22 de dezembro de 2024 Doar
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Padre exige justiça pelo menino cristão queimado com ácido por extremistas hindus

Padre Devasagayaraj M. Zackarias, ex-secretário nacional da Comissão para as Castas Desfavorecidas da Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI), exigiu justiça e proteção para a família de um cristão que morreu queimado por causa de um ataque feito como ácido contra ele. Os suspeitos são radicais hindus.

Nitish Kumar, um cristão dalit, a mais baixa casta do sistema de casta hindu, de 14 anos que era aluno da oitava série do distrito de Gaya, morreu em um hospital na cidade de Patna, capital de Bihar, Índia, segundo o jornal The Telegraph India. Kumar teve mais de 70% de seu corpo queimado e ficou no hospital por mais de um mês.

No estado de Bihar, no nordeste da Índia, praticamente toda a comunidade cristã é dalit, os "intocáveis" do sistema hindu. Eles são fortemente discriminados e frequentemente alvo de violência e assassinatos.

Sanjeet, o irmão mais velho de Nitish, disse ao jornal local que o ataque ocorreu em 11 de agosto, quando iam juntos comprar verduras e um desconhecidos em uma motocicleta jogou o ácido. Segundo Sanjeet, sua família vem sofrendo ameaças cada vez mais graves por parte de radicais hindus nos últimos meses.

As autoridades não fizeram nenhuma investigação, alegando que o menino se suicidou atando fogo em si mesmo por causa de uma briga familiar em razão de "um corte de cabelo", disse o jornal.

Depois da morte do menino, os pais de Nitish pediram que o corpo fosse entregue a eles para o sepultamento. O dono do hospital, Kamod Narayan Tiwary, disse ter informado a polícia, pois a lei manda fazer autópsia caso a morte não seja natural. Segundo Tiwary, porém, a polícia disse não querer se envolver no caso e autorizou a entrega do corpo sem autópsia.

O pai de Nitish, condutor de riquixá na cidade de Kamta Nagar, converteu-se ao cristianismo há cinco anos com toda a sua família.

Outros cristãos vizinhos confirmaram ao jornal local que a família de Nitish e outras pessoas receberam ameaças de pessoas que "usam lenços cor de açafrão", cor característica dos radicais hindus. "Temos medo de denunciá-los à polícia, porque nossas casas, terras e negócios estão aqui", disse um dos vizinhos.

O padre Devasagayaraj M. Zackarias disse a Asia News, agência de notícias católica da Ásia, que a liberdade religiosa das minorias e os direitos humanos dos cristãos estão ameaçados desde 2014, quando o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP) assumiu o governo do país. Além disso, ele pediu justiça e garantias para a família de Nitish.

"Neste momento, com o governo do BJP, a liberdade religiosa na Índia está em perigo. Jogar ácido em uma criança cristã dalit é uma atrocidade e sua família continua sendo ameaçada. Deve haver proteção e justiça por esta morte o mais rápido possível", disse o padre.

Dom Sarat Chandra Nayak, bispo de Berhampur e presidente da Comissão para as Castas Desfavorecidas da CBCI, disse a Asia News que os cristãos dalits sofrem dupla discriminação.

"Por muitas fontes, sabemos que em Bihar e Uttar Pradesh há muitos cristãos dalits atacados por sua fé com assassinatos, estupros, agressões e intimidação", disse ele.

Segundo o bispo, "os dalits são pelo menos a metade da população cristã" e sofrem um "nível crescente de violência, o que representa uma dupla discriminação contra eles".

"O governo e a polícia deveriam prestar mais atenção ao sofrimento dos dalits, dos dalits cristãos e dos povos tribais. Devem proteger os mais vulneráveis, porque estão negando a imagem da Índia como um país democrático que promove o desenvolvimento de todos", concluiu.

A organização cristã Open Doors disse que a perseguição às minorias religiosas na Índia aumentou com milhares de incidentes a cada ano, com o Bharatiya Janata no poder. A organização acusa o governo de permitir que grupos extremistas ataquem os cristãos com impunidade.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), em seu relatório anual sobre Liberdade Religiosa, diz que a perseguição por governos que defendem supremacia étnica e religiosa em países com maioria hindu e budista. O caso mais claro é a Índia, mas políticas semelhantes existem no Nepal, Sri Lanka e Mianmar.

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