12 de dezembro de 2024 Doar
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Aumentar impostos seria intolerável, diz cardeal do Líbano

Imagem ilustrativa | Pixabay.

O patriarca da Igreja católica de rito maronita de Antioquia, cardeal Béchara Boutros Raï, criticou que em meio à "crise devastadora" que o Líbano enfrenta, o governo pretenda impor novos impostos aos libaneses no plano orçamentário anual 2022.

No domingo, 23 de janeiro, durante a celebração da missa dominical, o cardeal criticou o possível aumento de impostos aos libanesesa, pois afirmou que agravaria a crise e a pobreza no país.

"Na grave fase que o país atravessa, um aumento de impostos só teria o efeito de tornar irreversível o colapso econômico do Líbano, empobrecendo ainda mais as famílias e afetando as atividades produtivas", disse o patriarca em sua homilia.

Para o cardeal, embora o aumento de impostos seja "compreensível e tolerável em fases de recuperação e crescimento econômico", torna-se "outro fator de injustiça e sofrimento" para o povo do Líbano, "que luta contra uma crise devastadora", que está levando a maioria "abaixo da linha da pobreza", diz a agência Fides, serviço noticioso das Obras Missionárias Pontifícias.

O cardeal também falou que o "liberalismo econômico" foi o meio que garantiu o progresso do Líbano no passado, e disse que seu enfraquecimento trouxe repercussões graves na economia nacional atual.

"Desde a criação do Estado do Líbano, o liberalismo econômico tem sido o segredo da prosperidade, crescimento e progresso do Líbano, promovendo o crescimento do emprego e investimento financeiro em todos os setores", disse.

O liberalismo econômico gerou "oportunidades de trabalho e conexões entre a economia libanesa e a economia mundial antes do surgimento da globalização", acrescentou.

No entanto, "o colapso econômico do Líbano começou com o enfraquecimento do liberalismo libanês em suas dimensões econômicas e sociais", concluiu.

Segundo a constituição libanesa, o presidente do Líbano tem que ser um cristão maronita, , o primeiro-ministro, um muçulmano sunita, e o porta-voz da câmara, um muçulmano xiita.

Em 24 de janeiro, o Conselho de Ministros do Líbano, presidido pelo primeiro-ministro Najib Mikati, voltou a se reunir no palácio presidencial Baabda pela primeira vez após três meses de suspensão das reuniões.

Os ministros debateram sobretudo o orçamento anual. O projeto de orçamento, que, segundo Fides, foi "feito por Youssef Khalil, ministro das finanças politicamente ligado ao presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri", não tem grande apoio entre políticos e autoridades libanesas cristãs ou muçulmanas.

Em 23 de janeiro, o Hezbollah, organização islâmica xiita apoiada pelo Irã que tem um braço político e um braço paramilitar classificado como terrorista por vários países, disse que o projeto não era um bom presságio, criticou os aumentos de impostos propostos e disse que não poderia o apoiar, segundo a agência de notícias Reuters.

O Movimento Patriótico Livre, partido cristão fundado pelo presidente libanês Michel Aoun, opôs-se a um artigo do projeto de orçamento que dá ao Ministro das Finanças o poder de fixar a taxa de câmbio, informou a Reuters.

Há dois anos, o Líbano enfrenta uma das mais agudas crises econômicas do mundo, com forte desvalorização da libra libanesa e hiperinflação, que está próxima de 150% por mês.

A situação piorou pelas medidas impostas para combater a pandemia de covid-19 e por causa da explosão no porto de Beirute, que, em 4 de agosto de 2020, matou mais de 200 pessoas. Grande parte da cidade de Beirute ficou destruída, após a explosão de um armazém contendo 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio, localizado no porto local.

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