Vaticano, Dec 14, 2021 / 09:46 am
"Toda pessoa humana é preciosa, tem um valor que não depende do que tem ou de suas habilidades, mas do simples fato de que é pessoa, imagem de Deus", disse o papa Francisco ontem na audiência que concedeu na Aula Paulo VI aos membros do Instituto Seráfico de Assis, por ocasião do 150º aniversário da sua fundação. O instituto promove e desenvolve atividades de reabilitação, psicopedagógicas e de saúde para crianças e jovens com deficiência física e intelectual.
O papa destacou que "se a deficiência ou doença torna a vida mais difícil, esta vida não é menos digna de ser vivida, e vivida em plenitude. Afinal, quem entre nós não tem limites e não enfrenta, mais cedo ou mais tarde, limitações, inclusive graves?"
"A vida é sempre bela, mesmo com poucos recursos. Às vezes sabe como surpreender. Sei que seus filhos podem fazer muitas coisas tornando-se pequenos artistas do teatro, da rádio ou da pintura. Seu sorriso compensa qualquer esforço".
Para o papa, "é importante ver a pessoa deficiente como um de nós, que deve estar no centro de nossos cuidados e preocupações, e também no centro da atenção de todos e da política. É um objetivo de civilização. Ao adotar esse princípio, percebe-se que a pessoa com deficiência não só recebe, mas também dá".
O papa destacou que cuidar das pessoas com deficiência "não é um gesto unilateral, mas uma troca de dons. Os cristãos encontram no Evangelho do amor, penso na parábola do bom samaritano, uma razão a mais para tudo isso. Mas o princípio é válido para todos, inscrito como está na consciência, o que nos faz sentir nossa condição de unidade entre todos os seres humanos".
Francisco recordou também a visita que fez ao Instituto em 2013, em Assis, e lembrou o exemplo de são Francisco, que "se fez pobre, seguindo o exemplo de Jesus, a fim de estar totalmente do lado dos últimos. O seu abraço a um leproso contém o sentido de toda a sua vida. No seu testamento, ele diz que foi com aquele abraço que sua conversão começou. Ele viu Jesus naquelas pessoas doentes e marginalizadas. Ele se inclinou sobre suas feridas".
Ao fazê-lo, prosseguiu o papa, são Francisco "as colocou no centro da atenção da sociedade também naquela época tentada pela 'cultura do descarte' que concentra a riqueza nas mãos de poucos, enquanto muitos permanecem nas margens, vistos como um fardo, mal dignos de uma esmola".
"São Ludovico de Casoria, como verdadeiro franciscano, assimilou a mensagem do Seráfico Padre. Na sua criativa e generosa caridade, não pensou duas vezes quando, em peregrinação a Assis, rezando perante o Crucifixo, ouviu a sua voz que, com um triplo sim, confirmou a sua a sua inspiração de fundar um instituto dedicado aos cegos, surdos e mudos, categorias que na época careciam do apoio social necessário", disse o papa sobre a origem da instituição.
Francisco disse ainda que não só os pais e as pessoas de boa vontade devem ajudar as pessoas com deficiência, mas que "o Estado e a administração pública devem fazer a sua parte. Não é possível deixar sozinhas tantas famílias obrigadas a lutar para sustentar seus filhos em dificuldade, com a grande preocupação pelo futuro que os espera quando já não possam mais os acompanhar".
O papa destacou depois duas iniciativas do Instituto Seráfico: a Adoração Eucarística permanente, que foi suspensa por medo da pandemia de covid-19; e uma escola sócio-política para "estimular a sociedade a se repensar a partir do passado.
"Queridos irmãos e irmãs, sigam os passos dos santos. Que o seu trabalho tenha sempre o sabor e a alegria da missão. Cada sorriso de seus filhos será o sorriso de Deus para você. Abençoo vocês de coração e peço que rezem por mim".
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