20 de dezembro de 2024 Doar
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Papa fala de abuso sexual, dissolução do casamento e sínodo à Congregação para a Doutrina da Fé

Papa Francisco | Daniel Ibáñez (ACI)

O papa Francisco falou sobre a necessidade de discernimento em três questões que afetam a Igreja hoje: os abusos sexuais por parte do clero, a dissolução de casamentos e o caminho sinodal.

Discursando hoje, 21 de janeiro, aos participantes da assembleia plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, o dicastério da Igreja que tem como uma de suas funções lidar com acusações de abusos perpetrados por membros do clero, o papa disse que a Igreja já está progredindo nesse caminho para tornar a "ação judicial mais incisiva".

"O exercício do discernimento encontra uma aplicação necessária na luta contra abusos de todo tipo", destacou Francisco.

"A Igreja, com a ajuda de Deus, leva adiante com determinação seu compromisso de fazer justiça às vítimas de abusos por parte de seus membros, aplicando com especial cuidado e rigor a legislação canônica prevista", disse o papa. "Nesse sentido, recentemente procedi à atualização das normas sobre crimes reservados à Congregação para a Doutrina da Fé, com o desejo de tornar a ação judicial mais incisiva. Isto por si só não pode ser suficiente para conter o fenômeno, mas é um passo necessário para restabelecer a justiça, reparar o escândalo e emendar o réu".

O papa disse depois que outro campo importante para o discernimento é o da "a dissolução do vínculo matrimonial in favorem fidei" (em favor da fé).

"Quando, em virtude do poder petrino, a Igreja concede a dissolução de um vínculo matrimonial não-sacramental, não se trata apenas de pôr um fim canônico a um casamento, que já falhou de fato, mas, na realidade, através desse ato eminentemente pastoral, pretendo sempre favorecer a fé católica - in favorem fidei! - na nova união e na família, da qual este novo casamento será o núcleo", disse o papa.

O papa Francisco falou também sobre a importância do discernimento no processo sinodal, o caminho começado na Igreja em todo o mundo em outubro de 2021 e que terminará com o Sínodo da Sinodalidade no Vaticano em 2023.

"Qualquer um pode pensar que o caminho sinodal é ouvir a todos, fazer uma pesquisa e dar os resultados. Tantos votos, tantos votos, tantos votos... Não."

O papa explicou que "um caminho sinodal sem discernimento não é um caminho sinodal. É necessário discernir continuamente opiniões, pontos de vista e reflexões. Não se pode percorrer o caminho sinodal sem discernir".

"Esse discernimento é o que fará do Sínodo um verdadeiro Sínodo, no qual - digamos – o personagem mais importante é o Espírito Santo, e não um parlamento ou uma pesquisa de opiniões que a mídia possa realizar."

Em seu discurso, o papa Francisco refletiu sobre três palavras: dignidade, discernimento e fé.

"A dignidade de cada ser humano tem um caráter intrínseco e é válida desde o momento da concepção até a morte natural", disse Francisco.

 O papa destacou a importância de reconhecer a dignidade em todas as pessoas, para vencer "a tentação de considerar o outro como um estranho ou um inimigo, negando-lhe a real dignidade".

"A afirmação da dignidade é o pré-requisito inalienável para a proteção de uma existência pessoal e social, e também a condição necessária para que a fraternidade e a amizade social sejam realizadas entre todos os povos da Terra", disse Francisco.

"A Igreja, desde o início de sua missão sempre proclamou e promoveu o valor intangível da dignidade humana."

Sobre a fé, o papa Francisco disse que sem ela "a presença de crentes no mundo seria reduzida à de uma agência humanitária".

"A fé deve estar no coração da vida e da ação de todo batizado. E não uma fé genérica ou vaga, como se fosse um vinho aguado que perde valor, mas uma fé genuína e sincera, como o Senhor quer quando diz aos seus discípulos: 'Se tivessem fé como um grão de mostarda'" .

Citando seu próprio discurso à Cúria Romana de dezembro de 2017, o papa disse que "nunca devemos esquecer que uma fé que não nos põe em crise é uma fé em crise; uma fé que não nos faz crescer é uma fé que deve crescer; uma fé que não nos questiona é uma fé sobre a qual nos devemos questionar; uma fé que não nos anima é uma fé que deve ser animada; uma fé que não nos sacode é uma fé que deve ser sacudida".

"Não nos contentemos com uma fé morna e habitual. Colaboremos com o Espírito Santo e uns aos outros para que o fogo que Jesus trouxe ao mundo possa continuar aceso e incendiar o coração de todos", conclui o papa.

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