Oct 17, 2023 / 06:00 am
Oscar Wilde, um dos escritores e dramaturgos mais famosos do século XIX, autor de obras como ‘O Retrato de Dorian Gray’ ou ‘A importância de se chamar Ernesto’, se converteu ao catolicismo em seu leito de morte, em seus últimos instantes de vida, embora muitos não saibam.
Esta é sua história.
Depois de seu nascimento em Dublin (Irlanda), em 1854, Wilde foi batizado na igreja anglicana. Entretanto, sua mãe, Jane, foi atraída ao catolicismo e ia à Missa com frequência. Quando Oscar era criança, ela pediu ao sacerdote local que instruísse seus filhos na fé católica, apesar de que não se saiba se realmente Jane se uniu oficialmente á Igreja.
Wilde, embora recebesse formação católica, não se considerava como um católico em crescimento.
Enquanto estudava em Oxford, Wilde considerou seriamente a possibilidade de se converter ao catolicismo e até mesmo ser sacerdote. Mas, ao mesmo tempo, tinha se unido aos maçons.
Em 1877, quando tinha 23 anos, o escritor viajou para Roma e teve um encontro com o Papa Pio IX, que o deixou “sem palavras”. Então, começou a ler os livros do Beato Cardeal John Newman.
Sobre a Igreja Católica, Wilde dizia com ironia: “É apenas para os santos e pecadores. Para as pessoas respeitáveis bastará a igreja anglicana”.
Em 1878, tornou-se amigo de um sacerdote e escolheu uma data para entrar oficialmente para a Igreja Católica, mas sua família se opôs. Seu pai o ameaçou de cortar as suas mãos se o fizesse. Por isso, no último minuto, Wilde desistiu de se converter ao catolicismo.
Anos mais tarde, em 1895, após alcançar a fama na literatura, foi acusado de sodomia (praticar atos homossexuais), que era ilegal na Inglaterra naquele tempo. Depois de um longo julgamento público, foi declarado culpado e condenado a dois anos de trabalhos forçados.
Enquanto estava na prisão, sua saúde se deteriorou, mas também experimentou uma renovação espiritual. Quando saiu em liberdade, pediu à Companhia de Jesus para fazer um retiro espiritual de seis meses. Lamentavelmente, foi recusado.
Alguns relatórios dizem que chorou ao escutar o rechaço. Apesar de ter dito a um jornalista que tinha “a intenção de ser recebido em pouco tempo” na Igreja Católica, viajou para a França, onde viveu durante alguns anos deprimido e na pobreza, gastando o pouco dinheiro que tinha com álcool.
Em 1900, a saúde de Wilde piorou ao desenvolver uma meningite cerebral. Quando percebeu que o escritor poderia morrer, Robert “Robbi” Ross, seu amigo e suposto amante homossexual, chamou um sacerdote. Quando o presbítero chegou, Wilde pediu para ser batizado na Igreja Católica. Sobre esse fato, o sacerdote contaria o seguinte:
“Enquanto a carruagem percorria as ruas escuras daquela noite invernal, a triste história de Oscar Wilde me foi, em parte, repetida... Robert Ross se ajoelhou junto à cama, ajudando-me o melhor que pôde, enquanto lhe administrei (a Wilde) o batismo condicional e, depois, pronunciando as respostas enquanto dei a Extrema Unção ao homem prostrado e recitei as orações para os moribundos. Como o homem estava em uma condição de semi estado de coma, não me aventurei a administrar-lhe o Santo Viático (Eucaristia); mas devo acrescentar que ele podia ser despertado e foi despertado deste estado na minha presença. Quando despertou, deu sinais de estar interiormente consciente... De fato, estive completamente satisfeito de que ele tenha me entendido quando disse que estava a ponto de recebê-lo na Igreja Católica e lhe dei os últimos sacramentos... e quando repeti perto de seu ouvido os Santos Nomes, o Ato de Contrição, Fé, Esperança e Caridade, com atos de humilde resignação à Vontade de Deus, tentou dizer as palavras depois de mim”.
No dia seguinte, Oscar Wilde morreu.
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