22 de dezembro de 2024 Doar
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Bispo testemunha terror causado por Boko Haram na Nigéria

Dom Stephen Dami Mamza | Diocese de Yola, The Kukah Centre e Religious Freedom Institute (IRF).

O bispo de Yola, Nigéria, dom Stephen Dami Mamza, descreveu em um vídeo a situação vivida por seus compatriotas, especialmente os cristãos, com a perseguição e violência praticadas pelos terroristas islâmicos de Boko Haram.

"É difícil saber se há alguma família que não tenha perdido pelo menos uma pessoa. Até eu perdi meu irmão mais velho que morreu na guerra e meus primos e depois meus tios. Assim, quase todos foram afetados de uma forma ou de outra", disse o bispo em um vídeo feito pela diocese nigeriana de Yola, The Kukah Centre e Religious Freedom Institute (IRF). 

A Nigéria luta contra a insegurança desde 2009, quando o grupo radical muçulmano Boko Haram começou uma luta armada para transformar a nação mais populosa da África em Estado islâmico.

Em um relatório de setembro de 2021, a Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety) revelou que 4,4 mil cristãos na Nigéria foram mortos. Pelo menos 20 padres e pastores foram mortos ou sequestrados.

Desde o início da violência, dom Dami Mamza, uma das figuras cristãs mais importantes do nordeste da Nigéria, trabalha pelos deslocados, tanto muçulmanos quanto cristãos.

Em novembro de 2021, o bispo deu sua opinião sobre a escalada da violência contra os cristãos na diocese de Yola, que fica no nordeste da Nigéria.

"Posso dizer que quase metade da minha diocese estava sob ocupação de membros do Boko Haram. No auge da insurgência, muitas pessoas vieram para a diocese de Yola, para a própria Yola, em busca de refúgio porque foram expulsas de suas comunidades", disse ele.

Dami Mamza relatou que em 2016, "um bom número de deslocados internos começou a se retirar" para sua diocese. "Tivemos que apoiá-los para que voltassem para suas casas, mas infelizmente, antes de voltarem, suas casas já estavam destruídas, e depois havia minas terrestres em suas fazendas, inclusive em suas casas", lamentou.

O bispo de Yola garantiu que ver isso "não foi fácil".

"Alguns deles tiveram que voltar porque não tinham mais nada. Eles não tinham comida, não tinham abrigo. Então, eles tiveram que voltar, tivemos que reintegrá-los. Muitas pessoas ficaram traumatizadas e muitas pessoas também morreram", disse ele.

Sobre o aumento da violência contra os cristãos na Nigéria

Dom Dami Mamza assegurou na entrevista que "a atual violência de Boko Haram, Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP), os criminosos, todos eles agora se unem para usar a violência, especialmente contra os cristãos".

Os fulani, grupo étnico majoritariamente muçulmano, ataca especificamente aldeias e templos cristãos.

O bispo descartou que a violência dos fulani, que se dedicam basicamente à criação de bois, contra os cristãos, em sua maioria agricultores, se baseie em disputas econômicas. "Os pastores, posso dizer, estão sob a cobertura do Islã. E se é apenas um conflito de recursos, por que eles sairiam à noite para invadir uma casa e matar todos os membros de sua família?"

Dom Dami Mamza disse que "esta não é uma crise de agricultores e pastores", já que você pode "estar dormindo na sua casa, nem sequer estar em sua fazenda, mas alguém entrará em sua casa e depois matará você e queimará a sua casa".

"Isso não é um conflito entre agricultores e pastores, qual é a economia aí? É porque são cristãos", reiterou.

O bispo de Yola também falou sobre a retirada da Nigéria da lista dos EUA de países de especial preocupação pela violência e perseguição que afetam grupos religiosos.

A ação do Departamento de Estado do presidente Joe Biden foi descrita como "inexplicável" pela Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), uma entidade independente e bipartidária do governo federal que declarou estar "chocada" com a decisão.

Dom Dami Mamza disse que "o que gostaríamos de ouvir agora dos Estados Unidos é que nos expliquem" por quê, e que forneçam "os dados" nos quais a decisão foi baseada.

"Em que a Nigéria se diferencia da Nigéria de dois anos atrás? Porque nós, que moramos na Nigéria, continuamos sentindo e experimentando o que diz respeito à discriminação, o que diz respeito à perseguição dos cristãos".

"O secretário de Estado não nos procurou nem fez perguntas. Não interagimos e, de repente, ouvimos que a Nigéria foi removida da lista. Acho isso realmente desanimador e todos os cristãos na Nigéria se sentem muito mal com isso", disse ele.

Dom Dami Mamza disse que "não pode ser simplesmente retirada da lista sem dar explicações".

Sobre as ações do governo nigeriano para acabar com a violência e perseguição contra os cristãos, o bispo de Yala disse que atualmente "estamos experimentando mais violência do que nunca, especialmente sob esta administração de Muhammadu Buhari".

"Acho que este é o pior governo que tivemos neste país", destacou.

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Por fim, o bispo nigeriano se dirigiu aos católicos de todo o mundo para pedir-lhes que "os apoiem com suas orações".

"Queremos que rezem por nós, porque vivemos em uma situação muito, muito difícil. Sem as suas orações, provavelmente não poderemos sobreviver. De qualquer maneira, que possam nos apoiar para fortalecer a nossa fé, para que nossa fé não fracasse, estaremos muito, muito agradecidos e Deus definitivamente os abençoará. Estamos prontos para morrer por nossa fé", concluiu.

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