27 de novembro de 2024 Doar
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Governo da Índia despeja orfanato da ordem de santa Teresa de Calcutá

Imagem ilustrativa | Wimedia Commons / Tania Rego (CC BY 3.0 BR).

O governo da Índia ordenou às irmãs da Congregação das Missionárias da Caridade, fundada por santa Teresa de Calcutá, que deixem um orfanato onde acolhem e cuidam de crianças órfãs há 53 anos.

As Missionárias da Caridade atendem crianças abandonadas em mais de 240 orfanatos na Índia.

Asia News, agência católica de notícias da Ásia, informou que em 3 de janeiro as Missionárias da Caridade foram forçadas a suspender suas atividades e deixar o orfanato de Shishu Bhawan, por ordem do Escritório de Propriedades do Ministério da Defesa da Índia.

O orfanato das Missionárias da Caridade foi construído em um terreno doado a elas em 1968 por um indivíduo que apoiava o trabalho de caridade e que comprou a propriedade. A concessão dada às missionárias expirou em 2019. A secretaria do Ministério da Defesa que administra os bens do Estado não quer renovar a concessão do terreno à congregação. Também cobra das freiras uma multa de 20 milhões de rúpias (Cerca de US$ 269 mil) pelo uso da estrutura nos últimos dois anos.

As Missionárias da Caridade decidiram não tomar medidas legais para resistir à decisão do Ministério do Interior da Índia e entregaram a estrutura ao Estado, informou Asia News.

A congregação vive na incerteza desde 25 de dezembro, quando o governo da Índia não renovou a licença da congregação para receber fundos estrangeiros.

O Ministério do Interior alega que a congregação não cumpre com "as condições de elegibilidade", visto que "algumas contribuições adversas foram notadas", e não deu maiores detalhes sobre o caso.

As religiosas pediram aos seus centros que não operassem nenhuma conta com moeda estrangeira até que o problema da renovação da licença seja resolvido.

O Fórum Católico Indiano, mais antiga organização de leigos cattólicos do país, criticou a medida tomada pelo governo. Afirmou que isso afetará milhares de famílias pobres que foram e são beneficiadas pelo orfanato.

"Nos últimos 53 anos, o Shishu Bhawan de Kanpur acolheu e ajudou a garantir a adoção de 1,5 mil crianças de acordo com as regras da lei. Também ofereceu ajuda a milhares de outras pessoas pobres, como leprosos, mães abandonadas, filhos de migrantes que trabalham em canteiros de obra", disse o fórum.

"O Escritório do Estado parece não estar disposto a ver o serviço desinteressado que as irmãs oferecem aos necessitados, independentemente de sua casta ou credo", disse. "As últimas 11 crianças que permaneceram nas instalações foram transferidas para o Shishu Bhawan nas cidades de Allahabad, Varanasi, Bareilly e Meerut".

O fórum também se referiu às "1,5 mil famílias que adotaram crianças deste centro", e disse que para elas "esta estrutura era como uma 'Nanihal' (casa da avó), enquanto para os órfãos que cresceram lá e agora estão casados, o Shishu Bhawan era a casa da família".

Em declarações a AsiaNews, o bispo de Lucknow, na Índia, dom Gerald Mathias, criticou as autoridades indianas.

"Estou profundamente entristecido por esta notícia. Se quisessem, a concessão com certeza poderia ter sido renovada, já que as irmãs cuidavam dos órfãos e abandonados, servindo aos mais pobres dos pobres", disse.

"Apesar da fama internacional de Madre Teresa, nem o governo nem o exército mostraram compreensão ou apoio a esta instalação e ficaram felizes em despejá-la", acrescentou.

O bispo também disse que o despejo se soma a uma série de ataques recentes contra as Missionárias da Caridade, entre os quais um processo judicial contra as freiras que dirigem um orfanato para meninas em Makarpura, estado de Gujarat.

Um grupo de nacionalistas hindus acusou as freiras de "ofender os sentimentos religiosos hindus" e de realizar "conversões forçadas" das meninas do orfanato.

"Nos últimos tempos, as Missionárias da Caridade foram atacadas em Gujarat e Jharkhand; depois veio a revogação da licença para doações do exterior: todos estes episódios apontam a um caminho perigoso, atacam os cristãos porque são uma comunidade pacífica, só podemos esperar que o bom senso prevaleça e que a situação melhore", concluiu.

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