Roma, Oct 29, 2021 / 15:53 pm
O padre da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de La Salette, padre Gian Matteo Roggio, disse no curso sobre exorcismo organizado pela Santa Sé, que a demanda por exorcismos aumentou durante a pandemia.
A pandemia deixou as pessoas "mais vulneráveis à ideia de que Satanás ou alguma entidade maligna tomou conta de suas vidas", disse o padre Roggio ao jornal britânico The Telegraph. "As pessoas caíram na pobreza, sofrem de ansiedade e depressão. Sentem que suas vidas não estão mais em suas próprias mãos, mas nas mãos de uma força do mal. É uma grande crise", destacou.
Roggio deu palestrar no Curso de Exorcismo e Oração de Libertação, que se realiza desde 25 de outubro no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum, e termina no sábado, 30. O objetivo do curso é dar uma resposta concreta, profunda e profissional ao tema do exorcismo, um tema que continua sendo atual, apesar de pouco conhecido.
O padre disse que os efeitos de uma possessão são impressionantes, mas os religiosos avaliam as pessoas para determinar se elas "sofrem de transtornos psiquiátricos comuns ou se estão realmente possuídas pelas forças do mal".
Pessoas possuídas por demônios "falam línguas que não conhecem, até mesmo línguas antigas como aramaico, latim, grego e hebraico. Podem levitar do chão ou vomitar objetos como pregos e cacos de vidro", destacou.
Além disso, afirmou que essas pessoas mudam completamente suas vozes, a ponto de "uma mulher começar a falar como um homem", e desenvolver "uma força sobre-humana a ponto de ser necessárias quatro ou cinco pessoas para contê-las".
Ao longo do curso houve apresentações sobre a origem histórica do exorcismo entre judeus e cristãos, sobre o papel do bispo no ministério do exorcismo e sobre anjos e demônios na Sagrada Escritura e no Magistério da Igreja.
Também se falou sobre submissão diabólica, a dimensão eclesial do ministério do exorcismo e a relação das possessões com a filosofia New Age, as terapias holísticas e o esoterismo.
Outros temas que estiveram presentes foram as fontes históricas do ritual de exorcismo, os critérios de discernimento para identificar a ação extraordinária do maligno ou os símbolos nos rituais mágico-ocultistas e satânicos.
Um dos organizadores do curso, padre Luis Ramírez, disse ao The Telegraph que "durante a pandemia, padres em todo o mundo receberam mais pedidos de ajuda psiquiátrica de paroquianos".
O sociólogo e psicólogo Giuseppe Ferrari, secretário-geral do Gruppo Di Ricerca E Informazione Socio Religiosa (GRIS) da diocese de Bolonha (Itália), disse que "os meios de comunicação atraem os jovens a explorar a bruxaria, o vampirismo, a magia negra e o oculto".
"É um fenômeno que está crescendo e é muito preocupante", lamentou.
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