23 de novembro de 2024 Doar
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Nomeação de ministro abortista para academia da Santa Sé é nefasta, diz filósofo argentino

Martín Maximiliano Guzmán | site do governo argentino (CC BY 4.0)

A nomeação de Martín Maximiliano Guzmán, ministro da Economia da Argentina, para a Pontifícia Academia de Ciências Sociais é "nefasta" e "contraproducente, disse o filósofo e professor argentino Juan Carlos Monedero Dopacio. Guzmán, nomeado pelo papa Francisco no sábado, 27 de novembro, é um ativo defensor do aborto e usa a chamada "linguagem inclusiva", que é parte da ideologia de gênero.

Monedero, que é líder pró-vida e autor de quatro livros, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo aCI, que "a nomeação de Guzmán para a Pontifícia Academia é absolutamente incompatível com a defesa da doutrina católica".

"É nefasto porque, em primeiro lugar, este homem foi designado como integrante de uma academia e não tem perfil acadêmico", disse Monedero à ACI Prensa, ontem, 29 de novembro.

A Pontifícia Academia das Ciências Sociais, criada em 1994 por são João Paulo II em 1994, e busca, segundo o seu site, "promover o estudo e o progresso das ciências sociais, principalmente da economia, da sociologia, do direito e das ciências políticas".

A academia, continua o site, oferece à Igreja Católica "os elementos que pode utilizar para o desenvolvimento de sua doutrina social".

Monedero explicou que Guzmán "se manifestou contra os princípios católicos: a favor do aborto legal, falou com uma linguagem inclusiva, glorificou o presidente Néstor Kirchner; que foi um presidente anticristão ao legalizar o casamento igualitário (em julho de 2010), entre outras coisas; e também elogia as mulheres que distorcem a história argentina, como as Mães da Praça de Maio".

As Mães da Praça de Maio são uma organização de mães de desaparecidos durante a ditadura argentina entre 1976 e 1983. Sua líder histórica é Hebe de Bonafini, que atacou a Igreja em diferentes ocasiões. Também atacou o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio antes de ele se tornar o papa Francisco.

Bonafini foi uma das Mães da Praça de Maio que profanou a catedral da capital argentina em 2008, em protesto contra a falta de entrega de fundos estatais para seus projetos de habitação popular. Na ocasião, Bonafini disse à imprensa que como os banheiros da catedral estavam fechados "tivemos que improvisar um, atrás do altar".

O ministro Guzmán publicou no Twitter, pouco antes da legalização do aborto pelo Senado da Argentina em dezembro de 2020, que "a legalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, promovida pelo governo e pelas lutas coletivas que buscam continuar conquistando direitos, faz parte do caminho para corrigir iniquidades perversas".

Em agosto de 2018, Guzmán também participou de uma manifestação a favor do aborto em Nova York.

O filósofo também se referiu a um episódio anedótico do ministro Guzmán, quando em setembro de 2020 estava na Câmara dos Deputados para apresentar o orçamento nacional para 2021: "Ele foi surpreendido com o microfone aberto utilizando uma expressão pouco acadêmica que significava que ele iria falar para matar o tempo, sem falar nada".

Na ocasião, o presidente da Câmara dos Deputados, Sergio Massa, havia comentado com Guzmán que o arquivo de que precisava para a exposição não estava pronto, ao que o ministro da Economia argentino respondeu: "Eu também posso começar o 'sarasear' (ou seja, dizer tolices) até que esteja". Rapidamente, o vídeo e o áudio se tornaram virais.

"Foi muito humilhante para ele, mas aconteceu assim. Que este homem diga que vai sarasear, quando conduz os destinos da sociedade argentina, é uma vergonha", lamentou Monedero.

O filósofo disse que embora nem todas as coisas ruins economicamente possam ser imputadas ao ministro, pode-se dizer que o que o governo fez no "ano passado com a chamada pandemia foi terrível. Forçaram uma quarentena completamente contraproducente e agora festejam uma espécie de novo crescimento econômico quando eles afundaram o país, então, é bastante hipócrita".

Como ministro do governo de Alberto Fernández desde dezembro de 2019, Guzmán enfrenta uma grave crise, com 40,6 % dos argentinos abaixo da linha da pobreza. Atualmente Guzmán renegocia a dívida de US$ 46 bilhões que a Argentina mantém com o Fundo Monetário Internacional (FMI) desde 2018.

Juan Carlos Monedero Dopacio disse que o ministro Guzmán é "um cooperador, uma parte fundamental de um governo anticristão".

"Não podemos colocar a nossa força de trabalho a serviço de um governo que segue uma ativa política anticatólica", como a promoção do aborto e da ideologia de gênero, "mesmo que em algumas questões sociais ou econômicas isso possa ser correto ou ter alguma visão mais positiva".

Para concluir, o filósofo argentino lembrou que "há uma hierarquia dos bens: os sobrenaturais e morais estão antes do que os econômicos. Portanto, quando se faz uma avaliação da questão no caso de Guzmán, o saldo é negativo."

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