Roma, Oct 25, 2021 / 14:31 pm
Lúcia da Imaculada, conhecida como Lúcia Ripamonti, foi proclamada beata no sábado, 23 de outubro, na missa celebrada pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, na catedral de Brescia, Itália.
Maria Ripamonti, seu nome de nascimento, nasceu em 26 de maio de 1909 em uma família numerosa de origens humildes na cidade italiana de Acquate, lembra em nota biográfica a Congregação para as Causas dos Santos.
Para ajudar sua família, em 1918 ela deixou a escola e começou a trabalhar como costureira. Ao mesmo tempo, comprometeu-se com a vida paroquial e com o oratório da Ação Católica.
Em 1927 a confecção onde trabalhava fechou e começou a trabalhar em uma fábrica. Aos poucos, sua vocação para a vida consagrada foi amadurecendo e em 15 de outubro de 1932 ingressou na Congregação dos Servos da Caridade em Brescia.
Em 1935 fez os votos religiosos provisórios e mudou seu nome para Irmã Lúcia da Imaculada. Em 13 de dezembro de 1938 fez a profissão perpétua na Casa Mãe, onde permaneceu. Depois de aprofundar em seu discernimento, teve a permissão de seu diretor espiritual para emitir o voto de "vítima para a salvação dos irmãos".
Na homilia, o cardeal destacou que para a beata Lúcia Ripamonti a humildade é "a mestra de todas as virtudes". Essa concepção de humildade ficou refletida em uma anedota contada por uma das testemunhas do processo de beatificação.
A testemunha "contou como um dia percebeu que a irmã Lúcia se movia constantemente para lhe deixar o lado direito e, caminhando, permanecia respeitosamente um passo atrás. Surpresa e espantada com este comportamento, e supondo que tinha algum problema para acompanhar o ritmo, perguntou-lhe se queria que caminhasse mais devagar. Irmã Lúcia, no entanto, respondeu-lhe com um grande sorriso e com a voz suave: 'Não, não, vou bem assim. Estou no meu lugar'".
A nova beata repetia: "A melhor coisa para uma alma é fazer o que Deus quer dela; de fato, sua morada espiritual é sustentada pelo profundo e sólido fundamento da humildade".
O cardeal Semeraro explicou que a irmã Lúcia pôs em prática este ponto e, "mesmo oferecendo à comunidade um serviço verdadeiramente eficaz, a nossa beata viveu no silêncio e na simplicidade evangélica, encontrando em tudo, mesmo nas repreensões e nas correções, um meio para se humilhar e assim progredir na santidade".
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos destacou que a beata Lúcia Ripamonti "acolheu com generosidade o chamado do Senhor à vida consagrada, onde escolheu para si o servir e ocupar o último lugar".
Estando nesta posição, "ela se entregou a Deus a ponto de dela se dizer que 'foi vendida à caridade'; abandonando-se à sua vontade e isto sobretudo nos dias de doença; praticando a obediência com fidelidade e serenidade; colocando-se à disposição do próximo a ponto de se esquecer de si mesmo".
Irmã Lúcia distinguiu-se pela prudência, temperança e obediência, até se tornar ponto de referência para as outras religiosas e para os leigos que vinham a ela para lhe confiar os seus sofrimentos pessoais.
Oferecia consolo e ajuda a todas as pessoas que a procuravam e se confiava ao Senhor para encontrar a forma mais idônea de cobrir as necessidades materiais e espirituais mais urgentes dos mais necessitados.
Ela também ajudou jovens desempregados a encontrar emprego, muitas vezes mediando com os empresários. Ela ofereceu a mesma disponibilidade às freiras mais velhas da Casa Mãe, acompanhando-as carinhosamente em suas terapias.
Com particular sensibilidade e respeito, ela também ajudou famílias carentes. Morreu de câncer no fígado em 2 de julho de 1954 em Brescia.
Durante a oração do Ângelus de ontem, 24 de outubro, na Praça de São Pedro do Vaticano, o papa Francisco dedicou algumas palavras para celebrar a beatificação.
Francisco referiu-se a Lúcia Ripamonti como "uma mulher gentil e acolhedora, faleceu em 1954 aos 45 anos, depois de uma vida dedicada ao serviço do próximo, inclusive quando a doença tinha enfraquecido o seu corpo mas não o seu espírito".
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