Benjamin lhe contou sua história em francês. O sacerdote repetiu a pergunta e ele respondeu que não o recordava.
“Padre Pio levantou a mão direita, a esquerda e a mexeu três, quatro vezes, fazendo um barulho que parecia longo. Em seguida me disse o dia, o mês e o ano de minha última confissão. Foi em 13 de julho de 1961, em Costa de Marfim, quando viajei à África com meus pais”, relatou à ACI Stampa.
Depois de um longo silêncio, o jovem pediu a bênção do padre Pio e este lhe disse olhando profundamente nos olhos: “Procura um sacerdote francês”. Benjamim tocou seus estigmas e sentiu “um calor impressionante” e a forte presença de Deus.
Voltou para Paris sentindo-se renovado pelo encontro com o padre Pio que lhe “havia dado como uma força nova”, sobretudo “em meu interior”.
No dia 23 de setembro de 1968, o padre Pio morreu e a notícia entristeceu Benjamin, não podia acreditar e chorou. Então, recordou o que o frei capuchino lhe disse, para procurar um padre francês para se confessar.
“Não havia feito e nem sequer havia pensado nisto. Mas logo fui pegar um metrô para descer em qualquer estação, caminhar e entrar na primeira igreja”, recordou.
Assim o fez. Desceu em Notre Dame des Victoires, entrou na primeira igreja e viu dois confessionários vazios. Entrou em um e disse ao sacerdote: “Padre lhe digo a verdade, não vim apenas confessar-me, mas também da parte do padre Pio”.
O padre escutou o relato de Jean Marie e lhe disse: “É muito belo tudo o que te aconteceu. Além disso, ninguém havia dado meu nome para que venha me buscar. Com certeza foi o padre Pio que te guiou. Sabe por que estou dizendo isto? Porque sou o padre Reveilhac, responsável da coleta de recursos na França para a Casa do Alívio do Sofrimento, como se chama o hospital do padre Pio. Além disso, há 30 anos vou duas vezes ao ano a San Giovanni Rotondo e visito o padre Pio”.
O padre Reveilhac se tornou diretor espiritual de Jean Marie Benjamin e o ajudou a crescer na fé e na vida espiritual. Ele sentiu o chamado ao sacerdócio, mas o presbítero lhe disse que devia esperar porque sua vocação ainda não havia amadurecido.
“A resposta foi dura, mas com o tempo entendi que o padre Reveilhac tinha razão: não sabia se poderia mudar o meu estilo de vida imediatamente, deixar a música, a composição, o estúdio de gravação, os concertos”, comentou.
Pouco a pouco, foi se dedicando a outras atividades. De 1983 a 1988, Benjamim foi funcionário do Escritório das Nações Unidas em Gênova, uma de suas responsabilidades foi organizar eventos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Em março de 1988, deixou seu trabalho e voltou a San Giovanni Rotondo, ali tomou a decisão de ser padre. Foi ordenado em 26 de outubro de 1991. Neste mesmo ano, tornou-se assistente do cardeal italiano Antonio Casaroli, enviado especial da Santa Sé para missões diplomáticas e secretário de Estado emérito.
Deixou o cargo em 1994 e no ano seguinte produziu seu primeiro filme sobre o padre Pio, difundido pela Rádio Televisão Italiana (RAI).
Em 1998, viajou ao Iraque para produzir um documentário sobre as culturas ancestrais e, ao ver a precária situação da população que sofria os efeitos da radiação emitida pelo urânio utilizado nas armas dos EUA e da Inglaterra, decidiu dedicar-se ao trabalho humanitário e denunciar aos meios de comunicação que ignoravam este drama.
Viajou várias vezes a este país do Oriente Médio entre 1998 e 2003. Depois publicou três livros e produziu dois documentários acerca destas viagens.
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Ao longo de sua vida também produziu vários concertos e peças corais inclusive um CD de música pop sobre o Iraque. Compôs trilha sonora para vários filmes franceses e italianos.
Em 2003, organizou o encontro na Itália entre o papa João Paulo II e Tareq Aziz, o primeiro-ministro iraquiano. Atualmente continua dedicando-se ao trabalho humanitário no Iraque e aos diversos temas sobre o meio ambiente.
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