Nicósia, Dec 2, 2021 / 15:36 pm
"As bem-aventuranças são a Constituição perene do cristianismo", disse o papa no dia 2 de dezembro, durante o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático em Chipre, no primeiro dia da sua visita apostólica a Chipre e à Grécia que se concluirá no dia 6 de dezembro.
Antes de entrar no palácio presidencial na capital Nicósia, o papa participou da cerimônia de boas-vindas que começou com a execução dos hinos do Vaticano e do Chipre por uma orquestra militar. Depois se reuniu com o presidente da República.
Em seu discurso pronunciado na sala de cerimônias do palácio presidencial, o papa disse: "para mim é uma alegria atravessar nestes dias a história e a alma desta terra, com a esperança que o seu anseio de unidade e a sua mensagem de beleza continuem a lhe guiar o caminho".
"Vim como peregrino a um país geograficamente pequeno, mas grande pela história. A uma ilha que ao longo dos séculos não isolou as pessoas, mas interligou-as. A uma terra cuja fronteira é o mar. A um lugar que assinala a porta oriental da Europa e a porta ocidental do Oriente Médio", disse o papa. "Uma porta aberta, um porto que une", disse. "Chipre, encruzilhada de civilizações, traz em si a vocação inata ao encontro, favorecida pelo caráter acolhedor dos cipriotas".
Segundo o papa, "a luz de Chipre tem muitas tonalidades", porque "muitos são os povos e as raças que, com cores diferentes, compõem a gama cromática desta população" e destacou "a presença de muitos imigrantes, a percentagem mais significativa entre os países da União Europeia".
"É importante tutelar e promover todas as componentes da sociedade, de forma especial aquelas que são estatisticamente minoritárias", disse Francisco. "Penso também nos vários entes católicos que poderiam beneficiar dum oportuno reconhecimento institucional, de modo que o contributo prestado à sociedade através das suas atividades, nomeadamente educativas e caritativas, esteja bem definido sob o ponto de vista legal".
O papa destacou que o Chipre é um "mensageiro de beleza entre os continentes" e exortou a ilha a ser "um estaleiro aberto de paz no Mediterrâneo", porque "os tempos que não parecem propícios e em que definha o diálogo que podem preparar para a paz. Recorda-nos ainda a pérola, que se torna tal na paciência obscura de tecer novas substâncias juntamente com o agente que a feriu".
"Nestas situações, não se deixe prevalecer o ódio, não se desista de curar as feridas, não se esqueça a situação das pessoas desaparecidas. E quando vier a tentação de desanimar, pense-se nas gerações futuras, que desejam herdar um mundo pacificado, colaborador, coeso, não habitado por rivalidades perenes e poluído por disputas não resolvidas. Para isso serve o diálogo, sem o qual crescem a suspeita e o ressentimento", disse o papa. "O continente europeu precisa de reconciliação e unidade, tem necessidade de coragem e ímpeto para seguir em frente. Pois não serão os muros do medo e os vetos ditados por interesses nacionalistas que ajudarão o seu progresso, nem a recuperação económica por si só poderá garantir a sua segurança e estabilidade".
"As Bem-aventuranças, queridos amigos, são a Constituição perene do cristianismo", disse Francisco. "Vivê-las permite ao Evangelho ser sempre jovem e fecundar de esperança a sociedade. As Bem aventuranças são a bússola que orienta, em todas as latitudes, as rotas que os cristãos empreendem na viagem da vida".
"Precisamente daqui, onde se encontram Europa e Oriente, começou a primeira grande inculturação do Evangelho no continente, sendo com profunda emoção que percorro os passos dos grandes missionários das origens, em particular de são Paulo, são Barnabé e são Marcos. Aqui estou peregrino entre vós para caminhar convosco, queridos cipriotas; com todos vós, no desejo de que a boa nova do Evangelho daqui leve uma mensagem feliz à Europa sob o signo das Bem-aventuranças", concluiu o papa.
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