Vaticano, Oct 4, 2021 / 16:06 pm
Pode haver interpretações diferentes de declarações do papa Francisco sobre tópicos controversos. Sobre o aborto, porém, Francisco tem sido inequivocamente claro: a criança por nascer tem que que ser sempre protegida.
Nos últimos anos, as declarações públicas do papa Francisco sobre o aborto, como a comparação com contratar um assassino de aluguel ou a à eugenia nazista, têm sido até mais explícitas e marcantes do que declarações pró-vida de seus antecessores.
Aqui está uma coletânea das mais fortes declarações do papa Francisco e dos últimos papas sobre o aborto.
15 de setembro de 2021: "O Aborto é assassinato".
Quando um jornalista da publicação jesuíta dos EUA, America Magazine, perguntou ao papa em uma coletiva de imprensa no avião papal no último 15 de setembro sobre "o direito de escolha de uma mulher" e dar a Comunhão aos políticos que apoiaram as leis pró-aborto, o papa Francisco respondeu que "o aborto é mais do que uma questão. O aborto é assassinato".
"Cientificamente, é uma vida humana. Os livros didáticos nos ensinam isso. Mas será correto tirá-la para resolver um problema? É por isso que a Igreja é tão rígida nesta questão, porque aceitar isto é como aceitar um assassinato diário", disse Francisco.
25 de setembro de 2020: Discurso às Nações Unidas
Em um discurso à Assembléia Geral da ONU, o papa Francisco disse que foi lamentável ver "alguns países e instituições internacionais também estão promovendo o aborto como um dos chamados 'serviços essenciais' prestados na resposta humanitária" à pandemia da covid-19.
"É preocupante ver como se tornou simples e conveniente para alguns negar a existência de uma vida humana como solução para problemas que podem e devem ser resolvidos tanto para a mãe quanto para seu filho por nascer", disse o papa.
10 de outubro de 2018: O aborto é como "contratar um assassino"
O Papa Francisco comparou o aborto a "contratar um assassino" durante sua catequese semanal.
"Como pode uma ação que acaba com uma vida inocente e indefesa em sua fase de desabrochar ser terapêutica, civilizada ou simplesmente humana? Pergunto a vocês: É correto acabar com uma vida humana a fim de resolver um problema? É correto contratar um assassino para resolver um problema? Não se pode. Não é correto eliminar um ser humano, por menor que seja, a fim de resolver um problema. É como contratar um sicário", disse ele.
O papa repetiu esta fala sobre o "assassino" muitas vezes desde então, inclusive a um jornalista da televisão espanhola em 2019 sobre a permissibilidade do aborto no caso de uma mulher que foi traficada e fica grávida por estupro.
16 de junho de 2018: O aborto de deficientes é repetir "o que os nazistas fizeram".
O papa disse que o aborto de crianças doentes ou deficientes é como o genocídio dos nazistas "mas com luvas brancas".
"Ouvi dizer que está na moda, ou pelo menos é costume, nos primeiros meses de gravidez, fazer certos exames, para ver se o bebê não está bem, ou se tem alguns problemas. A primeira proposta nesse caso é: Vamos acabar com isso?", disse o Papa Francisco em um discurso de uma associação familiar.
"No século passado, o mundo inteiro ficou escandalizado com o que os nazistas estavam fazendo para manter a pureza da raça". Hoje fazemos a mesma coisa, mas com luvas brancas", disse Francisco.
Respondeno sobre o aborto para mulheres grávidas em meio ao surto do vírus Zika, o papa respondeu que o aborto é "um mal absoluto" e vai contra o juramento hipocrático dos médicos.
"O aborto não é o menor de dois males. É um crime. É expulsar alguém para salvar outro. É o que a Máfia faz. É um crime, um mal absoluto", disse o papa na entrevista coletiva no voo de volta.
"O aborto não é um problema teológico. É um problema humano. É um problema médico. Você mata uma pessoa para salvar outra, na melhor das hipóteses. ... É contra os juramentos de Hipócrates que os médicos devem fazer. É um mal em si mesmo", disse ele.
18 de junho de 2015: O cuidado com a criação é "incompatível com a justificativa do aborto".
