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Papa Francisco fala dos 3 possíveis riscos do Sínodo sobre a Sinodalidade 2023

Papa Francisco e participantes do evento preparatório para o Sínodo sobre a sinodalidade, no dia 09 de outubro de 2021. | captura de tela canal Youtube Vatican Media

O papa Francisco exortou os católicos neste sábado 09 de outubro a ser conscientes de três "riscos" no caminho para o sínodo de 2023 sobre a sinodalidade.

O papa ofereceu um discurso em um evento no Vaticano que marcou a abertura do processo de dois anos inaugurado neste domingo, 10.

Por sua parte, Francisco disse que os procedimentos poderiam ser impedidos pelo "formalismo", pelo "intelectualismo" e pela "tentação da complacência".

Abordando o primeiro risco, ele disse: "Se quisermos falar de uma Igreja sinodal, não podemos ficar satisfeitos apenas com as aparências; precisamos de conteúdo, meios e estruturas que possam facilitar o diálogo e a interação dentro do Povo de Deus, especialmente entre sacerdotes e leigos".

"Por que enfatizar isto? Porque às vezes existe um certo elitismo na ordem presbiteral que a torna desconectada dos leigos; e o sacerdote acaba se tornando o 'dono da casa' e não o pastor de toda uma Igreja que está avançando".

"Isto exige a mudança de certas visões excessivamente verticais, distorcidas e parciais da Igreja, do ministério sacerdotal, do papel dos leigos, das responsabilidades eclesiais, dos papéis de governo e assim por diante".

Voltando ao segundo risco, ele advertiu que o sínodo "poderia se transformar em uma espécie de grupo de estudo", perdendo-se em abstração.

Ele disse que o processo consistiria então em "as pessoas habituais dizendo as coisas habituais, sem grande profundidade ou discernimento espiritual, e terminando ao longo de divisões ideológicas e partidárias corriqueiras e infrutíferas, longe da realidade do povo santo de Deus e da vida concreta das comunidades ao redor do mundo".

O risco final, disse ele, é o de adotar uma atitude de manter as coisas como estão porque "sempre o fizemos desta maneira".

"Aqueles que pensam assim, talvez sem perceber, cometem o erro de não levar a sério os tempos em que estamos vivendo", comentou.

"O perigo, no final, é aplicar soluções antigas a novos problemas". Um remendo de pano áspero que acaba criando um rasgo ainda pior".

"É importante que o processo sinodal seja exatamente isto: um processo de devir, um processo que envolva as Igrejas locais, em diferentes fases e de baixo para cima, em um esforço entusiasmante e envolvente que possa forjar um estilo de comunhão e participação voltado para a missão".

O evento foi o primeiro de dois grandes eventos deste fim de semana, que culminaram com a missa papal no domingo, 10, que abriu formalmente o processo de consulta global de dois anos até a assembleia do Sínodo dos bispos em outubro de 2023, após a qual, o papa deverá lançar, como de costume, um documento.

A Santa Sé anunciou em maio que o sínodo sobre a sinodalidade seria aberto com uma fase de consulta diocesana que duraria de outubro de 2021 a abril de 2022.

Uma segunda fase, continental, acontecerá de setembro de 2022 a março de 2023.

A terceira fase, universal, terá início com a XVI Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada ao tema "Por uma Igreja Sinodal": Comunhão, Participação e Missão", que será realizada no Vaticano, em outubro de 2023.

Em setembro, o Vaticano lançou um documento preparatório e um manual incentivando as dioceses a consultar todos os batizados, inclusive aqueles que já não participam mais da vida da Igreja.

Em seu discurso, o papa reconheceu o desafio de envolver todos no processo e ressaltou que "sem a participação real do povo de Deus, falar de comunhão corre o risco de permanecer um desejo devoto".

"Neste sentido, já demos alguns passos adiante, mas uma certa dificuldade permanece e devemos reconhecer a frustração e a impaciência sentida por muitos agentes de pastoral, membros de órgãos consultivos diocesanos e paroquiais e mulheres, que freqüentemente permanecem à margem".

"Permitir a participação de todos é um dever eclesial essencial"!

Após o discurso papal, o cardeal Jean-Claude Hollerich, S.J., arcebispo de Luxemburgo e relator geral do sínodo, descreveu o processo sinodal como um "momento de discernimento".

Hollerich disse: "A comunhão com Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, nos impedirá de transformar o sínodo em um debate político onde cada um lute por sua própria agenda".

"É por isso que nosso caminho nos levará a uma fase na qual nosso papa tirará conclusões baseadas no documento final do Sínodo dos Bispos, que será fruto de todo este processo de escuta e discernimento".

O discurso final foi proferido pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

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O cardeal maltês explicou que o documento preparatório e o manual do Sínodo não tinham a intenção de "pré-estabelecer as condições do caminho ou ditar o caminho, obrigando a Igreja a seguir uma estrada estabelecida com antecedência".

Antes, estes documentos são como "sinalizações", em vez de "um caminho", indicando a direção do processo sinodal.

Ele levantou questões sobre como a assembleia do Sínodo dos Bispos em 2023 deveria ser conduzida. O cardeal questionou se a votação era sempre a melhor maneira de estabelecer um consenso entre os participantes.

Ele disse: "Será tão impossível imaginar, por exemplo, que recorrer à votação do documento final e de seus itens individuais só deve ser feito quando o consenso não é certo"?

"Não é suficiente prever objeções fundamentadas ao texto, talvez assinadas por um número adequado de membros da assembleia, resolvidas com uma discussão adicional, e recorrer à votação como último recurso?"

"Limito-me a estas poucas perguntas, não para dar uma solução, mas para apontar um problema sobre o qual devemos refletir cuidadosamente".

Ele também sugeriu que a assembleia poderia decidir não submeter seu documento final imediatamente ao papa, como de costume, mas enviá-lo em vez disso às dioceses do mundo inteiro.

"Neste caso, o documento final chegaria ao Bispo de Roma, que sempre foi reconhecido por todos como aquele que emite os decretos estabelecidos pelos conselhos e sínodos, já acompanhados pelo consenso de todas as Igrejas", disse.

No final do evento, o papa Francisco fez uma oração ao Espírito Santo: "Vinde, Espírito Santo! Tu inspiras novas línguas e coloca palavras de vida em nossos lábios: impede-nos de nos tornarmos uma 'Igreja museu', bela porém muda, com muito passado e pouco futuro".

"Vinde entre nós, para que nesta experiência sinodal não percamos nosso entusiasmo, diluamos o poder da profecia nem descendamos a discussões inúteis e improdutivas".

"Vem, Espírito de amor, abre nossos corações para ouvir tua voz! Vinde, Espírito de santidade, renovai o santo povo fiel de Deus! Vem, Espírito Criador, renova a face da terra!"

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