ROMA, Dec 9, 2021 / 09:36 am
O Vicariato Apostólico da Arábia do Norte, que tem jurisdição sobre Bahrein, Catar, Kuwait e Arábia Saudita, tem cerca de 2,5 milhões de católicos, em sua maioria trabalhadores migrantes de várias nacionalidades.
Para dar-lhes uma maior atenção pastoral, dom Camillo Ballin, que morreu em 2020, deu início à construção de uma catedral dedicada a Nossa Senhora da Arábia, padroeira dos países do golfo Pérsico.
A catedral de Nossa Senhora da Arábia, na cidade de Awali, Bahrein, será consagrada no dia 10 de dezembro pelo cardeal Luis Antonio Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos; junto com o arcebispo Eugene Nugent, núncio apostólico no Kuwait e Bahrein, e dom Paul Hinder, administrador apostólico da Arábia do Norte desde a morte de dom Ballin em maio de 2020.
A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, uma das promotoras do projeto, informou que no dia 9 de dezembro, um dia antes da consagração, o rei do Bahrein, Hamad Bin Isa bin Saman Al Khalifa, inaugurará o complexo. O rei foi um dos fomentadores do projeto e doou o terreno de 9 mil metros quadrados.
O padre Saji Thomas, responsável pelo projeto e pároco da nova catedral, disse que "o povo está muito feliz e animado esperando por aquele momento histórico da inauguração e bênção da catedral. Mas sentimos muita falta do nosso bispo Camillo Ballin".
Para o padre, a catedral é "um exemplo paradigmático da harmonia religiosa e da tolerância do reino do Bahrein e um grande exemplo de convivência pacífica para o mundo".
Regina Lynch, diretora de projetos ACN, afirmou que "a construção da nova catedral marca um grande avanço nas relações Igreja-Estado, é também um testemunho do aumento do número de católicos na região. A ACN apoiou este importante projeto para os cristãos da Península Arábica em diferentes fases. Até agora, apenas cinco igrejas formalmente estabelecidas atendem às 880 mil milhas quadradas que constituem o vicariato". Na Arábia Saudita, um dos países incluído no vicariato, não há uma única igreja para servir os quase 1,5 milhão de católicos.
A primeira pedra da catedral foi lançada em 31 de maio de 2014 por dom Ballin que, segundo Lynch, "compartilhará a alegria do céu".
A ACN destaca que até agora o Bahrein tinha apenas uma igreja na capital e uma pequena capela nos subúrbios. Para os cerca de 90 mil católicos que vivem no país, era preciso celebrar mais de 25 missas de sexta a domingo e a igreja ficava lotada.
O padre Saji disse que existe uma grande população flutuante no Bahrein, "que vem e vai por motivos de trabalho. Temos uma comunidade muito internacional aqui, principalmente da Índia, Filipinas, Paquistão, Sri Lanka, Líbano, Palestina, Jordânia, mas também de muitos países da América Latina e África. Quanto aos ritos, temos latim, siro-malabar, siro-malankara, maronita, copta, etc.". A catedral também poderá ser usada por outras denominações cristãs no Golfo Pérsico.
Lynch também destacou que "em toda a península arábica, mas particularmente na Arábia Saudita, a prática pública do cristianismo é severamente restrita e limitada aos terrenos de embaixadas estrangeiras e residências privadas. Por isso muitos dos cristãos que vivem neste país vão ao Bahrein - um país fronteiriço - para receber os sacramentos e viver a fé em comunidade".
A diretora de projetos da ACN também falou sobre a vida difícil dos cristãos do Bahrein, "não por causa do governo, mas porque deixaram o seu próprio país, as suas famílias e amigos. Muitos estão sozinhos. Por isso sofrem muito e precisam de uma formação espiritual especial que os ajude a continuar sendo o que são, senão se perderão".
O padre Saji disse à ACN que "a Catedral de Awali tem capacidade para 2,3 mil pessoas sentadas, duas capelas e dois grandes salões com espaço para confissões. Estruturalmente, a forma da catedral assemelha-se a uma tenda na qual, segundo o Antigo Testamento, o profeta Moisés encontrava o seu povo".
Numa das capelas encontra-se a imagem da padroeira do Vicariato Apostólico da Arábia do Norte: Nossa Senhora da Arábia, a Virgem Maria coroada com um rosário e o Menino Jesus.
No novo complexo, junto à catedral, também ficará a sede do Vicariato Apostólico da Arábia do Norte, criado em agosto de 2012.
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