Na encíclica ambiental Laudato si, o papa disse que o respeito à criação e à dignidade humana andam de mãos dadas. "Como tudo está interrelacionado, a preocupação com a proteção da natureza também é incompatível com a justificativa do aborto", escreveu o papa. "Como podemos realmente ensinar a importância da preocupação com outros seres vulneráveis, por mais problemáticos ou inconvenientes que sejam, se não protegemos um embrião humano, mesmo quando sua presença é desconfortável e gera dificuldades?"
16 de agosto de 2014: O papa reza no cemitério da Coréia do Sul pelas vítimas do aborto
Em sua viagem à Coréia do Sul em agosto de 2014, o papa Francisco rezou em um cemitério para bebês abortados. Parando para rezar em silêncio diante da horda de jornalistas que documenta todos os movimentos do papa durante uma viagem oficial, Francisco usou esse gesto silencioso para comunicar o Evangelho da vida.
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O papa também visitou um cemitério para crianças não nascidas na periferia de Roma para rezar no Dia de Todas as Almas em 2018.
20 de setembro de 2013: Toda criança por nascer abortada tem o rosto de Jesus
Em um discurso a um grupo de ginecologistas e obstetras, o papa disse que os médicos "são chamados a cuidar da vida humana em sua fase inicial" e pediu-lhes que lembrassem às pessoas que "em todas as suas fases e em qualquer idade, a vida humana é sempre sagrada".
"Toda criança que, ao invés de nascer, é condenada injustamente a ser abortada, traz o rosto de Jesus Cristo, traz o rosto do Senhor, que mesmo antes de nascer, e logo após o nascimento, experimentou a rejeição do mundo", disse o Papa Francisco.
As inequívocas declarações do papa Francisco continuam os pronunciamentos claros da Igreja Católica de que o aborto é um grave mal. Estas foram algumas das mais eloquentes dos últimos papas e Concílio Vaticano II:
Papa Bento XVI, 3 de dezembro de 2005: "Mal intrínseco do crime de aborto".
Entre as muitas declarações pró-vida de Bento XVI, uma que se destaca foi um discurso que ele fez aos bispos da América Latina sobre questões familiares e de vida, no qual ele disse que "as crianças têm o direito de nascer e de serem criadas em uma família fundada no matrimônio".
"As crianças são verdadeiramente o maior tesouro da família e o bem mais precioso. Consequentemente, todos devem ser ajudados a tomar consciência do mal intrínseco do crime de aborto. Ao atacar a vida humana em suas primeiras etapas, é também uma agressão contra a própria sociedade. Políticos e legisladores, portanto, como servidores do bem comum, têm o dever de defender o direito fundamental à vida, fruto do amor de Deus", disse ele.
São João Paulo II, 25 de março de 1995: A "Cultura da Morte".
Na sua encíclica pioneira sobre o Evangelho da Vida, Evangelium Vitae, o papa são João Paulo II definiu o surgimento de uma "cultura de morte" e uma "guerra dos poderosos contra os fracos", na qual "uma vida que deveria exigir maior aceitação, amor e cuidado é considerada inútil ou considerada um fardo intolerável".
"O desprezo pelo direito à vida, precisamente porque leva à morte da pessoa a quem a sociedade existe para servir, é o que mais diretamente entra em conflito com a possibilidade de alcançar o bem comum .... O aborto e a eutanásia são, portanto, crimes que nenhuma lei humana pode pretender legitimar", escreveu são João Paulo II.
Papa são Paulo VI, 1974: Primeira reação de um papa à sentença Roe x Wade que liberouo o aborto nos EUA, em 1973.
A Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano emitiu uma declaração sobre o aborto provocado, que foi ratificada e publicada pelo Papa Paulo VI em 1974.
"O respeito pela vida humana não é imposto apenas aos cristãos: a razão é suficiente para exigi-lo", declarou. "A partir do momento em que o óvulo é fertilizado, é inaugurada uma vida que não é a do pai ou da mãe, mas a de um novo ser humano que se desenvolve por si mesmo".
Concílio Vaticano II, 2 de dezembro de 1965: O aborto é um crime 'indescritível'.
Oito anos antes da decisão Roe x Wade, a constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no mundo moderno, Gaudium et spes, descrevia o aborto e o infanticídio como "crimes indescritíveis".
"Porque Deus, o Senhor da vida, conferiu aos homens o ministério supremo de salvaguardar a vida de uma maneira digna do homem", diz o documento.
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