17 de novembro de 2024 Doar
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Pesquisa nos EUA mostra novos padres mais conservadores do que há 20 anos

Priest collar | Shutterstock

Uma nova pesquisa mostra uma visão mais "pessimista" da Igreja Católica e um maior conservadorismo teológico entre os padres americanos de hoje, comparados aos de 2002.

O Levantamento de Padres Católicos Americanos (SACP, na sigla em inglês) fez 54 perguntas a 1.036 padres.

"Se a história importante do SACP tivesse que ser resumida brevemente seria: notáveis mudanças conservadoras entre os padres americanos ao longo das últimas duas décadas, junto com uma guinada para o pessimismo sobre o estado atual e a trajetória da Igreja Católica na América", diz o relatório da pesquisa, divulgada no dia 1º de novembro. 

Sobre política, os padres pesquisados descreveram-se como "conservadores" em taxas muito maiores do que os pesquisados em 2002, dizem os investigadores.

A porcentagem de padres que consideram os padres mais jovens como "muito mais conservadores" do que os padres mais velhos, aumentou de 29% em 2002 para 44% agora.

Para acompanhar as mudanças nas respostas ao longo do tempo, o inquérito reutilizou perguntas de uma sondagem de 2002 sobre padres católicos realizada pelo jornal Los Angeles Times, e perguntas de uma sondagem sobre padres feita em 1970.

Os padres foram contactados no final de 2020 através de duas listas não-relacionadas de email: uma fornecida pelo Diretório Católico Oficial e outra fornecida por uma ONG católica que não foi identificada. Apesar da amostra ser pequena, os pesquisadores dizem que os resultados das duas listas de correio eletrônico são "bastante semelhantes" entre si.

Os padres foram classificados segundo a visão política que declarama e com base no ano de ordenação.

Brad Vermurlen, um dos autores da pesquisa e sociólogo da Universidade do Texas em Austin, escreveu num artigo anunciando o estudo que os investigadores observaram um "grupo relativamente conservador de sacerdotes ordenados antes de 1960" seguida de "homens mais permissivos ou liberais ordenados para o sacerdócio nas décadas de 1960 e 70".

"Depois dos grupos permissivos, há um movimento constante em direção a visões mais conservadoras em cada grupo sucessivo. Os padres ordenados desde o ano 2000 tendem a ser os mais conservadores", escreveu Vermurlen.

Os padres da pesquisa recente são, em média, menos a favor do diaconato feminino, menos a favor de mulheres ordenadas como padres, e menos favoráveis à ideia de padres casados em comparação com a pesquisa de 2002.

Satisfação

Embora os padres de hoje sejam ligeiramente menos susceptíveis a deixar o sacerdócio do que em 2002, a "satisfação com a vida" dos padres é, no conjunto, menor: 72,1% dos padres em 2002 diziam-se "muito satisfeitos" com a vida de padre, contra 62% agora.

"Ao mesmo tempo que os padres se tornaram mais conservadores de várias formas, sua percepção do estado atual da Igreja Católica na América teve uma virada pessimista, com uma maioria de padres agora dizendo que as coisas na Igreja 'não são tão boas' - e isto aplica-se a todo o espectro político", dizem os pesquisadores.

Ortodoxia

A medida da "ortodoxia" usada na pesquisa era se os padres acreditam que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação".

O Catecismo da Igreja Católica ensina no número 846 que "toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo", e observa que o próprio Jesus afirmou explicitamente a necessidade da fé e do Batismo.

No parágrafo seguinte, o catecismo diz que "também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita»

Os sacerdotes em 2021 são, em geral, ligeiramente mais propensos a afirmar a crença de que a fé em Jesus Cristo é o "único caminho para a salvação" do que os sacerdotes em 2002, mas há diferenças acentuadas entre as diferentes convicções políticas.

Entre os padres que se identificaram como "muito liberais", quase 40% "discordaram fortemente" da afirmação de que o único caminho para a salvação é através da fé em Jesus Cristo. No outro extremo do espectro, entre os padres "muito conservadores", 82% disseram que "concordavam fortemente".

Moralidade

Para avaliar as opiniões sobre moralidade entre os padres, a pesquisa pergunta aos padres sua opinião sobre seis atos que a Igreja ensina serem pecaminoso: sexo fora do casamento; aborto; uso de anticoncepcionais por casais casados; atos homossexuais; suicídio para aliviar o sofrimento, e masturbação.

Os investigadores concluíram que os padres em 2021 tinham mais probabilidades do que os seus homólogos de 2002 de dizer que cada uma destas seis atividades era pecaminosa.

Avaliação do papa Francisco

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Os investigadores também perguntaram sobre a aprovação do papa Francisco por parte dos padres. Descobriram que os padres ordenados em anos mais recentes têm menos probabilidade de aprovar a forma como o papa Francisco exerce suas funções.

"No último grupo de sacerdotes, ordenados em 2010 ou mais tarde, apenas 20% 'aprovam fortemente' o papa e quase metade (49,8%) desaprovam 'de certa forma' ou 'fortemente'".

A Igreja melhorando ou piorando?

Sobre a "trajetória" da Igreja Católica nos EUA os padres avaliam a Igreja como "não tão boa" em todo o espectro político. Para os pequisadores, o pessimismo parece ser um "efeito de período", significando que "há algo no início da década de 2020 claramente diferente de 2002, gerando estas mudanças".

Uma das razões para o aumento do pessimismo dos padres pode ser "a vida espiritual e moral dos leigos católicos". Só 22% dos padres acham que "a maioria" dos leigos vive os ensinamentos da Igreja sobre questões morais, como a sexualidade, um decréscimo de 30% em relação a 2002.

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