20 de dezembro de 2024 Doar
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Eutanásia de mulher que não tem doença terminal é cancelada

Imagem ilustrativa | Pixabay

O Instituto Colombiano da Dor (IPS Incodol) anunciou neste sábado o cancelamento da eutanásia de Martha Liria Sepúlveda Campo, de 51 anos, que não está em estado terminal.

A morte de Martha estava marcada para domingo, 10 de outubro, às 7h, porém, a IPS Incodol informou que o Comitê Científico Interdisciplinar pelo Direito de Morrer com Dignidade "concluiu por unanimidade pelo cancelamento do procedimento".

"O Comitê Científico Interdisciplinar pelo direito a morrer com dignidade através da eutanásia do Instituto Colombiano de Dor S.A.S, de acordo com uma reunião de 8 de outubro deste ano, na qual foi revisto e analisado novamente de forma ampla e suficiente o pedido da sra. Martha Liria Sepúlveda, decidiu unanimemente cancelar o procedimento para morrer com dignidade por meio da eutanásia, previsto para 10 de outubro de 2021", afirma.

O comitê alegou que "ao contar com um conceito atualizado do estado de saúde e evolução da paciente, define-se que não cumpre com o critério de terminalidade como havia sido considerado no primeiro comitê".

Martha, que mora em Medellín, sofre de esclerose lateral amiotrófica, conhecida como ELA, doença dos neurônios no cérebro, tronco cerebral e medula espinhal que controlam o movimento dos músculos voluntários, afetando 5 pessoas em cada 100 mil no mundo. Por causa da doença, Martha Liria Sepúlveda perdeu os movimentos das pernas no ano passado.

Se a eutanásia tivesse sido realizada, Martha seria a primeira mulher em estado não terminal a morrer após a decisão da Corte Constitucional da Colômbia que permitiu, em julho de 2021, que pacientes não terminais tivessem acesso a essa prática.

No dia 3 de outubro, a rede de TV Caracol transmitiu uma reportagem na qual a mulher disse que está "tranquila" com a decisão de receber a eutanásia. Dizendo-se católica, ela disse: "Considero que tenho muita fé em Deus, mas, repito, Deus não quer me ver sofrer e acho que não quer ver ninguém. Nenhum pai quer ver os seus filhos sofrerem".

Em 6 de outubro, dom Francisco Ceballos, bispo de Riohacha, Colômbia, e presidente da Comissão para a Promoção e Defesa da Vida do Episcopado Colombiano, publicou uma mensagem em vídeo para Martha, pedindo que desista de sua decisão.

"Como pastor da Igreja Católica, com muito respeito e muito carinho, quero manifestar a minha irmã Martha que não está sozinha, que o Deus da Vida sempre nos acompanha", disse o bispo na mensagem publicada em 6 de outubro. "Sua tribulação pode encontrar um significado transcendente, se se converter em um chamado ao Amor que cura, ao Amor que renova, ao Amor que perdoa", acrescentou.

"Martha, eu a convido a refletir com calma sobre a sua decisão; espero que seja, se as circunstâncias permitirem, longe do assédio dos meios de comunicação que não duvidaram em pegar a sua dor e a de sua família, para fazer um tipo de propaganda da eutanásia, em um país marcado pela violência", pediu dom Ceballos em sua mensagem.

O bispo colombiano pediu aos fiéis que rezem muito por Martha Liria e por sua família, para que possa reconsiderar a sua decisão.

"Para envolvê-la em sua reflexão, convido carinhosamente todos os católicos a se unirem na oração por nossa irmã Martha, por seu filho, por seus familiares e pelos profissionais que a atendem, para que o Deus da Vida, que é o Amor Supremo, encha-a com sua misericórdia", exortou o bispo.

Em sua mensagem, o bispo de Riohacha explicou que "segundo as convicções cristãs mais profundas, a morte não pode ser a resposta terapêutica para a dor e para o sofrimento em nenhum caso".

"A morte realizada mediante o suicídio assistido ou a eutanásia não é compatível com a nossa interpretação da dignidade da vida humana", destacou.  

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